Com o
epicentro localizado na cidade-capital de Estocolmo (Suécia),
chegam-nos as ondas sísmicas provocadas pelo enérgico power-trio Domkraft
que nos presenteia e bombardeia com o seu novíssimo álbum – provavelmente o meu
favorito da banda nórdica – intitulado ‘Sonic Moons’ e lançado pela mão
da Magnetic Eye Records através dos formatos LP, CD, cassete e digital.
Este novo capítulo da sua impactante propulsão cósmica principiada em 2015 tem
como combustível um intoxicante, vertiginoso, delirante e poderoso Psychedelic
Doom – sintonizado na mesma frequência dos saudosos Zoroaster – que
nos viaja a uma estonteante velocidade pelas autoestradas da vacuidade sideral
e distorce as coordenadas do espaço-tempo. A sua sonoridade buliçosa, vigorosa
e electrizante embarca o ouvinte num alucinante escapismo sónico que lhe
subtrai toda a lucidez e sensibilidade sensorial, deixando-o à deriva num insano
estádio de febril embriaguez. De dentes cravados no lábio inferior, olhar
fulminante e cabeça rodopiante, driblamos todos os astros que se vão
desenraizando e revelando no firmamento do negro solo cósmico e resvalamos as
costuras que delimitam a infinidade celestial. Uma turbulenta, redentora e
enlouquecedora odisseia à impressionante boleia deste cometa que golpeia e incendeia
a eterna noite espacial. ‘Sonic Moons’ é uma intensa detonação de
adrenalina que não deixará ninguém indiferente. Uma mastodôntica avalanche de
endorfinas que nos atropela e sacode. Deixem-se varrer pelas fortes rajadas de ventos
psicotrópicos bafejados por uma imperiosa guitarra – encrostada a crocante,
crepitante e faiscante efeito Fuzz – que se agiganta numa obsessiva
marcha de enfeitiçantes, monolíticos, místicos e viciantes riffs de onde
esvoaçam escorregadios, trepidantes, ziguezagueantes e gélidos solos,
ensombrecer pela umbrosa, oleosa, espessa e pantanosa reverberação de um baixo
hipnótico, açoitar pela viril potência de uma vulcânica bateria pontapeada a expressiva,
explosiva, robusta e incisiva ritmicidade, e estremecer pela rispidez dos
vocais ecoantes, ásperos, abrasivos e gritantes. A colorida e soberbamente
detalhada ilustração que dá rosto a esta infernal combustão aponta os seus
créditos autorais ao artista sueco Björn Atldax (que há muito colabora
com a banda). São 47 minutos de incessante ebulição. Um violento, vibrante e
barulhento arrastão que nos canaliza e inferniza pelos buracos negros do
Universo. Chego ao fim desta galopante viagem galáctica completamente atordoado,
extenuado, ofegante e de mãos apoiadas nos joelhos. Este é um álbum
verdadeiramente demolidor, detentor de uma inflamada e efervescente pujança que
nos agride e centrifuga sem qualquer misericórdia. Isto é Domkraft no seu
melhor.
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