Volvidos quatro anos
após o lançamento de ‘UMMON’ (aqui trazido e esmiuçado), o
tridente francês SLIFT está de regresso com a ciclónica explosividade
que lhe é caracterÃstica. Intitulado ‘ILION’ e promovido pela histórica
editora discográfica norte-americana Sub Pop através dos formatos LP, CD
e digital, este terceiro álbum da banda enraizada na cidade francesa de Toulouse
vem munido de um electrizante, catártico, bombástico e euforizante Heavy
Psych de fervilhante irreverência a fazer lembrar os australianos King
Gizzard & the Lizard Wizard, um viajante, vertiginoso, ventoso e
enfeitiçante Space Rock de sónica propulsão Hawkwind’esca, e
ainda um estimulante, esponjoso, serpenteante e oleoso Krautrock de pulsação
Can’ica e NEU!’esca. Situada numa atmosfera alienÃgena, febril e
atordoante, a imaginativa, exótica e expansiva sonoridade de ‘ILION’ ricocheteia entre
trepidantes, eufóricas, selváticas e inflamantes cavalgadas – desdobradas à boa
moda de Baroness e Kylesa – que nos rodopiam na alucinante vertigem
de um delirante vórtice, e reflexivas, etéreas, onÃricas e lenitivas passagens de
condimentos Progressivos – de inspiração trazida dos clássicos britânicos
YES e Genesis – que nos relaxam, confortam e adormecem. Vagueando
em órbita destes dois mundos tão desiguais, entre o apocalipse e a salvação, o ouvinte tanto é varrido e engolido por uma
excitante, tormentosa e vibrante comoção que o sobreaquece e endoidece, como é
banhado por uma sidérica, introspectiva e anestésica serenidade que o embevece
e anoitece. São 80 minutos de uma admirável, apreciável e gloriosa odisseia Stanley
Kubrick’esca, pilotada por uma vulcânica guitarra de fortes rajadas psicotrópicas
que se manifesta em riffs monolÃticos, sufocantes, despóticos e dilacerantes,
e solos luzidios, ácidos, insanos e fugidios, um baixo atlético de linhas
pulsantes, tensas, densas e dominantes, uma bélica bateria metralhada a um ritmo
enérgico, ofensivo, altivo e frenético, vocais ecoantes, tanto gritados com pujança
infernal e urticante ardor, como robotizados num tom celestial, monocórdico e
sacerdotal, e sintetizadores enigmáticos, melódicos e dramáticos, criadores de toda
uma deslumbrante ambiência cinematográfica SCI-FI. ‘ILION’ é um
álbum de contornos messiânicos que nos jornadeia através da impiedosa centrifugação
de um raivoso furacão locomovido a quente euforia, como das mansas águas de um infindável
oceano oxigenado a fresca letargia. A banda-sonora perfeita para emoldurar a
queda da humanidade e o renascimento de todas as coisas no tempo e no espaço.
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