terça-feira, 31 de outubro de 2017
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
Review: ⚡ The Dues - 'Time Machine' (2017) ⚡
De Winterthur (Zurique, Suíça) chega-nos a nova fragância
sonora do fascinante power-trio The Dues apelidado de ‘Time
Machine’. Lançado oficialmente no passado dia 18 de Outubro sob a forma
física de CD e vinil, este seu novo álbum prende um sumptuoso, elegante, sensual
e emocionante Heavy Blues de rotação
setentista que prontamente nos destrava
para uma empolgante, vertiginosa, acrobática e delirante montanha-russa sem travão à vista. A sua sonoridade musculada, mélica, quente e oleada desfila hipnótica
e envaidecidamente pelos 12 temas que incorporam este ‘Time Machine’, fazendo
deste um dos registos mais agradáveis e apaixonantes do ano. Há algo de
verdadeiramente deslumbrante na luxuosa atmosfera de ‘Time Machine’ que me estaciona
num perfeito e incessante estádio de êxtase. Numa estonteante, soberba e
magnetizante aliança entre a afável delicadeza, a galopante ritmicidade e a buliçosa
emoção, o ouvinte é absorvido e conduzido pela sagacidade técnica de The Dues, provocando no mesmo uma
constante e indomável salivação. Deixem-se cercar e ludibriar pela desarmante
lubricidade transpirada por uma guitarra liderante que se sobressai em riffs dançantes, requintados, notáveis e
excitantes e se dissipa em solos verdadeiramente fervorosos, extravagantes orgásmicos
e eletrizantes que nos embebem e inebriam de pura adrenalina. Sintam os vossos
corpos pendular de forma instintiva à provocante boleia de um baixo verdadeiramente
encantador, detidamente entregue a linhas bailantes, densas, robustas e
oscilantes. Sacudam-se ao prazeroso som de uma bateria virtuosa – movida a aparatosas,
incríveis e talentosas acrobacias – que nos presenteia e impressiona com um exímio
e assombroso solo, e namorem os vocais harmoniosos, felinos e vivazes que
revigoram todo este ostensivo desfile sonoro. ‘Time Machine’ é um álbum
imensamente sublime – detentor de uma beleza consumada – que não deixará
ninguém indiferente. Bebam este ardente, escarpado e poderoso trago de Heavy Blues à moda dos 70’s e entrem em
combustão. Que álbum!
domingo, 29 de outubro de 2017
sábado, 28 de outubro de 2017
Review: ⚡ Zong - 'Zong' (2017) ⚡
Da cidade de Brisbane (Queensland, Austrália)
chega-nos o místico álbum de estreia da jovem formação Zong. Com o seu lançamento oficial agendado para o próximo dia 4 de
Novembro pela mão conjunta dos selos discográficos Cardinal Fuzz (responsável pela distribuição em solo europeu) e Praying Mantis (responsável pela distribuição
em solo australiano) nos formatos físicos de CD e vinil, este álbum homónimo
encerra um poeirento, psicotrópico e visceral Heavy Psych temperado e enevoado por um hipnotizante, encantador e
intrigante experimentalismo espacial que nos embacia, eteriza e alucina ao
longo dos seus 43 minutos de duração. A sua sonoridade extraordinária – de propensão
ascética – convida-nos a uma fascinante, temulenta e extasiante transcendência
pela densa e lisérgica nebulosidade cósmica. Um quimérico e penetrante mergulho
na intimidade do Cosmos sideral, de alma canonizada, narinas dilatadas e olhar vidrado,
enfeitiçado e atrelado a um firmamento que se desdobra pela infinidade fora.
Desta mágica e brumosa atmosfera de ‘Zong’ sobressai-se uma guitarra
endeusada – saturada em efeito fuzz –
que se ostenta em riffs obscuros, arábicos,
turvos e monolíticos, e se desvaira em solos uivantes, efervescentes, alucinógenos
e trepidantes, um baixo de pesada e enigmática reverberação que se conduz de
forma fluída e compenetrada por entre linhas sinuosas, oscilantes, marcadas e vociferantes,
e uma bateria criativa, poderosa e rutilante que lidera com empolgante e
desarmante expressividade toda esta nirvânica peregrinação que nos canaliza pelas
artérias da espiritualidade. É-me importante ainda destacar e elogiar o vistoso,
requintado e copioso artwork superiormente
delineado pelo virtuoso artista australiano Henry Bennett que traduzira na perfeição para o papel toda esta envolvente
doutrina messiânica propagada por ‘Zong’. Este é um álbum
verdadeiramente deslumbrante que nos adorna e climatiza com a sua refulgência do
primeiro ao derradeiro tema. Um disco venéreo capaz de converter o mais céptico
dos seus ouvintes em seu devoto seguidor. Comunguem este verdadeiro ritual
xamânico e sintam-se transpor as portas da percepção. Um dos registos mais
enteogénicos do ano está aqui, na profunda e ofuscante religiosidade de ‘Zong’.
Dissolvam-se nele.
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
Review: ⚡ Void Generator - 'Prodromi' (2017) ⚡
O conhecido quarteto
italiano Void Generator acaba de
lançar o seu quarto álbum designado de ‘Prodromi’ pela mão do selo
discográfico romano Phonosphera Records
no formato físico de CD (com edição ultra limitada a 300 cópias existentes).
Gravado ao vivo na sua sala de ensaios com recurso a um único microfone, este
novo disco vem atestado de um viajante, hipnótico, envolvente e anestésico Krautrock de ambiência estelar que nos amortalha,
adormenta e arremessa para lá dos domínios gravitacionais da Terra. A sua
sonoridade imensamente lisérgica e deslumbrante – superiormente norteada por uma
absorvente, contemplativa e embriagante jam
de instrumentos apontados aos mais longínquos astros – passeia-nos pela negra,
gélida e sedosa vastidão de um cemitério estelar. Inalem toda esta nebulosidade
sideral e sintam a vossa lucidez embaciar e perecer aos pés de ‘Prodromi’
numa narcotizante, agradável e etérea digressão pelos horizontes
oníricos. Toda esta doce hipnose é sustentada por uma guitarra espacial que se
dispersa em solos uivantes, alucinógenos, letárgicos e relaxantes, um baixo
modorrento de linhas fluídas, robustas e vagarosas, uma bateria cintilante de ritmicidade
alegre e empolgante, e ainda um perfumado sintetizador de sonância alienígena
que nos encanta, intriga e mantém em órbita de Void Generator. Este é um álbum lenitivo – de propriedades
tântricas – que nos afaga e seduz num profundo, sagrado e constante transe. Deixem-se diluir na sublimidade
de ‘Prodromi’
e sintam-se sepultar num pleno estádio de prazeroso e forte torpor que vos temperará
e mumificará do primeiro ao derradeiro tema. Um dos álbuns mais letárgicos de
2017 está aqui.
terça-feira, 24 de outubro de 2017
Review: ⚡ Von Richter - 'Green Mountain' EP (2017) ⚡
De San Marcos (Texas, EUA) chega-nos o soberbo EP de estreia ‘Green
Mountain’ do jovem power-trio
Von Richter. Lançado em solo
primaveril através da sua página oficial de Bandcamp,
este registo muito promissor prende um hipnótico, irresistível, dançante e
erótico Heavy Psych de ares latinos
que nos intriga, enfeitiça e prazenteia ao longo dos seus curtos 17 minutos de
duração devidamente repartidos pelos três temas que o povoam. A sua sonoridade
carnavalesca, delirante e requintada provoca em nós uma intensa e inabalável
sensação de deslumbramento, entusiasmo e bem-estar que remete a nossa espiritualidade para uma profunda e sagrada odisseia sensorial. Deixem-se climatizar e
bronzear pelo exótico psicadelismo de Von
Richter à boleia de uma guitarra arrebatadora que se enfatiza em riffs mélicos, lascivos, formosos e psicotrópicos
e se excede em solos aparatosos, gritantes, extraordinários e vertiginosos, um
baixo groove’sco e encorpado de
linhas oscilantes, vigorosas e oleadas, e uma bateria fervorosa e magnetizante
de galope enérgico, ritmado e estimulante que compassa com redentora e
contagiante vitalidade todo este extravagante, libertino e animado cortejo
apelidado de ‘Green Mountain’. Este é um EP absorvente – de sublimidade
epidémica – que força o ouvinte a vivenciá-lo persistentemente, de forma a conseguir
saciar e serenar todo o constante entusiasmo que o mesmo irradia na alma de
quem nele ancora a sua atenção. Um dos mais abonados e prometedores EP’s de
2017 está aqui, na radiosa ambiência tropical de ‘Green Mountain’.
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
domingo, 22 de outubro de 2017
sábado, 21 de outubro de 2017
Review: ⚡ R.I.P. - 'Street Reaper' (2017) ⚡
Depois de ter premiado o seu
álbum de estreia ‘In the Wind’ (review
aqui) com o rótulo de melhor disco de 2016, R.I.P. está de regresso com o seu segundo álbum designado ‘Street Reaper’ e recentemente lançado
pela prestigiada RidingEasy Records nos
formatos físicos de CD e vinil. Esta furiosa e pujante banda natural da cidade de
Portland (Oregon, EUA) pratica um tenebroso,
frenético, ardente e poderoso Street
Doom de desenfreada condução Punk’eana
que nos pontapeia, estimula e incendeia do primeiro ao último tema. A sua
sonoridade bastante característica – nada recomendável a cardíacos – de feições
sinistras, robustas, inquisidoras, e diabólicas circunda-nos, sombreia-nos e
sulfata-nos de adrenalina. Não é fácil enfrentar todo este monolítico, enfurecido
e devastador turbilhão de euforia desprendido por ‘Street Reaper’ que pronta
e violentamente nos persegue, sacode e arremessa para um intenso estádio mental
de prazerosa e redentora desordem. Entrem em erupção ao inflamante, portentoso
e atemorizante som de uma guitarra sádica que se manifesta e amuralha em riffs provocantes, enigmáticos, graníticos
e exaltados, e se enleva e desvaira em fervorosos, atordoantes, ciclónicos e
empolgantes solos. Sintam o quente, poderoso e reverberante bafo de um baixo vigoroso,
corpulento e dominante, detidamente entregue a linhas coesas, hipnóticas e
pulsantes que mareia todo este álbum. Resistam às constantes, impiedosas e excitantes
chicotadas de uma bateria diligente e galopante que nos esporeia com uma
vibrante, enérgica, libertadora e absorvente emoção, e intriguem-se com a voz penetrante,
gélida, luciférica e inebriante – narradora de heréticas fábulas – que assombra
toda a brumosa, profana e tumultuosa atmosfera de ‘Street Reaper’. Este é
um álbum convulsivo e arrebatador que nos obriga a uma agitada e exuberante
resposta comportamental. Ainda que este seu novo disco não me tenha conquistado
com a veemência do primeiro, estará certamente perfilado por entre os melhores
dos melhores registos de 2017. Quanto à banda em si, R.I.P. é neste momento uma das bandas que mais me impressiona e
consequentemente das que mais anseio poder vivenciar ao vivo.
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
Review: ⚡ Kadavar - 'Rough Times' (2017) ⚡
É justo começar por dizer
que Kadavar é uma das minhas bandas
favoritas e tenho o seu álbum de estreia ‘Kadavar’ (2011) como um registo verdadeiramente sagrado – elevado ao estatuto de divindade – que ultrapassara largamente as
fronteiras da perfeição. O seu tirânico, ritmado, robusto e galopante Heavy Psych – fortemente influenciado
pela dinâmica do Hard Rock setentista – sempre me fascinou e tê-los
vivenciado ao vivo em 2013 na já distante terceira edição do festival SonicBlast Moledo (review aqui) foi-me autenticamente especial. Mas desde então
a banda germânica – natural da cidade de Berlim
– decidiu conscientemente enveredar por um novo registo sonoro que aos meus
ouvidos era bastante diferente daquele que caracterizara as raízes da banda, e consequentemente
a minha devoção por Kadavar
esmorecera. Isto, até que fui confrontado com o enérgico, ardente e poderoso ‘Rough Times’ – recentemente lançado
pela afamada editora discográfica Nuclear
Blast nos formatos físicos de CD, cassete e vinil – e que com o amontoar de
audições atrás de audições este seu novo álbum acabara por conquistar-me,
provocando em mim uma constante erupção de prazerosa agitação que me euforizara
do primeiro ao derradeiro tema. ‘Rough
Times’ é a tão desejada aproximação ao passado sonoro da banda e indubitavelmente um dos seus discos mais pesados. Baseado num frenético, elegante e
delirante Heavy Psych locomovido por
uma intensa, portentosa e musculada descarga Hard Rock’eana que nos remete para o Rock clássico dos 70’s, este
novo registo de Kadavar esporeia-nos
e incendeia-nos do primeiro ao último tema. Não é fácil segurar firmemente as
rédeas desta vertiginosa e desenfreada cavalgada. A guitarra soberana – fiel
discípula da escola Sabbath’ica – avoluma-se
em riffs majestosos, draconianos,
obscuros e assombrosos, e vomita estonteantes, nebulosos e excitantes solos. O
baixo liderante está mais robusto do que nunca, conduzindo-se demarcada e pesadamente em
linhas pulsantes, torneadas e intimidantes. A bateria ostensiva de ritmicidade
frenética e acrobática tiquetaqueia com uma admirável execução técnica toda esta troante e reverberante
avalanche decibélica, e a voz hipnótica, límpida, fria e enigmática que se
passeia livre e harmoniosamente pela absorvente atmosfera de ‘Rough
Times’. É importante ainda destacar pela positiva a presença de alguns
temas mais etéreos, plácidos e melódicos que intervalam o denso, possante e
selvático vendaval sonoro que governa a ambiência deste novo disco. Enfrentem
destemidamente a estimulante ferocidade de ‘Rough
Times’ e celebrem o tão ansiado regresso de Kadavar numa indiscreta aproximação ao registo sonoro que fez deles
uma das mais excitantes bandas a nível planetário.
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Nuclear Blast
Nuclear Blast
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
⚡️ Brant Bjork c/ Sean Wheeler & Ana Paris @ Cave 45, Porto ⚡️
O já carismático espaço
portuense Cave 45 – tristemente com
morte anunciada e agendada para o final do presente ano – recebia o lendário Brant Bjork na extravagante companhia
do Desert Freak Sean Wheeler para mais uma data da sua extensa tour europeia “Gree Heen”
e adivinhava-se uma agradável, intensa e memorável noite de clima californiano
carimbada pela imparável promotora de eventos Garboyl Lives. Depois de ter estado presente no mítico concerto de
2008 no Porto-Rio (Porto) – o qual
se mantem perfilado por entre os mais impactantes da minha experiência enquanto
peregrino musical – não podia perder por nada o regresso a Portugal de um dos mais
icónicos músicos da minha vida.
A sala começava a
preencher-se e a banda local Ana Paris
subia ao palco com a invejável responsabilidade de inaugurar toda uma cerimónia
a que ninguém se recusou comungar. De motor barulhento e agressivo, acelerador
a fundo e um forte aroma a pneu queimado, a banda portuguesa arrancou para uma
performance de sentido único que motivara e nutrira as primeiras vibrações
corporais de uma plateia cada vez mais numerosa. Fundamentados num fervilhante,
vigoroso e empolgante Stoner Rock de
atitude Punk, os Ana Paris brindaram todos os presentes
com 45 minutos transpirados de emoção e adrenalina. No final mostraram-se
imensamente agradecidos e orgulhosos pela confiança em neles depositada e a
plateia respondeu com um forte aplauso, num sinal claro de que Ana Paris havia sido uma aposta ganha.
Brant
Bjork estava aí – juntamente com a sua nova matilha – e na
plateia que lotava toda a sala do Cave
45 suspirava-se em uníssono de ansiedade e entusiasmo. Nem foi preciso esta
prestigiosa figura da Desert Scene
acabar de subir ao palco para que a audiência exteriorizasse toda o seu
empolgamento num rugido quase ensurdecedor. E assim que BB – em hipnótica e arrebatadora consonância com a formação que
presentemente o acompanha – teceu e desenvolveu os primeiros acordes, todos nós
fomos arremessados para os quentes, frondosos e ensolarados desertos que a
sonoridade de BB desenha em nós.
Bronzeados, apreendidos e contagiados pelo seu característico Low Desert Punk de natureza erótica – que
tão bem combina a lubricidade com a robustez e ritmicidade – todos os nossos
corpos empoeirados e embriagados dançavam de olhar cerrado e narinas dilatadas.
Numa excitante e fascinante digressão sonora – maioritariamente pautada pelos
seus últimos álbuns e uma breve, mas muito aplaudida, vivida e elogiada
passagem por temas incontornáveis do emblemático ‘Jalamanta’ – este
eremita sediado no deserto de Mojave
perfumou a nossa alma arrebatada com a sua ambiência psicotrópica ao longo de
aproximadamente 90 minutos de actuação. A plateia debatia-se como podia na
instintiva resposta à libidinosa sonoridade de BB e os corpos luziam em suor. Vivia-se um ambiente de incessante
deslumbramento. As duas guitarras reinantes abraçavam-se e numa magnetizante
unificação floresciam e conduziam riffs
serpenteantes, sólidos, robustos e dançantes que desaguavam em solos delirantes,
místicos e uivantes, o baixo deliciosamente groovy
carregava-se em linhas pulsantes, acentuadas, fibróticas e bailantes, a bateria
provocante – detidamente entregue a investidas fogosas, fortes e emocionantes –
compassava com autoridade, e a quente e afável voz de BB liderava toda esta absorvente eucaristia desértica que prontamente
nos convertera em seus devotos seguidores. De salientar ainda a entrada em
palco do singular Sean Wheeler que
com as suas danças exóticas e caricatas emprestara uma atmosfera burlesca a
toda aquela performance de BB
coroada com um ruidoso, frenético e demorado aplauso.
* Um agradecimento especial ao Bruno Pereira (Wav.) pela cedência do registo fotográfico.
* Um agradecimento especial ao Bruno Pereira (Wav.) pela cedência do registo fotográfico.
terça-feira, 17 de outubro de 2017
Review: ⚡ Vice Versa - 'Vice Versa' (2017) ⚡
Se no final de 2015 havia manifestado
toda a minha enorme adoração pelo álbum ‘Oxygen Sessions’ (review
aqui) da autoria dos russos Vice
Versa, hoje – motivado pela criação do seu novo trabalho – sinto-me forçado
não só a reforçar o elogio a esta formação do leste europeu como a exagerá-lo. Este fantástico power-trio enraizado na grande e
populosa cidade de Moscovo acaba de
lançar ‘Vice Versa’, um portentoso registo de longa duração onde se
enfatiza, desenvolve e enleva um empolgante, prazeroso, nebuloso e desarmante Heavy Psych de tração setentista. A sua sonoridade bastante heterogénea
passeia-se por entre envolventes, morfínicas, plácidas e contemplativas jams que nos circundam, amortalham e diluem
a lucidez, e ardentes, intensos, inflamantes e galopantes momentos de redentora
ferocidade que violentamente nos sacodem e euforizam. Neste seu novo álbum há
ainda espaço para a inclusão de duas serenas, brumosas e inebriantes baladas que
nos mergulham e eterizam num profundo e ataráxico oceano de inércia, e um outro
tema inteiramente tecido e conduzido por uma enigmática, exótica e intrigante
veia experimental. Dispam-se de qualquer timidez e agitem-se ao contagiante som
de uma guitarra extravagante que se revigora em riffs majestosos, fibróticos, sombrios e hipnóticos, e se dilata e
reduz em alucinógenos, estonteantes, delirantes e ciclónicos solos. Um baixo diligente,
dinâmico e reverberante de magnetizante orientação rítmica que se carrega e acentua
em linhas oscilantes, vigorosas e dançantes, uma bateria aparatosa locomovida a
tecnicidade, leveza e sensibilidade que coroa toda a sua admirável performance
com um exuberante, impactante e acrobático solo, e ainda uma voz lisérgica,
gélida e enevoada que penetra toda esta densa e fumarenta narcose vaporizada e
climatizada pelo instrumental para se destacar e ecoar na sublime atmosfera de ‘Vice
Versa’. Chego ao final deste álbum completamente arrebatado, temulento
e conquistado. É um verdadeiro sacrilégio que esta formação russa continue recolhida
no lado eclipsado da notoriedade. Deixem-se absorver nos 66 minutos que
conferem corpo temporal a ‘Vice Versa’ e vivenciem na máxima plenitude
um dos mais marcantes e entusiásticos álbuns de 2017.
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
Review: ⚡ Strobe - 'Bunker Sessions' (2017) ⚡
A influente editora
discográfica alemã Sulatron Records
acaba de recuperar e reanimar um fascinante registo perdido e esquecido no tempo que a
histórica banda inglesa Strobe no já
distante ano de 1995 havia tocado e gravado ao vivo no Bunker Studios (situado na cidade de Bedford). Lançado no passado
dia 13 de Outubro nos formatos físicos de CD e vinil, ‘Bunker Sessions’ recebe
assim o merecido reconhecimento e pela primeira vez sai da penumbra que o encarcerara
durante 22 anos para se enfatizar perante os ouvidos do público. Baseado num envolvente,
encantador, magnetizante e sonhador Space
Rock e num lisérgico, suave, místico e relaxante Neo-Psych, este recém-nomeado álbum prende e alimenta uma atmosfera
sedutora, brumosa e deslumbrante que o climatiza do primeiro ao derradeiro
minuto. É demasiado fácil sentirmo-nos levitar numa constante, sagrada e
libertadora ascensão que nos iça as velas da consciência ao longo de toda esta
fantástica odisseia pelo profundo negro cósmico. Percam-se e encontrem-se por
entre os mágicos e hipnóticos bailados de três guitarras exploradoras que se manifestam
e sobrepõem em uivos siderais e delirantes solos de natureza experimental,
balanceiem os vossos corpos de lucidez embaciada à boleia de um baixo ondulante
que se mareia em linhas murmurantes, ritmadas e pulsantes, desprendam a cabeça turva
e pesada na agradável perseguição a uma bateria absorvente de ritmicidade atraente
e constante, e diluam-se na voz translúcida e espectral que flutua pela maravilhosa
ambiência de Strobe. Este é um álbum que nos enfeitiça e adormece. Empoeirem-se
nesta densa, etérea e inebriante fragância sonora – brilhantemente desenterrada
da década de 90 – e vivenciem a temulenta beatitude exalada por ‘Bunker
Sessions’.
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