O jovem e
talentoso quinteto britânico Silveroller acaba de lançar o seu muito
aguardado EP de estreia intitulado ‘At Dawn’ através dos formatos LP, CD
e digital com carimbo autoral, e – devo antecipar – que muito dificilmente poderia
ser mais do meu agrado. Maturada pela dourada radiância dos 70’s e norteada por
um libidinoso, serpenteante, contagiante e delicioso Blues Rock de
balanço boogie e influência ZZ Top’ica que se passeia envaidecidamente de mãos dadas a um fogoso,
musculado, torneado e espirituoso Hard Rock que vagueia entre Led
Zeppelin e Boston, e a um lustroso, perfumado, ensolarado e glorioso
Southern Rock de texanas calçadas a fazer lembrar os saudosos Lynyrd Skynyrd e The
Allman Brothers Band, a intimista, carismática, clássica e revivalista sonoridade
de Silveroller abraça e namora o ouvinte do primeiro ao derradeiro
minuto. Compartimentado em seis temas desiguais, costurados a formosura,
harmonia, simetria e inefável doçura, que alternam entre apimentadas, buliçosas
e voluptuosas galopadas capazes de nos sobreaquecer e euforizar, e arejadas, comoventes
e caramelizadas baladas que nos anoitecem e sufocam de mélica nostalgia, ‘At
Dawn’ vem ainda aureolado pela deÃfica luzência da música Soul que prontamente
nos remete para os holandeses DeWolff (não surpreende que Silveroller
tenha sido a banda-suporte escolhida para acompanhar os DeWolff na sua tour em território britânico que está prestes a começar). Cantarolando com afinco e
emoção à flor da pele os vistosos e viciantes refrões que dão cor e vida à s
canções, baloiçando o corpo numa desavergonhada dança reptiliana, e sorrindo –
ainda que de olhar nostálgico e lacrimoso – na instintiva resposta comportamental
a tudo o que a encantadora musicalidade da turma inglesa nos transmite, somos
submetidos a uma tal permeabilidade emocional capaz de derreter e enternecer o
mais gélido dos corações. Na composição deste irretocável EP perfilam-se uma
guitarra afrodisÃaca – de odor vintage e amarelecida tonalidade Jimmy Page’eana
– que se manifesta em Riffs dançantes, cálidos e apaixonantes, e solos uivantes,
virtuosos e emocionantes, um baixo groovy de linhas sombreadas,
texturizadas e ondeantes, uma vivaz bateria a galope de uma ritmicidade expressiva,
entusiasmada e vibrante, um arrepiante órgão de mugidos empolados, bulbosos e polposos,
e uma voz liderante e felina – perseguida de perto por um angelical coro vocal –
de pele melodiosa, açucarada e ostentosa. ‘At Dawn’ é um registo
imensamente magnético e deslumbrante, de sentimentalismo sincero e purificante,
que nos inunda de boa disposição. Um EP detentor de um charme irresistÃvel que
nos deixa totalmente embevecidos, de lábios mordidos e ouvidos salivantes. É
impossÃvel ouvi-lo apenas uma vez, duas ou três. Um dos mais fortes candidatos
a melhor EP do ano está aqui, no brilho diamantino de Silveroller que
faz do passado o seu presente e futuro.
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