quinta-feira, 13 de março de 2025

Review: 🏄 Futuropaco - 'Fortezza di Vetro vol. 2' (2025, El Paraiso) 🏄

★★★★

Depois de em 2023 ter ingerido e aqui vertido em palavras tudo aquilo que o apetitoso cocktail ‘Fortezza di Vetro vol. 1' provocara em mim, regresso agora com uma apaixonada análise ao segundo e derradeiro volume desta aventurosa sessão musicada a uma única mão pelo talentoso multi-instrumentista californiano Justin Pinkerton (baterista dos saudosos Golden Void). Editado pela insuspeita companhia discográfica dinamarquesa El Paraiso Records nos formatos LP, CD e digital, este quente, absorvente e apaixonante ‘Fortezza di Vetro vol. 2' bronzeia-se nas paradisíacas praias de um colorido, afrodisíaco, baloiçante e ensolarado Psychedelic Rock de balanço Funk, exuberante caligrafia árabe, condimentos turcos e vistosas semelhanças com Khruangbin e Ouzo Bazooka, atreve-se num admirável safari pelas savanas africanas de um enfeitiçante, ritmado, exótico e dançante Zamrock sintonizado na mesma frequência de Here Lies Man, e passeia-se pelas misteriosas atmosferas cinematográficas do realizador italiano Dario Argento à boleia de um estético, esponjoso, enigmático e formoso Progressive Rock a fazer recordar os clássicos Goblin. A sua sonoridade sensual, dulcífica, mística, camaleónica e puramente instrumental – temperada a um refrescante aroma tropical, norteada por um experimentalismo sem fronteiras e iluminada por um exotismo cerimonial – meneia-se, envaidecida e graciosamente, ao longo das suculentas nove faixas que compartimentam o álbum. De corpo bailante, cabeça rodopiante e olhar cintilante, navegamos – embriagados e extasiados – pelas correntes oceânicas de Futuropaco. Afogueados pelo desejo e levados pela irresistível sedução de ‘Fortezza di Vetro vol. 2', fantasiamos com a velha Pérsia e entramos no elenco de “As mil e uma noites”. Um fascinante sonho acordado de verão superiormente musicado por uma guitarra sultana de riffs polposos e solos caleidoscópicos, um baixo elástico de bafo pulsante, uma bateria tribalista de cativantes acrobacias jazzísticas e um perfumado teclado de atraentes bailados orientais. Uma revigorante massagem cerebral de consagração sensorial e libertação consciencial que nos mantém saciados ao longo de todo o seu corpo temporal. Deixem-se absorver, enternecer e deleitar pelo encaracolado, sagrado, açucarado e apetitoso groove de Futuropaco que seguramente não deixará indiferente nenhum comum mortal.

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