domingo, 30 de abril de 2017

Review: ⚡ The Cosmic Groove - 'Yesterday's Night' EP (2017) ⚡

O eletrizante power-trio The Cosmic Groove acaba de lançar o seu novo EP ‘Yesterday’s Night’ em formato digital através do seu Bandcamp oficial. Esta jovem formação situada na histórica e antiga cidade de Saint Augustine (Florida, EUA) pratica um abrasivo, sombrio e empolgante Heavy Psych dissolvido num corrosivo, convulsivo e euforizante Garage Rock saturado de efeito fuzz que nos esporeia, agita e endoidece ao longos dos seus 20 minutos de duração. A sua intrigante sonoridade pendula entre uma pesada, titânica e arrastada obscuridade que nos envolve, narcotiza e atemoriza e uma fervilhante, enérgica e desenfreada amotinação que nos incendeia de adrenalina. Na génese deste entusiástico e provocante EP está uma portentosa guitarra que se amuralha em riffs inquisidores, densos e distorcidos e se desvaira em alucinantes, hipnóticos e furiosos solos, um baixo tenebroso de linhas pulsantes, carregadas e reverberantes que sombreia e diaboliza toda a perturbadora atmosfera de ‘Yesterday’s Night’, uma bateria trovejante de explosivas e galopantes investidas, e uma voz ecoante, frígida e luciférica que vagueia e assombra toda a essência de The Cosmic Groove. Este é um registo que me conquistara à primeira audição. Um EP detentor de uma alma messiânica e dominadora capaz de converter até o mais céptico dos ouvintes em seu devoto peregrino. Entreguem-se detidamente à magia negra de ‘Yesterday’s Night’ e presenciem um dos mais extraordinários EP’s lançados até ao momento no presente ano de 2017.

🎧 Smoke Mountain - 'Smoke Mountain' EP (2017)

Review: ⚡ Zeremony - 'Soul of the Zeremony' (2017) ⚡

Da cidade barroca de Würzburg chega-nos ‘Soul of the Zeremony’, o esmerado álbum de estreia do power-trio germânico Zeremony que tem o lançamento oficial agendado para o próximo dia 6 de Maio no formato físico de CD. Baseado num harmonioso, robusto, influente e provocante Hard Rock N’ Blues de indiscretas influências setentistas, este charmoso álbum de Zeremony tem em nós um efeito hipnotizante, encantador e intrigante que nos mantém a ele atracados do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 35 minutos chefiados e temperados por uma sedutora, opulenta e primorosa ambiência sonora brilhantemente constituída por uma guitarra fascinante – banhada e inflamada pelo efeito fuzz – que nos envolve com os seus prazerosos, mélicos e aveludados riffs e solos verdadeiramente eróticos e sublimes, uma voz dinâmica, oleada e sumptuosa que se pavoneia destacada e exuberantemente nesta agradável e cativante fragância sonora, uma bateria diligente e requintada de toque hábil, delicado e resplandecente, e um vistoso e afrodisíaco órgão Hammond de extravagantes, notáveis e comoventes bailados que conduz com soberania e graciosidade toda esta imaculada e arrebatadora cerimónia. ‘Soul of the Zeremony’ é um álbum primoroso – adubado por uma lubricidade inesgotável – que nos namora e acaricia do primeiro ao último acorde. Juntem-se a este faustoso e enigmático ritual e comunguem a prestigiosa alma de Zeremony.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

ॐ OM - "Meditation is the Practice of Death" (live)

Naxatras meets Black Sabbath

🎧 Duel - 'Witchbanger' (2017)

Uncle Acid and the Deadbeats

© Roger Dean

👽 Zanibar Aliens - Sort of a Documentary

Review: ⚡ The Desert Sea - 'Steal the Light from the Sun' EP (2017) ⚡

De Sidney (Austrália) chega-nos o segundo EP do quarteto The Desert Sea apelidado de ‘Steal the Light from the Sun’. Este novo registo da banda australiana conjuga na perfeição um sensual, dançante e entusiástico Heavy Blues com um flamejante, encorpado e corrosivo Desert Rock que nos bronzeia e conduz pelas calejadas e poeirentas estradas de um deserto vigiado pelo Sol. A sua sonoridade excessivamente quente, lasciva e empolgante provoca em nós uma prazerosa comoção que nos alvoroça ao longo dos 20 minutos que compõem este irresistível EP. É humanamente impossível ficar indiferente a toda esta portentosa, monolítica e musculada descarga de erotismo em estado musical. Deixem-se euforizar pelos venéreos, torneados e serpenteantes bailados de duas guitarras que se ensoberbecem em excitantes, exóticos e ardentes riffs e se inflamam em uivantes, estonteantes e comoventes solos. Pendulem os vossos corpos soterrados em adrenalina à emocionante boleia de um baixo vigoroso, reverberante e torneado que sombreia e robustece toda a dinâmica de ‘Steal the Light from the Sun’. Soltem as cabeças na instintiva resposta a uma bateria deliciosamente ritmada que tempera e apimenta com explosividade, destreza e fulgor esta digressão desértica de pé colado no acelerador. Sintam-se encantados, intrigados e magnetizados pelos vocais atléticos, lubrificados e melódicos que se passeiam livremente pela ambiência tórrida de The Desert Sea. Este é um EP fascinante que me conquistara à primeira audição. Um registo que apenas peca pela sua brevidade. Engulam este escaldante trago de exaltação e vivenciem de forma frenética um dos mais arrebatadores EP’s de 2017.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Oh, Lanegan..

WINO.GIF

Ian Paice | Deep Purple

Review: ⚡ The Cosmic Dead - 'Psych Is Dead’ (2017) ⚡

Está oficialmente lançado o sexto e novo álbum de estúdio do quarteto escocês The Cosmic Dead designado ‘Psych Is Dead’ e promovido pelo selo discográfico Riot Season nos formatos físicos de CD e vinil (ambos com edições ultra-limitadas). Este álbum de essência obscura, ébria e intrigante sustenta um narcotizante, ácido e sombrio Heavy Psych diluído num hipnótico, envolvente e morfínico Krautrock que nos destrava a consciência pela vastidão de um Cosmos lisérgico e sedativo. A sua sonoridade sonífera e temulenta embacia a nossa lucidez e em nós instaura uma carregada e paralisante sensação de inércia que nos passeia pelos penetrantes domínios do sonambulismo. Comunguem este anestésico ritual astral sublimemente liderado por uma fascinante e lenitiva guitarra entregue a extasiantes e magnetizante digressões espaciais, um baixo robusto e pulsante de rugidos dinâmicos, maciços e ondulantes, um deslumbrante sintetizador sulfatado de poeira estelar que se envaidece em mágicos e exuberantes bailados, e uma bateria retumbante, explosiva e galopante que martela, esporeia e compassa toda esta compenetrada odisseia pelo lado eclipsado e adormentado do Universo. Sepultem a vossa alma nas profundezas celestiais de ‘Psych Is Dead’ e deixem-se envolver e sufocar pela doce letargia transpirada pela ambiência sonora de The Cosmic Dead. Este é um disco que nos abraça, respira e mumifica numa poderosa hipnose que nos afaga ao longo dos 46 minutos. Recostem-se confortavelmente, abrandem a respiração, selem as pálpebras, dilatem as narinas e assimilem toda a toxicidade exalada de ‘Psych Is Dead’.

Graveyard | Pinkpop Festival 2013

segunda-feira, 24 de abril de 2017

The Black Wizards | Riff Ritual Festival

🐍 Jesus the Snake - "Floyds I" (2017)

🤘🏽 Sleep

🎧 Two Pirates and a Dead Ship - 'The Worst is Yet to Come' (2017)

Review: ⚡ Aton.ality - 'I’ (2017) ⚡

Da Grécia chegam-nos as arrebatadoras brisas mediterrânicas do quarteto Aton.ality com o lançamento do seu empolgante álbum de estreia ‘I’. Esta jovem banda helénica desenvolve uma fascinante sonoridade em constante mutação de onde sobressaem um requintado, lenitivo e deslumbrante Psych Rock, um entusiástico, dinâmico e dançante Funk, um formoso, delicado e sonhador Post Rock e ainda um hipnótico, perfumado e serpenteante Prog Rock. Estes quatro ingredientes musicais – em alegre e atraente consonância – são tingidos e condimentados por uma elegante, suave e revitalizante veia jazzística que lhe confere uma lubricidade encantadora. A nossa alma é bronzeada e massajada pela adorável resplandecência irradiada pela sublime ambiência sonora de Aton.ality que nos inunda de uma inesgotável sensação de bem-estar. Mergulhem nesta profunda e doce hipnose à estimulante boleia de duas sumptuosas, envolventes e apaixonantes guitarras que se entrelaçam em surpreendentes, aparatosos e eróticos bailados traduzidos em esplêndidos e comoventes riffs e em lascivos e extraordinários solos, um baixo pulsante, atlético e vibrante - de deliciosa e magnetizante ritmicidade – que nos obriga a dançá-lo de forma prazerosa, e uma exuberante bateria – locomovida a delicadeza, maestria, ligeireza e primor – que distintamente tiquetaqueia todo este longo, admirável e caprichoso cortejo de enlevação. ‘I’ é um álbum que me estarreceu e conquistou à primeira audição. Um disco plenificado de uma formusura, harmonia e encantamento que prontamente inebria quem nele se refugiar. Este é um dos registos mais tocantes que ouvira nos últimos tempos e que certamente será coroado como um dos grandes álbuns do já abonado ano de 2017. Empoeirem-se na sua magia.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Roger Waters | Pink Floyd

Review: ⚡ Elara - 'Deli Bal’ (2017) ⚡

Que agradável surpresa proveniente da cidade de Estugarda (na Alemanha). ‘Deli Bal’ é o terceiro e novo álbum do fascinante power-trio Elara que apesar de ter o lançamento oficial agendado apenas para o próximo dia 1 de Maio pela mão do selo discográfico germânico PsyKa Records em formato de vinil, a banda acaba de disponibilizá-lo na íntegra para escuta e regozijo dos seus discípulos mais impacientes. Confesso que desconhecia esta banda alemã nascida no já distante ano de 2012, mas ‘Deli Bal’ abraçaram-me, conquistara-me e apaixonara-me de uma forma absolutamente instantânea, veemente e irreversível. Baseado num primoroso, lírico, sublime e deslumbrante Psych Rock adornado e bronzeado pelo bafo solar de um revitalizante, polido, tranquilo e cativante Krautrock, este paradisíaco álbum fertilizara a minha alma com um perfumado, doce e edénico êxtase que me hipnotizara e inebriara do primeiro ao último tema. São 56 minutos governados por um esplendoroso e etéreo encantamento que nos mitiga, seduz e conduz pelos faustosos, verdejantes e labirínticos jardins da sagrada ataraxia. ‘Del Bal’ é sublimemente cozinhado por uma guitarra endeusada que nos envolve e estarrece com os seus maravilhosos, resplandecentes e ostentosos acordes e faz descarrilar a nossa lucidez com os seus solos verdadeiramente desvairados, prodigiosos e arrebatadores, um baixo sussurrante de linhas dançantes, magnetizantes e contemplativas que se passeia e galanteia livremente, uma bateria ritmada a volúpia, perícia e emoção que tanto se euforiza em explosivas, robustas e enérgicas investidas como se apazigua em esplêndidas, belas e sedativas passagens verdadeiramente aprazíveis a quem as comunga, e ainda os harmoniosos vocais que se agigantam e destacam nos intervalos do deslumbramento instrumental. ‘Del Bal’ é um álbum transcendente que provoca uma constante salivação nos nossos ouvidos e petrifica a nossa alma num inabalável estádio de inércia e satisfação. Regresso dos luxuriosos e imaculados domínios de Elara completamente anestesiado e enfeitiçado pela lascívia e beleza insuperáveis que este transpira. Banhem a vossa espiritualidade neste celestial oásis e vivenciem um dos discos mais estimulantes de 2017.

🎧 Kikagaku Moyo / 幾何学模様 - 'Stone Garden' EP (2017)

420 | Harley and J

www

quinta-feira, 20 de abril de 2017

✝ Electric Wizard ✝

Witchcraft - 'The Alchemist' (2007)

Youtube

🎧 Six Sigma - 'Tuxedo Brown' (2017)

Review: ⚡ Lord Loud - 'Passé Paranoia’ (2017) ⚡

Está finalmente lançado um dos discos por mim mais aguardados de 2017: ‘Passé Paranoia’ do poderoso power-duo californiano Lord Loud. Oficialmente lançado no passado dia 18 de Abril em vinil (numa edição ultra limitada) pela mão da King Volume Records (responsável pela distribuição em solo americano) e pela Kozmik Artifactz (responsável pela distribuição em solo europeu), este magnífico álbum de estreia da jovem formação enraizada na borbulhante cidade de Los Angeles vem atestado de um robusto, soberano e intrigante Hard Rock, um chamejante, entusiástico e delirante Heavy Psych e ainda apimentado por um cáustico, dançante, sujo e irreverente Garage Rock. A sua sonoridade ardente, erodente e sedutora – regada e corroída pelo efeito fuzz – tem em nós um efeito desmesuradamente provocante que nos euforiza numa intensa comoção de adrenalina via auditiva. São 33 minutos de constante fascínio, prazer e exaltação que nos serpenteiam, salteiam a lucidez e em nós promovem uma violenta ebulição de arrebatamento. Entrem em efervescência ao excitante som de uma guitarra portentosa que superiormente se manifesta em hipnóticos, instigantes, redentores e titânicos riffs e se envaidece em libidinosos, estonteantes e agitados solos. Aventurem-se na medula deste furioso, desgovernado e frenético ciclone ao retumbante e redentor som de uma bateria detidamente entregue a um enérgico, acrobático e fulgurante galope que nos esporeia de lubricidade e comoção. Deixem-se enfeitiçar pelos vocais espectrais, narcotizantes e diabrinos que sobrevoam, inebriam e diabolizam toda a mágica e nebulosa atmosfera de ‘Passé Paranoia’. Este é um álbum absolutamente vibrante que nos imortaliza num extasiante, doce e euforizante estádio febril. Dispam-se de todas as inibições e enfrentem um dos mais excitantes discos do ano.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Review: ⚡ L'Ira Del Baccano - 'Paradox Hourglass’ (2017) ⚡

Da capital italiana chega-nos ‘Paradox Hourglass’, o novo álbum de estúdio do quarteto romano L’Ira Del Baccano. Este seu novo álbum encerra uma dinâmica, envolvente e deslumbrante mistura sonora de onde sobressaem um monolítico, obscuro e inquisidor Doom de essência Sabbath’ica, um requintado, delirante e ensolarado Psych Rock de aura Floyd’eana e ainda um hipnótico, dançante e viajante Prog Rock setentista que nos remete para as exuberantes digressões espaciais de Hawkwind. Toda esta fusão de géneros musicais – que se complementam de forma sedutora e harmoniosa – resulta numa sonoridade orgânica e imensamente estimulante que nos propulsiona na direcção das estrelas. Lançado no passado dia 14 de Abril em formato digital através do seu Bandcamp oficial e nos formatos físicos de CD e vinil pela mão do selo discográfico Subsound Records, este ‘Paradox Hourglass’ conquistara-me à primeira audição. A nossa alma é veiculada pelas artérias cósmicas que se serpenteiam de encontro ao encantamento celestial. Inalem toda esta etérea poeira estelar ao emocionante som de duas guitarras siderais que se galanteiam e namoram em agradáveis, mélicos e inebriantes riffs e se desenlaçam e transcendem em incríveis, vertiginosos e uivantes solos, um baixo sussurrante – detidamente entregue a linhas contemplativas, torneadas e oscilantes – que flutua graciosamente pela paradisíaca atmosfera de ‘Paradox Hourglass’, e uma bateria entusiástica que se perde e encontra nas suas inventivas e mirabolantes acrobacias temperadas a tecnicidade e sentimento. O primoroso, preclaro e luxuoso artwork que brilhantemente embeleza este novo disco de L’Ira Del Baccano é da autoria do ilustrador italiano Fabio Listrani com o qual a banda romana vê amadurecer o vinculo. ‘Paradox Hourglass’ é um álbum majestoso que nos mantém a ele ancorados do primeiro ao derradeiro tema. Diluam a vossa lucidez na nebulosidade espacial de ‘Paradox Hourglass’ e sejam testemunhas privadas de uma das mais admiráveis e extasiantes erupções consciências da vossa existência.

Lemmy Kilmister | Hawkwind

MC5 ★ Kick Out the Jams

Fu Manchu '95

🎧 Lotus Ash - 'The Evening Redness' (2017)

Joy - "Miles Away" @ Cave 45, Porto

segunda-feira, 17 de abril de 2017

🍒 Earthless - "Cherry Red" (2007)

Review: ⚡ Shades - 'Nightfall’ (2017) ⚡

Depois de comungado e reverenciado o seu fascinante álbum de estreia (review aqui), eis que um ano mais tarde me sinto impelido a repetir as palavras elogiosas desta vez dedicadas ao segundo álbum de Shades apelidado de ‘Nightfall’. Este duo natural da cidade portuguesa de Tomar, de guitarras empunhadas e alma eclipsada pelo lado obscuro e outonal do Folk acaba de lançar o seu novo álbum e devo antecipar que se trata de um disco verdadeiramente sublime que nos envolve e lapidifica do primeiro ao último tema. São cerca de 50 minutos governados por uma plácida e contemplativa melancolia que nos respira, anestesia e enluta a alma. As duas guitarras eremíticas entrançam-se numa hipnótica, bucólica e encantadora dança que nos recosta a um estádio de plena soturnidade, confessando na penumbra plangentes e majestosas epopeias que nos intrigam e seduzem. Os seus acordes tricotados com uma desarmante sensibilidade têm em nós um efeito morfínico que nos drena a lucidez, eteriza e fossiliza numa intensa e imperturbável serenidade. ‘Nightfall’ é um álbum para ser escutado relaxadamente debaixo de um céu cor de noite e de olhar adormecido e ancorado num vasto cemitério estelar. Um disco de alma prostrada, lúgubre e solitária que nos navega e conduz pelos lugares mais recônditos, tenebrosos e misantrópicos da existência humana. A narrativa sonora de ‘Nighfall’ é tragicamente bela. Bronzeiem-se e embrenhem-se na soturnidade irradiada por Shades e vivenciem um dos álbuns mais estéticos e poéticos de 2017.

domingo, 16 de abril de 2017

Bongzilla

Tony Alva & Jay Adams @ Wallo’s, Hawaii (1975)

Get a load of this Man!

1000mods - "Vidage" @ Up In Smoke Festival (2016)

⚡ Joy & Harsh Toke @ Cave 45, Porto ⚡

Na passada sexta-feira desloquei-me até à cidade do Porto para assistir àquela que viria a ser uma das noites musicais mais memoráveis da minha vida. A ementa californiana garantia uma verdadeira detonação de Heavy Psych capaz de nos desintegrar e isso acabou mesmo por se materializar. Promovido pela Garboyl Lives e decorrido no já carismático Cave 45 situado na baixa portuense, Joy e Harsh Toke incendiaram toda uma plateia eufórica. Se no primeiro inverno de 2015 já havia experienciado o fenómeno Harsh Toke na cidade minhota de Viana do Castelo (review aqui), Joy em palco seria uma estreia para mim e, portanto, este empolgante power-trio natural de San Diego, CA eram os naturais detentores da maior fatia de expectativa para essa assombrosa e selvática noite.

Descendentes directos da entusiástica sonoridade dos históricos ZZ Top, o tridente ofensivo Joy foi verdadeiramente arrasador. Detidamente entregues a uma erótica, furiosa e hipnótica cavalgada superiormente movida e governada pelo seu alucinante Heavy Psych N’ Blues de ares setentistas, a formação californiana teve mesmo uma das prestações mais conquistadores que me recordo de experienciar. De instrumentos firmemente empunhados e em deslumbrante consonância, Joy arrancara para uma poderosa e torneada comoção que compelira toda a numerosa plateia a dançá-la de forma prazerosa, efusiva e libertadora. A exuberante guitarra serpenteava-se em riffs fascinantes, grandiosos e extravagantes, e em incríveis, desvairados e atordoantes solos que nos esgrimiam a lucidez, bronzeavam de adrenalina, e desgastavam a sanidade mental. O incansável baixo de linhas pulsantes, dinâmicas e excitantes tonificava e sombreava de forma sublime todas as alucinantes incursões da guitarra, a voz vivificante, aguerrida e distorcida combatia a desmesurada causticidade expelida pelos instrumentos e ascendia até à tona da psicotrópica nebulosidade de Joy, e ainda a frenética bateria que galopava toda esta desenfreada e arrebatadora perturbação com surpreendentes acrobacias temperadas a perícia e emoção, e que culminara num estapafúrdio e retumbante solo regado de aplausos e entusiásticos clamores. A plateia balanceava-se como podia perante toda este intenso frenesim e no final desta impressionante performance vivia-se um perfeito clima de atordoamento que desaguara no concerto que se seguira.

Seguiam-se uma das mais influentes bandas do panorama Heavy Psych californiano: Harsh Toke. O radical quarteto também sediado na cidade costeira de San Diego brindara todos os fiéis peregrinos que acorreram a este ritual com uma notável performance que se estendera à marca de duas horas de duração. Logo aos primeiros acordes, o público respondera numa desgovernada e desinibida agitação que nunca conhecera qualquer abrandamento. Harsh Toke inflamaram toda a arena do Cave 45 com as suas demoradas, impressionantes e delirantes jam’s capazes de fazer transcender o comum mortal. Ninguém estava indiferente a toda esta narcotizante, estrondosa e reverberante avalanche desprendida pela formação californiana, e fora do palco respirava-se uma atmosfera generalizada de encantamento e excitação. As duas guitarras insanas entrançavam-se em solos vertiginosos, estapafúrdios e dilacerantes que nos atestavam de uma descontrolada exaltação, e aliavam-se na cimentação de riffs vigorosos, obscuros e inquisidores que se agigantavam e nos intrigavam. O portentoso baixo de linhas robustas, encorpadas e baloiçantes liderava com soberana distinção toda esta titânica descarga de intoxicante reverberação, a bateria dilacerante, explosiva e troante esporeava com intensidade e prepotência a poderosa cavalgada Harsh Toke’ana, e uma voz espectral, translúcida e ecoante dissolvia-se nesta densa e brumosa radiação. A minha alma pendulava entre a doce lisergia, o sagrado êxtase e a colérica adrenalina. No final do concerto, perdurava um intenso odor a suor, dores musculares, audição e lucidez turvas e a inabalável certeza de que havia vivenciado uma das noites musicais mais inolvidáveis da minha vida.