Está
finalmente lançado um dos álbuns por mim mais aguardados do ano. Depois do impactante
disco de estreia (review aqui) nascido em 2015, de designação
homónima e governado pela efervescente, intensa e electrizante combustão do Heavy
Psych, e do maravilhoso segundo trabalho intitulado ‘Waiting Room for
the Magic Hour’ (review aqui), datado de 2019, e velejado através de
mÃsticas, ensolaradas e paradisÃacas paisagens do Psychedelic Rock de afável
clima west-coast e coloridas pinceladas Progressivas, este
terceiro álbum de estúdio do talentoso quinteto Sacri Monti – residente
na cidade californiana de San Diego – combina o melhor dos dois mundos: um
deslumbrante, sensual, estival e empolgante Heavy Psych de contagiante
toxicidade e fresca fragância oceânica, e um majestoso, melódico, comovente e ostentoso
Progressive Rock de inspiração colhida nos dourados 70’s e com vista panorâmica
para a imensa noite cósmica onde pulsam e flamejam pálidos e solitários astros.
Carimbado com o selo da histórica companhia discográfica nova-iorquina Tee
Pee Records (com a qual a banda californiana reforça o seu vÃnculo
contractual) e lançado sob a forma fÃsica de LP, ‘Retrieval’ causa no
ouvinte o mesmo efeito de um revitalizante mergulho nas frescas águas do mar durante
um dia abafado e de pele bronzeada e banhada em suor. Um monolÃtico tsunami de
endorfinas que nos engole, revolve e desagua nas radiosas, virgens e milagrosas
praias do paraÃso. Um sumarento refresco de verão, degustado com os pés
soterrados nas aveludadas e amarelecidas areias das dunas e olhos arremessados na
vertiginosa direcção do inalcançável firmamento pelágico onde um reluzente Sol
de raios crepusculares se debruça e desmaia. Surfado por uma sonoridade enfeitiçante,
sinuosa, lustrosa e apaixonante, ‘Retrieval’ presenteia e prazenteia o
ouvinte com veneráveis composições que tanto o inflamam e euforizam com rodopiantes,
sónicas e estonteantes galopadas espicaçadas por um abrasivo chicote em chamas,
como o enternecem e anestesiam com onÃricas, extasiantes e proféticas passagens
arejadas e climatizadas pela reflexiva lisergia. Com excepção do breve, misterioso e introspectivo “Moon Canyon” que é leve e ociosamente tricotado por
guitarras uivantes e um teclado de mugidos intrigantes debaixo da alvacenta luz
do luar, todos os restantes temas se envolvem num luxurioso, desavergonhado e aparatoso
flirt entre o delirante Psychedelic Rock e o enleante Progressive
Rock, levado a cabo por duas guitarras vistosas que se cruzam na ascensão e orientação de épicos, formosos, titânicos, e faustosos riffs capazes de tocar os céus e fazer estremecer o próprio Poseidon, e descruzam no alucinante serpenteio de afrodisÃacos,
ácidos, translúcidos e ofuscantes solos em debandada, um murmurante baixo de linhas possantes,
elásticas, movediças e magnetizantes, um romanesco teclado de divinais, imersivos,
polposos e gloriosos coros celestiais, uma extraordinária bateria – de elevada fineza
jazzÃstica – superiormente locomovida a acrobáticos, expressivos e enfáticos desembaraços
de uma destreza atordoante, e uma voz liderante, harmoniosa, assanhada e rugosa
que capitaneia de forma triunfante esta destemida nau pela dramática fúria dos mares. ‘Retrieval’
é um álbum verdadeiramente sentimental, sofisticado e magistral, de dimensão colossal, que transmite poderosas sensações e irradia douradas vibrações. Um
registo que conjuga a simplicidade e a complexidade, a ternura e a bravura, a
serenidade e a impetuosidade. Um dos mais grandiosos álbuns do ano está aqui, no
tão ansiado regresso de uma das minhas bandas favoritas. Mal posso esperar por experienciar ao vivo todo o seu epopeico esplendor na iminente 12ª edição do festival SonicBlast calendarizada para a
semana que se segue.
Links:
➥ Facebook
➥ Instagram
➥ YouTube
➥ Tee Pee Records
Sem comentários:
Enviar um comentário