domingo, 29 de agosto de 2021
sábado, 28 de agosto de 2021
sexta-feira, 27 de agosto de 2021
Review: ⚡ Ouzo Bazooka - 'Dalya' (2021) ⚡
Da cidade costeira
de Tel Aviv chega-nos o novíssimo álbum do apaixonante quinteto
israelita Ouzo Bazooka, intitulado de ‘Dalya’ e lançado
hoje mesmo pela mão do selo discográfico britânico Stolen Body Records sob
a forma física de CD e vinil (este último tripartido em coloridas e limitadas edições).
À imagem do que acontece com os seus registos precedentes, ‘Dalya’
convida o ouvinte a embarcar numa catártica digressão à boleia de um tapete
mágico pelos amarelecidos céus da velha Pérsia. Tricotado e capitaneado por um enfeitiçante,
exótico, afrodisíaco e dançante Psychedelic Rock de paisagens Western,
cores vibrantes e doces aromas orientais, este quinto trabalho de longa duração
celebrado pelos druidas Ouzo Bazooka tem o dom de nos deleitar e embalar
numa vertiginosa, caleidoscópica, utópica e espirituosa alucinação. Embrenhados numa
intensa fascinação que nos prende com a mesma força gravitacional com que a ondeante
flauta indiana exerce sobre a serpente Naja, somos redemoinhados numa
sagrada dança de pés empoeirados pelas bronzeadas areias do deserto, braços
hasteados na direcção do Sol reluzente e espírito eclipsado por um intenso
transe religioso. A sua sonoridade imensamente transformadora, ritualista e
emancipadora é rubricada a erótica simbiose por duas vozes messiânicas de
tonalidade luminosa que se entrelaçam e desenlaçam, uma guitarra sultana de sinuosos,
pomposos e enfeitiçantes Riffs de onde ziguezagueiam encaracolados,
borbulhantes e extravagantes solos, um baixo bafejante de linhas pulsantes, elásticas
e magnetizantes, um melódico sintetizador que nebuliza toda a atmosfera de um
obscurantismo quimérico e estelar, uma estimulante bateria de batida galopante,
expressiva e hipnotizante, e ainda uma percussão acrobática de essência
tribal e calor tropical. ‘Dalya’ é um álbum verdadeiramente sedutor, refrescante e purificador que, de
forma pronta e sem inibições, nos converte em seus devotos peregrinos. Um grande bazaar
sonoro de vibrante, prismática, mística e deslumbrante coloração, saturada a étnico
psicadelismo, onde nos perdemos, arrebatamos e naufragamos. Um genuíno oásis
sensorial onde todos os nossos sentidos se afagam e reconfortam. Inalem os terapêuticos
vapores deste turíbulo dançarino e experienciem um dos registos mais excitantes
do ano. Não vai ser nada fácil – ou sequer desejado – convencer o génio a regressar
ao interior da lâmpada mágica.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ Stolen Body Records
quinta-feira, 26 de agosto de 2021
terça-feira, 24 de agosto de 2021
segunda-feira, 23 de agosto de 2021
domingo, 22 de agosto de 2021
sábado, 21 de agosto de 2021
sexta-feira, 20 de agosto de 2021
quinta-feira, 19 de agosto de 2021
quarta-feira, 18 de agosto de 2021
terça-feira, 17 de agosto de 2021
segunda-feira, 16 de agosto de 2021
Review: ⚡ Brian Ellis - 'Quipu' (2011/2021) ⚡
Na celebração do 10º
aniversário de ‘Quipu’ – espirituoso álbum a solo do
talentoso multi-instrumentista californiano Brian Ellis (Astra, Psicomagia, Brian Ellis Group e Birth) gravado em 2008
e lançado em 2011 – o produtivo selo discográfico peruano Necio Records desenterrara
e reanimara este exótico tesouro sonoro, reeditando-o pela primeira vez em formato
vinil (através de uma irresistível e ultra-limitada edição em disco duplo, de
coloração alaranjada, que caminha a passos largos para o status de
raridade). Este sumarento cocktail de ritmo tropical vem aromatizado e
açucarado por um aventuroso, magnetizante, provocante e virtuoso Jazz Fusion
de ambiência espiritual, um camaleónico, colorido, divertido e caleidoscópico Psychedelic
Rock de clima Funky, um sinuoso, experimental, divinal e
luxuoso Progressive Rock de sotaque Zeuhl (linguagem
musical criada por Christian Vander, baterista e fundador da sui
generis banda francesa Magma) e ainda um lenitivo, arejado, espaçado
e introspectivo Space Rock salpicado de poeira estelar. A sua sonoridade
mística, expressiva, criativa e carnavalesca – norteada por prestigiadas
referências como Miles Davis, Herbie Hancock, Frank Zappa,
YES, Soft Machine e Mahavishnu Orchestra – recosta o
ouvinte num imperturbável estádio de transbordante encantamento que o climatiza e
eteriza do primeiro ao derradeiro tema. São 60 minutos de um estonteante safari
pelas arborizadas selvas de um infindável Cosmos farolizado por chamejantes
pirilampos e pincelado a cores vibrantes. Nesta obra-prima enxertada por variados estilos musicais encontramos todo um indomesticável experimentalismo sónico onde a vívida bizarria electrónica convive de perto com imersivos arranjos melódicos. Contando com o druida Brian Ellis nos
comandos de uma guitarra profética que desenha Riffs estivais, hipnóticos,
estéticos e cerebrais, e vomita solos ziguezagueantes, alucinados, encaracolados
e borbulhantes de intoxicante efervescência, um baixo sombreado de reverberação
palpitante, fluída, oleada e aliciante, um trompete esquizofrénico de sopros gritantes,
ferozes, velozes e mirabolantes, alienígenas sintetizadores analógicos de enfeitiçante
majestosidade celestial e uma voz senhorial que naufraga por entre a agitada ondulação instrumental
do último tema em tributo aos supracitados Magma, e o seu sagaz companheiro David Hurley (baterista de Astra) ao
serviço de uma jazzística ritmicidade de calor latino, suor afrodisíaco
e um pendor tribalista, acrobático, enfático e ritualista, ‘Quipu’
representa todo um complexo puzzle de composições verdadeiramente geniais
que nos inundam todos os canais erógenos. De arremessar ainda elogiosas palavras
ao artwork de feições mitológicas que é rubricado a duas mãos pela
parceria Jessica Planter e Sean Painter. Este é um álbum
sublimemente quimérico, fabular e onírico que embala o ouvinte numa etérea
viagem a três dimensões. Um registo de contornos épicos, aureolado por um
brilho mirífico, de fragância oceânica e natureza xamânica que nos enternece e endoidece sem moderação. Deixem-se
glorificar por este transformador ritual de navegação orquestral, e alcancem o
tão almejado nirvana sensorial. Este é um disco "perdido" que merece ser
encontrado, comungado e consequentemente reverenciado. Percam-se e encontrem-se neste labirinto de afago mental e dilatação consciencial.
Links:
➥ Bandcamp
➥ Necio Records
sexta-feira, 13 de agosto de 2021
quinta-feira, 12 de agosto de 2021
quarta-feira, 11 de agosto de 2021
segunda-feira, 9 de agosto de 2021
Review: ⚡ Monobrow - 'A Decorative Piece of Time' (2021) ⚡
O possante power-trio
canadiano Monobrow está de regresso com o lançamento do seu quinto álbum
denominado ‘A Decorative Piece of Time’ e
que fora muito recentemente lançado em formato digital e ainda sob a forma física
de vinil pela mão da Trill Or Be Trilled Records. Capitaneado por um viajante,
místico, estético, ritualístico e delirante Psychedelic Rock de revitalizante
frescura astral, fibrado, inflamado e enegrecido por um chamejante, tumultuoso,
rochoso, trevoso e impactante Stoner Doom de asfixiante clima infernal, este
novíssimo registo de longa duração – forjado pela turma sediada na metrópole de
Ottawa (Ontário, Canadá) – ricocheteia numa alternância de
contrastados estados de espírito. Atrelados a um constante pêndulo que tanto
nos anestesia, descontrai e arremessa para o interior da boca de um Cosmos despovoado,
soturno e enregelado, dissolvendo-nos e naufragando o nosso corpo
insensibilizado numa nebulosa e morfínica narcose, como nos mergulha no borbulhante
caldeirão de um furioso vulcão em monstruosa erupção que nos sobreaquece de selvática
e estonteante adrenalina, somos facilmente enfeitiçados e prontamente gravitados
em órbita de Monobrow. Na génese desta sagrada propulsão que nos
catapulta tão para lá do lado eclipsado da Lua, perfurando fantasmagóricas
nébulas e driblando o abraço gravitacional dos astros que se desenterram do
negro solo e revelam no firmamento, está uma guitarra mastodôntica de imperiosos,
deslumbrantes, exuberantes e gloriosos Riffs e esvoaçantes, ácidos,
alucinógenos e electrizantes solos, um magnético baixo de arquejo fibroso, pulsante,
ondeante e umbroso, uma bateria palpitante a galope de uma ritmicidade vergastada
e pontapeada a ardente e enlouquecedora pujança, um sintetizador de aroma celestial
que asperge de um experimentalismo alienígena toda esta sulfurosa atmosfera, e
ainda um lúgubre saxofone de sopros sedosos, sinuosos e melancólicos que ecoa
pela brumosa madrugada do álbum. De destacar ainda o singular artwork de
créditos autorais apontados à Task at Hand Illustration and Design que
traduzira toda a fantástica heterogeneidade sonora de Monobrow para a
linguagem visual. ‘A Decorative Piece of Time’ é um registo de
essência altamente intoxicante que nos seduz e conduz aos abismos de uma
turbulenta introspecção. Um disco de contornos dominantes que nos sombreia e
mareia pela colérica ondulação de um Cosmos hostil. Apertem bem os cintos,
respirem fundo e embarquem nesta camaleónica, sónica e acrobática montanha-russa
que vos embaciará a lucidez, rasgará as vestes da sanidade mental e desaparafusará a
consciência num poderoso vórtice de sucção espacial.
domingo, 8 de agosto de 2021
quinta-feira, 5 de agosto de 2021
terça-feira, 3 de agosto de 2021
Review: ⚡ Acid Rooster - 'Irrlichter' EP (2021) ⚡
Depois da
imersiva experiência gravada ao vivo ‘Live at Desi’ (aqui vertida
em palavras) e do seu auto-intitulado álbum de estreia ‘Acid Rooster’
(aqui escalpelizado e aqui devidamente medalhado como um dos
melhores registos de 2019), este adorável power-trio enraizado na cidade
alemã de Leipzig regressa agora com o seu novíssimo EP denominado ‘Irrlichter’
e exteriorizado tanto em formato digital, como numa ultra-limitada e entretanto
já esgotada edição em formato físico de vinil pela mão da parceria discográfica
que combina a Cardinal Fuzz (responsável pela distribuição no Reino
Unido), a Little Cloud Recordings (responsável pela distribuição nos
Estados Unidos) e ainda a Sunhair Music (editora responsável pela distribuição
em território europeu). Norteado por um absorvente, magnético, estético e
concupiscente Krautrock de satélites apontados a referências seminais do
género como Can e Neu!, um exótico, delirante, inebriante e
caleidoscópico Psychedelic Rock de elevada toxicidade, e ainda um meditativo,
arejado, espaçado e lenitivo Space Rock com vista panorâmica para a
noite sideral, este viajante, camaleónico e estimulante ‘Irrlichter’
é povoado por quatro temas desiguais que estreitam relações entre a narcótica dormência
e a vulcânica efervescência, a ritualística serenidade e a catártica
explosividade. São 23 minutos ensopados em colorido ácido lisérgico que nos dilata
as pupilas e emancipa a consciência num vertiginoso e aventuroso mergulho pelas
infindáveis profundezas do oceano cósmico. Embarquem nesta fantástica odisseia de
rota brilhantemente delineada pelos germânicos Acid Rooster, e envolvam-se
numa perpétua dança gravitacional em torno dos corpos de uma guitarra
alucinógena de Riffs pérsicos, místicos e narcotizantes, onde descarrilam
deambulantes, sónicos e electrizantes solos gritados e desdobrados numa
enlouquecedora espiral, um baixo vistosamente Krauty de pulso ondeante, inchado e hipnotizante,
uma bateria jazzística – com ocasionais batidas Motorik – de
ritmicidade palpitante, abrasiva e galopante, e um sintetizador alienígena de
feitiçaria electrónica e nebulosidade astral que se adensa num enigmático
experimentalismo. Como instrumento convidado surge ainda um extravagante,
selvático e ziguezagueante saxofone de ferozes sopros que rasgam as vestes do
tema inaugural. ‘Irrlichter’ é um EP verdadeiramente divinal que
nos climatiza de pura ataraxia e hasteia a espiritualidade para altos voos. Um
registo de curta duração que nos mumifica num inquebrável estádio de transbordante
fascinação. Deixem-se dissolver e embevecer pela psicotrópica radiância
farolizada pelos Acid Rooster, e vivenciem na primeira pessoa todo o mágico
esplendor de um dos mais sérios candidatos a melhor EP do ano.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ Cardinal Fuzz
➥ Little Cloud Recordings
➥ Sunhair Music