domingo, 31 de julho de 2022
sábado, 30 de julho de 2022
sexta-feira, 29 de julho de 2022
quinta-feira, 28 de julho de 2022
Review: 🐘 Lord Elephant - 'Cosmic Awakening' (2022) 🐘
Provenientes
da cidade-berço do renascentismo italiano – Florença, Toscana –
chegam-nos as ondas sísmicas do tridente Lord Elephant com o seu impactante
álbum de estreia ‘Cosmic Awakening’,
lançado pelo influente selo discográfico romano Heavy Psych Sounds nos
formatos LP, CD e digital. Formada em 2016, a banda italiana é electrificada
por um vulcânico, esponjoso, venenoso e titânico Psychedelic Doom de
natureza instrumental que mergulha o ouvinte nas abissais profundezas do Cosmos
bocejante, penetrando a colorida poeira de fantasmagóricas nebulosas, driblando
o abraço gravitacional de solitários planetas e sobreaquecendo nas aproximações
a chamejantes fornalhas estelares que lampejam na eterna noite sideral. Num
passo equilibrista entre a anestésica dormência e a eufórica efervescência, somos
passeados pelas fascinantes atmosferas fortemente contrastadas de um álbum
tanto deslumbrante e amainado quanto alucinante e conturbado. Uma enigmática,
brumosa, emancipadora e propulsiva odisseia de escapismo futurista que nos
assalta os sentidos e catapulta para a insondável intimidade da mística negrura
que habita o lado eclipsado da Lua. Impiedosamente varrido por uma guitarra
ciclónica de resinosos, fumegantes, faiscantes e monstruosos Riffs de
olhar predatório – escaldados pelo chamejante e crepitante efeito Fuzz
de esvoaçantes faúlhas - e hipnóticos, encaracolados, embriagados e caleidoscópicos
solos de ácida luzência, imperiosamente trovejado por uma bateria ribombante de
galope fluído, tribalista, enfático e encorpado, e pesadamente sombreado por um
baixo ronronante de pele rugosa e linhas palpáveis, sisudas, nervudas e
troantes, ‘Cosmic Awakening’ é um álbum verdadeiramente mastodôntico,
ritualístico e demolidor – manobrado a contagiante dinâmica e carburado a
altíssima octanagem – que não deixará ninguém de mãos nos bolsos. São 44 minutos
atestados de um inflamado torpor que nos gravita, intoxica e sepulta numa poderosa,
trevosa, e inescapável narcose de ambiência alienígena. Deixem-se derrotar pelas
invasivas, abrasivas, vibrantes e massivas ressonâncias de Lord Elephant,
e vivenciem com inquebrantável feitiço todo o pujante esplendor do seu cósmico despertar.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ Heavy Psych Sounds
quarta-feira, 27 de julho de 2022
terça-feira, 26 de julho de 2022
segunda-feira, 25 de julho de 2022
Review: 🎹 Zeremony - 'Survivin' Rock'n'Roll' (2022) 🎹
O tridente
germânico Zeremony – localizado na cidade francónia de Würzburg, no
norte da Baviera – está de regresso com o lançamento do seu novo
trabalho de longa duração, intitulado ‘Survivin' Rock'n'Roll’ e promovido
através dos formatos LP, CD e digital com o carimbo editorial de autor. Valvulado
por um faustoso, dinâmico e cheiroso Hard Rock em íntima cumplicidade
com um elegante, bem-disposto e dançante Blues Rock - de vistosos meneios progressivos e revivalista tintura psicadélica -, este quarto
álbum do vibrante power-trio bamboleia-se livre e graciosamente numa
atmosfera festiva, cabaresca e lasciva. A sua sonoridade sorridente, prazenteira
e refrescante – de brilho setentista e jovialidade contagiante –
inquieta e atesta o ouvinte de uma plena sensação de transbordante bem-estar
que o climatiza e eteriza do primeiro ao derradeiro tema. São 52 minutos –
compartimentados por destravadas galopadas e desassombradas baladas de tempero Pop
– de um airoso e buliçoso deslumbramento conduzido pelos esvoaçantes serpenteios
de um ostentoso, harmonioso e carismático órgão Hammond, costurado por
uma eloquente bateria de ritmos quentes, animados e apimentados, vagueado por
uma guitarra estimulante de solos psicotrópicos, ácidos e caleidoscópicos, e ajardinado
pelos vocais liderantes, revigorantes e desiguais – tanto sedosos e cristalinos
como rouquenhos e felinos – que agarram as rédeas e esporeiam toda esta radiante
celebração musical. De espalhar ainda elogios pelo vívido portal de vitrais
góticos – superiormente ilustrado pelo artista alemão Christian Krank – que
pavimenta o estético artwork do disco, conferindo-lhe uma aura litúrgica.
‘Survivin' Rock'n'Roll’ é um álbum cerimonioso de fácil digestão e imediata afeição
que nos incendeia de um entusiasmo desregrado. Uma exótica folia de
indumentária aristocrática que nos agarra pelos colarinhos e impele a dançá-la
com inquebrável entrega.
domingo, 24 de julho de 2022
sábado, 23 de julho de 2022
sexta-feira, 22 de julho de 2022
quinta-feira, 21 de julho de 2022
quarta-feira, 20 de julho de 2022
terça-feira, 19 de julho de 2022
Review: 🥚 Birth - 'Born' (2022) 🥚
Depois de em
2019 ter nascido o homónimo EP de estreia (aqui louvado e seguidamente aqui
galardoado com o título de melhor registo de curta duração desse mesmo ano),
floresce agora o muitíssimo aguardado primeiro álbum desta talentosa banda
californiana – com residência na cidade costeira de San Diego – que alberga
conceituadíssimos músicos trazidos de influentes bandas como Astra, Psicomagia
e Sacri Monti. Lançado sob a alçada da companhia discográfica londrina Bad
Omen Records através dos formatos LP, CD e digital, ‘Born’ vem
povoado pela regravação dos três temas originalmente publicados no EP de
estreia e outros novos três temas nunca antes desembrulhados. De influências
apontadas a históricas referências dos universos Progressivos italiano e
britânico que ornamentaram a dourada década de 1970 – como Premiata Forneria
Marconi, Le Orme, Banco del Mutuo Soccorso, Osanna, Reale
Accademia di Musica, Pink Floyd, Camel, King Crimson, YES e
Emerson, Lake & Palmer –, este impressionante primeiro trabalho de
longa duração do quarteto é superiormente navegado por um imaginativo, cerebral, imperial e
expressivo Progressive Rock de colorida efervescência de textura psicadélica
e apurada acuidade jazzística que tanto se espreguiça em arejadas, melancólicas,
anestésicas e desanuviadas passagens de etéreo misticismo fabular, como se agita
e gravita em estonteantes, dramáticos, enfáticos e vibrantes rebuliços
instrumentais de desarmante beleza cinematográfica. De olhar deslumbrado e
cravado nos longínquos viveiros estelares que deflagram o acetinado negrume
cósmico, somos levitados numa gratificante, maravilhosa, fantasiosa e purificante odisseia de
consagração sensorial e validade intemporal. Matematizado por audaciosas composições
de majestosos arranjos, ‘Born’ é remexido numa dialogante
sinergia sublimemente lavrada por uma guitarra endeusada de pomposos, cheirosos
e encaracolados Riffs de onde esvoaçam solos trepidantes, alucinantes e invertebrados,
um baixo vagueante de linhas baloiçantes, fluídas e enleantes, uma desembaraçada
bateria cuidadosamente tiquetaqueada a acrobática precisão e flamejante comoção,
uma voz melosa, aveludada e melodiosa de luzência espectral, e ainda toda uma miraculosa
profusão de teclados elegíacos que se hasteiam em comoventes coros angelicais e
enfeitiçantes mugidos oníricos. A detalhada, elaborada e primorosa ilustração
que confere rosto a esta obra-prima do Prog Rock contemporâneo pertence
ao prendado artista norte-americano David D’Andrea. Este é um
álbum cozinhado a cintilante docilidade e principesca sagacidade que preenchera
e transbordara as minhas medidas. Um registo inteiramente arquitectado e executado
à minha imagem. Um dos mais fortes candidatos à qualidade de álbum do ano está aqui, na poderosa,
epopeica e esplendorosa magnificência de Birth. Ofusquem-se nele.
Links:
➥ Facebook
➥ Bandcamp
➥ Bad Omen Records
segunda-feira, 18 de julho de 2022
domingo, 17 de julho de 2022
quinta-feira, 14 de julho de 2022
terça-feira, 12 de julho de 2022
domingo, 10 de julho de 2022
sábado, 9 de julho de 2022
sexta-feira, 8 de julho de 2022
Review: 🛰 Acid Rooster - 'Ad Astra' (2022) 🛰
Depois do
registo ao vivo ‘Live at Desi’ (review aqui), do estreante
álbum de estúdio ‘Acid Rooster’ (review aqui) e do primeiro
EP ‘Irrlichter’ (review aqui), o tridente alemão Acid
Rooster prossegue a sua fantástica odisseia discográfica com o novíssimo
álbum ‘Ad Astra’, lançado em formato digital e vinil através da Cardinal
Fuzz (responsável pela distribuição no Reino Unido), Sunhair
(responsável pela distribuição em território europeu) e Little Cloud Records
(responsável pela distribuição nos EUA). De olhos postos nas estrelas, ‘Ad
Astra’ é oxigenado por um viajante, deslumbrante e arejado Space
Rock, um hipnótico, místico e serpenteante Krautrock de repetitiva e
imersiva cadência Drone, e ainda um colorido, esbatido e alucinógeno Psychedelic
Rock. Texturizado por uma envolvente tapeçaria psicotrópica de indiscretas
semelhanças com a exótica radiância dos dinamarqueses Causa Sui e Papir,
e embrumado por um experimentalismo espacial a fazer lembrar as enfeitiçantes alquimias
do cosmonauta germânico Sula Bassana, este novo álbum de Acid Rooster eteriza e desenraíza o ouvinte da gravidade terrestre, canalizando-o pela boca adentro do
Cosmos bocejante. Desorientados e à deriva na vacuidade sideral, somos sepultados
nos abismos de uma reflexiva e inquebrável narcose que nos tombará as pálpebras
e rodopiará a cabeça num lento movimento orbital. De sentidos hibernados e engolidos
por uma morfínica sonolência, vagueamos pela intimidade de fantasmagóricas
nebulosas, driblamos solitários astros sem pulso cardíaco, e nos enlutamos na espessa e acetinada pretura que banha a eterna noite cósmica. São 46 minutos – compartimentados por
duas longas e desiguais faixas – de diluviana radiação mântrica emanada por um enigmático
sintetizador de eflúvios alienígenas, uma ecoante guitarra de devaneios
pérsicos, um baixo esponjoso de linhas quentes, e uma magnética bateria de
batida imutável. ‘Ad Astra’ é um disco meditativo, letárgico e nirvânico que nos empoeira e cega de fuligem estelar.
Uma desorientadora, reconfortante, sublimada e transformadora expedição com destino ao desconhecido
e sem garantias de regresso.