Assim que escutarem as primeiras
notas exaladas pelo baixo já será demasiado tarde para evitarem o embarque
nesta analgésica e opiácea divagação xamânica pela pausada e lenitiva ondulação
de Bong Of Cthulhu. O seu Psych Doom sobrecarregado de endorfina
tem em nós um efeito depressor que nos obriga a vivenciá-lo de pálpebras semicerradas
e cabeça entregue a um constante movimento pendular. Este power-trio sueco dedicado ao lado mais psicotrópico da música oferece-nos
50 minutos de constante inalação de THC, fazendo do nosso corpo um turíbulo
dançante que se agita ao ritmo tirânico de “Bong Of Cthulhu”. Na constituição
de toda esta densa e narcótica nebulosidade está um baixo sombrio e hipnótico
de murmúrios arrastados e densos, uma guitarra áspera de riffs fumarentos e intoxicantes, e uma bateria vigilante de estimulantes
e resplandecentes palpitações. A sua sonoridade enternecida e monolítica circunda e amortalha
a nossa consciência, massajando-a e obrigando-a à fiel submissão. Obedeçam a
este verdadeiro ritual e testemunhem o prazeroso abrandamento da actividade
psicomotora. Impregnem-se neste bálsamo espirituoso e sintam a sagrada eclosão
da vossa alma rumo ao distante nirvana. Mesmo depois de calada toda esta
anestésica tempestade sonora sentir-se-ão deambular livremente pelos aveludados céus do
bem-estar. Um dos registos mais sedativos do ano está aqui, na estreia de Bong Of Cthulhu. Inalem-no, prendam-no
nos pulmões e exalem-no.
Sem comentários:
Enviar um comentário