sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Review: 💊 Kosmodrom - 'Welcome to Reality' (2023) 💊

★★★★

A Alemanha é muito provavelmente o mais populoso viveiro europeu de bandas que apontam os seus instrumentos ao Psychedelic Rock. De entre incontáveis referências autóctones, Kosmodrom sempre foi uma das minhas favoritas e, portanto, foi com um intenso brilho no olhar que me deparei com o tão ansiado lançamento do seu novíssimo álbum ‘Welcome to Reality’ através dos formatos LP, CD e digital, cinco anos após a apresentação do seu antecessor ‘Gravitationsnarkose’ (aqui desconstruído) e oito anos depois do nascimento do seu EP de estreia ‘Sonnenfracht’ (review aqui). Replicando a receita musical que celebrizara a banda, este fantástico quarteto germânico viaja(-nos) pelo deslumbrante Cosmos à gratificante boleia de um narcotizante, idílico, quimérico e apaixonante Heavy Psych que tanto se ameniza em reflexivas, anestésicas, sidéricas e lenitivas passagens com vista desimpedida para a noite estelar, como se euforiza em flamejantes, vulcânicas, titânicas e excitantes erupções que vomitam magma incandescente. Contando ainda com os apimentados temperos de um arenoso, quente e fogoso Desert Rock carburado a alta rotação, e as etéreas brisas de um viajante, atmosférico e fascinante Space Rock em constante propulsão, este impactante ‘Welcome to Reality’ vive de uma bipolaridade emocional que tanto anoitece e absorve o ouvinte numa melancólica introspecção de ambiência glacial, como o sobreaquece e revolve num vibrante vórtice de clima infernal. É neste constante pêndulo que encontramos uma sublimada beleza que nos prende a respiração, uma frágil ternura que acorda toda a permeabilidade emocional do coração, uma incontida explosão de endorfinas que nos deixam inflamados numa intensa combustão de prazer. Deixem-se embevecer pelos serpenteios enleantes de duas guitarras enfeitiçantes que – de mãos dadas – desenham perfumados, afrodisíacos, místicos e invertebrados Riffs empapados numa escaldante distorção e de onde esvoaçam excelentes, prismáticos, orgiásticos e iridescentes solos coloridos a intoxicante acidez, um baixo nervudo, pulsante, vagueante e sisudo que sombreia e engrossa o Riff-base, e uma bateria tanto relaxante, reconfortante e cismática como incisiva, enérgica e explosiva que pauta toda esta autêntica detonação de plena satisfação. Este é um álbum verdadeiramente cativante, edénico e viciante que nos sufoca de sedução. Aturdidos, embriagados e tomados de assalto por toda esta avalanche de inefável êxtase, velejamos pelos mares de Kosmodrom ao longo de uns deliciosos 52 minutos de duração. No final, somos deixados de queixo tombado, semblante pasmado, olhar arregalado e espírito integralmente conquistado por todo este exorcismo planetário que a sonoridade de ‘Welcome to Reality’ constrói no imaginário de quem o comunga. Sem surpresas, um dos melhores álbuns do presente ano está aqui, na borbulhante fervura de tintura psicadélica dos aventurosos cosmonautas alemães.

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