As pálpebras pesavam sobre os seus olhos. No entanto, conseguia ouvir os pássaros e o bocejar de um alvorecer ainda sonolento. Com esforço, as duas pálpebras cessaram, ainda que uma delas ficara a estremecer por breves instantes, e pôde então ambientar-se á luz invernal que havia entrado na sua tenda. Agarrou a garrafa de whisky e deu um valente trago antes de se arrastar para o exterior da tenda. Estava uma manhã pouco desperta, cinzenta. O vento gélido e cortante trazia consigo pequenos fragmentos de neve que se refugiavam na sua barba cerrada. Ainda pouco estimulado, penetrou por entre as florestas da montanha em busca de madeira para atear uma fogueira. Regressara com um aglomerado de ramos secos nos seus braços, como se de um bebé se tratasse, e curvou-se para os soltar no chão. Caiu quase inconsciente sobre a neve que cobria o solo, e fitou os céus. Céus redundantes. A sua respiração estava ofegante e sentia-se ser arrastado para longe dos caminhos da benevolência. Enquanto se sentia deslizar pelos verdejantes prados da vida, fora constantemente invadido por paranóias e alucinações. Num grito implacável e repleto de vida, libertou todos os seus desejos que o aprisionavam. De seguida, um véu de silêncio tombou sobre ele e nunca mais o acordou.
Talvez alguém o tenha ouvido…
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