domingo, 24 de agosto de 2014

Rock d'Ouro : A estreia de um sonho acordado!


Sinto uma mescla de alívio e saudade. Alívio porque foram 6 meses intensos de trabalho e inteira dedicação. 6 meses de constantes preocupações, tratamento de problemas bur(r)ocráticos e – consequentemente - muito desgaste emocional. Saudade porque a 1ª edição do festival Rock d’Ouro foi demasiado especial para ser vivenciada num impaciente ano de intervalo (como seguramente esperamos). Da desmedida ambição ao despertar de um sonho já pré-histórico. Conseguimos fazer de um terreno inóspito e selvagem, beijado pelo rio Douro, um espaço de atmosfera verdadeiramente sedutora. Um paraíso domesticado, que - para além de nós - tantos festivaleiros e músicos admitiram tratar-se. E como se isso não bastasse, ainda conseguimos anexar a esse espaço, uma Quinta (Quinta das Amendoeiras) com toda a sua envolvência vinhateira, bem como um espaço dedicado ao campismo junto ao rio Douro. Depois de tudo ultimado, o testemunho do protagonismo passava para as bandas e a sua prestação em palco, bem como para a resposta do público (em quantidade e qualidade). E se esperávamos ter recebido mais gente, no que toca à qualidade do público foi do melhor possível. Respirava-se uma perfumada harmonia e todos sorriam entre si. Sun Mammuth foram verdadeiramente entusiasmantes, transpirando todo o seu Stoner Rock rochoso e musculado. Electric Super Sex exibiram-se numa performance altamente delirante e conquistadora, saudando os presentes com o seu psicadelismo meloso. Stone Dead testaram a saúde dos alicerces do palco (e que teste!) com o seu estonteante Blues carregado de peso e whiskey (eles vão perceber). Maga e LSD Jam Collective estarreceram toda uma plateia com o lado mais groovesco e musculado do Stoner Rock, numa intensa, avassaladora e entusiástica cavalgada. Memoires of a Secret Empire terminaram da melhor forma um belo dia de bela música e ambiência com o seu Post-Metal hipnótico e estarrecedor. Um petardo prazeroso que nos entorpeceu e incendiou a alma. No final de tudo o desejo em prolongar aquela que já se adectivava de ‘noite perfeita’, ganhou forma e fez com que praticamente todos os festivaleiros e músicos presentes no emblemático vale do Douro se juntassem e convivessem entre si numa língua universal apelidada de Música. Regressei à tenda debaixo de um céu imensamente estrelado e luzente com o orgulho estatelado em mim. Aquele espaço que nos é tão especial, foi – finalmente – o palco onde todos os sonhos deram à costa e em nós ficaram sob a forma de uma memória imortal.

Um colossal obrigado aos tantos que nos felicitaram pelo Rock d’Ouro, dedicando – ainda - deleitosas apreciações sobre o mesmo, e a todos os nossos amigos que se voluntariaram e trabalharam no terreno durante o festival. Também um agradecimento especial aos bombeiros voluntários de Carrazeda de Ansiães pela sua colaboração. Um renovado obrigado aos músicos que viveram de forma indomesticavelmente intensa toda aquela experiência mutuamente transcendente, e um obrigado ainda ao Mário Negreiros e a todos aqueles que nos apoiaram logística e financeiramente fazendo deste sonho, um sonho acordado.

E, claro, a vocês (Nádia, Miau, David, Marco, Gilberto, Fátima, Simão e Cristiano) pela vossa inabalável dedicação e empenho. Fomos, somos e seremos sempre uma família.

BOTA PRÁ CARRAZEDA!

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