É de alma ainda entregue a
um intenso e edénico entorpecimento que escrevo estas palavras dedicadas ao surpreendente
álbum de estreia dos germânicos Bees
Made Honey in the Vein Tree chamado ‘Medicine’. Este quarteto natural da cidade de Estugarda desenvolve um envolvente, celestial
e esplendoroso Psych Rock – de agradáveis
e radiosos ares primaveris – que se transfigura, robustece e agiganta num pesado,
obscuro e possante Psych Doom capaz
de nos perturbar, narcotizar e tombar o semblante de encontro ao peito. Esta extraordinária
e harmoniosa conjugação de sub-géneros musicais resulta numa sonoridade
verdadeiramente excitante, hipnótica e fascinante que nos mantêm mumificados
num ininterrupto encantamento. São 45 minutos de sumptuosidade e deslumbramento
à boleia de uma guitarra erótica que se serpenteia em extasiantes e majestosos acordes
e em lisérgicos e delirantes solos, um baixo oscilante que se avoluma com as
suas linhas densas, vigorosas e deliciosamente ritmadas, uma bateria absolutamente
arrebatadora conduzida a perícia e emoção, e uma voz destemperada, sidérica e ecoante
que sobrevoa a mágica e nebulosa atmosfera de ‘Medicine’. Este é um
álbum tremendamente aliciante que nos mantém a ele magnetizados do primeiro ao
derradeiro tema. Um disco que tanto nos adorna, tranquiliza e seduz, como nos
sacode, liberta e euforiza. Percam-se e encontrem-se nesta prazerosa comoção
que destrancará e dissipará a vossa consciência pelos paradisíacos campos da
alma. Um dos álbuns mais adoráveis de 2017 está aqui, na desarmante sublimidade
de Bees Made Honey in the Vein Tree.
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