Os aventurosos astronautas australianos Comacozer
preparam-se para nos presentear com o lançamento do seu quarto álbum apelidado
de ‘Mydriasis’, promovido sob a forma física de vinil (numa edição
ultra-limitada à prensagem de apenas 100 cópias existentes) pela mão da editora
discográfica holandesa HeadSpin Records (com a qual a banda natural de Sydney
reforça a sua ligação de plena exclusividade editorial). Apesar da sua
apresentação oficial ao público em geral estar agendada apenas para o próximo
dia 28 de Julho, a banda australiana proporcionara-me a oportunidade de o
experienciar na íntegra e em primeira mão. Sendo eu um grande admirador de Comacozer
já desde o seu álbum de estreia, apressei-me a saciar esta crescente
ansiedade motivada pelo anúncio do quarto e renovado capítulo da sua fantástica
odisseia espacial. Ao primeiro vislumbre sonoro de ‘Mydriasis’
escorreguei num acrobático, profundo e hipnótico vórtice que me desterrara da gravidade
terrestre para me arremessar pelas mais íntimas, secretas e obscuras zonas de
um Cosmos gélido, decrépito e desabitado. Atestado de um deslumbrante, vultoso,
sónico e atordoante Heavy Psych temperado e embriagado por um envolvente,
místico, morfínico e extasiante Space Rock de idioma alienígena que em harmoniosa
coligação se reproduzem em criativas, eloquentes, longas e evolutivas jams
de natureza puramente instrumental, este ‘Mydriasis’ pendula entre uma meditativa,
intrigante e lenitiva narcose que nos sepulta num inamovível estádio de
perfeita inércia, e uma destravada, saturada e fervilhante euforia que em nós
se agiganta e amotina sem qualquer moderação. Numa propulsão consciencial somos
cortejados e sugados pela dominante gravidade de Comacozer – penetrando
pelas frondosas, narcotizantes e poeirentas nebulosas que coloram e alumiam o vasto
negrume sideral, e serpenteando e driblando as órbitas de astros moribundos
suspensos em solo estelar – deixando para trás um corpo vazio e desmaiado.
Percam-se, perfumem-se e eterizem-se pelo sagrado e imersivo misticismo de ‘Mydriasis’
à boleia de uma guitarra endeusada – inebriada e consagrada por um caprichoso, edénico
e virtuoso experimentalismo – que se enfatiza em delirados, intoxicantes e
inspirados solos de maviosidade a perder de vista, um baixo corpulento de
reverberação massiva, fluída, pulsante e altiva, uma cativante bateria de ritmicidade
magnetizante, explosiva, fogosa e excitante, e um mágico e alucinante sintetizador
capaz de exorcizar toda a infindável alma do Cosmos. De destacar e elogiar
ainda o extraordinário artwork – de méritos apontados à artista
australiana Sally Patti Gordon – que espelha na perfeição toda psicotrópica
demência que governa o génio de ‘Mydriasis’. Chego ao final dos 46 minutos, que balizam e
interligam os três temas existentes, de alma completamente inanimada e pasmada com
este orgiástico registo de Comacozer. Deixem-se embevecer na suas arrebatadoras
jams executadas e orientadas a uma inesgotável e adorável inovação.
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