O ano de 2015 continua a adjectivar-se
um ano de constantes chamamentos ao Rock talhado nos anos 70. Desta vez é o quinteto norte-americano Mondo Drag quem o faz. O self titled (segundo disco da banda natural da Califórnia, EUA)
aprisiona o perfumado Prog Rock e o embriagante Heavy Psych - oriundos desse
espaço temporal tão saudosista - numa estonteante e emblemática mistura sonora
que nos acaricia e serena a alma. É a magia tocada com uma unicidade e perícia
deslumbrantes. Uma doce e lisérgica passeata de pálpebras recolhidas pelos
firmamentos de uma atmosfera intensamente onírica. Os instrumentos expandem-se
universo adentro num redentor grito de exaltação, capaz de nos extraviar a
consciência para os lugares mais inóspitos do Cosmos. A guitarra é tremendamente
hipnótica e viajante, criadora de alguns dos mais belos solos que me lembro de
ouvir. Uma aliciante guia que nos conduz à encantadora detonação do bem-estar.
O baixo passeia-se numa mirabolante dança pelas estradas sensoriais que nos mantêm
envolvidos numa persistente hipnose. A bateria cavalgante e entusiástica ecoa
com destaque no âmago de toda esta bruma anestesiante, e o órgão ostenta-se com
as suas incursões borbulhantes e fugazes, desprendendo solos inventivos, verdadeiramente
estarrecedores aos ouvidos humanos. Sintam-se entorpecer ao longo deste disco,
num sideral e implosivo bocejo que respira o que de mais acordado há em nós. Encostem-se,
cerrem os olhos e comunguem este autêntico sonífero com propriedades astrais. Ouçam
o mais recente trabalho de Mondo Drag e sintam-se levitar tão para lá das
portas da percepção. Vai ser demasiado fácil consentirem esta indução de inércia.
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