Depois do seu
homónimo álbum de estreia (lançado em 2019 e aqui revisto) e do segundo ‘Rebirth’
(lançado em 2021 e aqui examinado), o potente power-trio Madmess
– uma das bandas portuguesas mais excitantes da actualidade com presença
habitual em alguns dos mais importantes festivais europeus – lança agora o seu
muito aguardado terceiro álbum de estúdio denominado ‘The Third Coming’
e editado através da parceria entre as companhias discográficas Gig.Rocks!
(responsável pela distribuição em solo português), Kozmik Artifactz
(responsável pela distribuição na Alemanha e restantes países europeus) e a Glory
or Death Records (responsável pela distribuição em território norte-americano)
nos formatos LP (este ultra-limitado a uma apelativa primeira prensagem de
apenas 300 cópias disponíveis) e digital. Locomovido por um electrizante, fibroso,
rugoso e intoxicante Heavy Psych de alta voltagem, torneado e apimentado
balanço Blues, passageira nebulosidade divina, astral e intimista, e uma
indiscreta tracção setentista que homenageia dinossauros nipónicos como Blues
Creation, Samurai, Flower Travellin' Band e Speed, Glue
& Shinki, e partilha a genética de bandas contemporâneas como Earthless,
Petyr, Elder, Joy, Lecherous Gaze, Danava e Witch,
este novo álbum de Madmess tem o dom de centrifugar o cosmos e disparar
o ouvinte numa enlouquecedora, vertiginosa e transformadora odisseia galáctica,
driblando o abraço gravitacional de massivos planetas estacionados na solitária
noite cósmica, penetrando o empoeirado tecido de fantasmagóricas nebulosas que
vagueiam pela vacuidade sideral, surfando os anéis de Saturno e escoando através
da garganta profunda de poderosos buracos negros que tudo engolem e distorcem. A sua fogosa,
venenosa, alucinógena e portentosa sonoridade de colorida pele camaleónica –
fervida a intensa combustão e electrificada a alta tensão – é esporeada e
vergastada em sónicas, frenéticas e apoteóticas galopadas de instrumentos em alucinada
debandada e acelerados a alta rotação, e ocasionalmente embriagada por etéreas,
anestésicas e contemplativas passagens de clima paradisíaco e instrumentos adormecidos
e compenetrados em sublimados diálogos. Um pêndulo que nos viaja da vulcânica
euforia à xamânica letargia. ‘The Third Coming’ é simultaneamente uma
injecção de adrenalina, outra de morfina e todo um mastodôntico tsunami
de endorfinas que nos invade a psique. O meu registo de eleição deste tridente natural
da cidade do Porto que hoje ostenta um invejável ponto de maturação.
Mergulhem, destemidamente, no olho deste impiedoso furacão que tudo varre à alucinante
boleia de uma estupenda guitarra – afogueada pela fritura do efeito Fuzz
e alcoolizada pelo delirante efeito Wah-Wah – que se manifesta em ciclónicos,
serpenteantes, empolgantes e titânicos riffs de onde esvoaçam orgásmicos,
ácidos, caleidoscópicos e prismáticos solos, um baixo pujante de bafo nervudo,
tenso, denso e sisudo, uma bateria relampejante, sísmica, bombástica e provocante de ritmos
altivos, buliçosos e propulsivos, e uma voz de carisma liderante e essência
espectral que ecoa por todas as regiões da infinidade espacial. Este é um álbum imensamente
sedutor, catártico e conquistador. Uma obra de beleza e destreza consumadas que
me prendera e ofuscara do primeiro ao derradeiro tema. Devo ainda estender as mais elogiosas apreciações ao fantástico, detalhado, caprichado e metafórico artwork –
superiormente ilustrado pela talentosa artista portuguesa Lory Cervi –
que me remete para a célebre cena do jogo de xadrez com a Morte no épico filme “Det
sjunde inseglet” (1957) do famoso realizador sueco Ingmar Bergman. ‘The
Third Coming’ é uma avalanche psicotrópica que nos persegue e alcança, um forte
sedativo que nos derrete e embevece, e um potente afrodisíaco que nos faz cravar
os dentes nos lábios e salivar compulsivamente. Um dos mais grandiosos álbuns
produzidos em 2025 está aqui, no vistoso, esfuziante e glorioso regresso de Madmess.
Inflamem-se e deleitem-se nele.
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