Desde a minha adolescência
que tenho amadurecido uma desmedida admiração por sonoridades oxigenadas pelas ambiências
plangentes e lúgubres da música. Bandas como Slint,
Bohren & Der Club of Gore, Low e Fall of Efrafa sempre me marcaram de uma forma irremediavelmente
dilacerante, perpetuando as suas almas na minha. Muito recentemente descobrira Undersmile, um quarteto natural de
Oxford, Inglaterra, que enriquecera o lado outonal da música com o seu mais
recente álbum “Anhedonia”, lançado no passado mês de Abril. Sombreado pelo lado
mais plácido e contemplativo do Doom,
este disco tem a capacidade de enlutar o que de mais esperançoso e resplandecente
existe em nós. “Anhedonia” representa uma veemente e pesarosa radiação que nos
assola e entorpece os sentidos, levando-nos a vivenciar um perfeito estado de
inércia durante os seus hipnóticos e cáusticos 70 minutos de duração. Sintam-se
perecer perante os acordes letárgicos e depressores de duas guitarras imersivas,
criadoras de uma magnificente desolação; a vigorosa respiração de um baixo inquisidor;
o compasso vagaroso de uma bateria anestesiada e os doces e melodiosos vocais que
se entrelaçam e concebem uma atmosfera verdadeiramente envolvente onde a
lucidez e vivacidade não subsistem. “Anhedonia” é um disco de beleza excepcional,
uma intensa sedação que nos obriga a vivenciá-lo de cabisbaixo e pálpebras
cerradas. Sintam a paralisante transcendência conduzir a vossa consciência temulenta pela
sublime ruína de Undersmile e testemunhem
uma das mais inolvidáveis narrativas musicais das vossas vidas. “Anhedonia” é
um disco que nos respira e subjuga.
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