Do noroeste da Polónia chega-nos ‘Awake’, o intoxicante EP
de estreia do jovem power-trio
instrumental Seedium. Lançado muito
recentemente e unicamente em formato digital – apesar da garantia deixada pela
banda de um lançamento em formato físico de CD agendado para um futuro próximo – através da sua página oficial
de Bandcamp, este auspicioso primeiro
registo da banda polaca formada em 2017 vem saturado e enfeitiçado por um
nebuloso, temulento, fumarento e pantanoso Psych
Doom carregado pelo erosivo efeito fuzz.
A sua sonoridade imensamente viscosa, morfínica, lisérgica e oleosa convida o
ouvinte a enlamear-se e arrastar-se numa poderosa narcose que o absorve, mumifica, petrifica e revolve do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 27 minutos completamente
ensombrados por uma atmosfera temulenta, distópica, enigmática e pardacenta que
nos desmaia as pálpebras, enluta a alma e esgota até a mais combativa réstia de
lucidez. Ensopem-se neste banho de impassível e psicotrópica escuridão à profética
boleia de uma guitarra untada em THC
que se avoluma e encrespa em riffs
monolíticos, poderosos, umbrosos e demoníacos, e se transcende em solos ecoantes,
ácidos, gélidos e viscerais, um baixo carrancudo de pesada e reverberante bafagem
que se conduz em linhas oscilantes, robustas, corpulentas e pulsantes, e uma estimulante
bateria de toque cintilante, explosivo, ofensivo e tonitruante que galopa
pesada e vagarosamente toda esta alucinógena avalanche capaz de nos induzir um pleno
e prazeroso estádio xamânico. ‘Awake’ é um EP detentor de propriedades
terapêuticas em tudo semelhantes ás do consumo da cannabis, que atestam a capacidade espiritual do ouvinte de uma
poderosa e duradoura dosagem de misticismo redentor. Deixem-se magnetizar, sedar
e recostar numa perfeita sensação de bem-estar, e sintam-se alcançar e
imortalizar nos domínios de um transe
religioso. Seedium é um potente anestésico
via auditivo que vos manterá cientes nas soterradas trevas de um sonho acordado,
e de onde muito dificilmente conseguirão desancorar-se e emergir. Uma das
maiores surpresas hasteadas neste início de 2019 está aqui, na cerrada e esverdeada
exalação de ‘Awake’. Empestem-se na sua turva toxicidade.
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