segunda-feira, 7 de julho de 2025

Review: ✨ Da Captain Trips - 'In Between' (2025, Subsound Records) ✨

★★★★

O quarteto italiano Da Captain Trips está de regresso com o lançamento do seu novíssimo álbum, três anos depois do seu antecessor ‘Maths of the Elements’ (aqui revisto e copiosamente elogiado), apelidado ‘In Between’ e editado nos formatos LP, CD e digital com o carimbo da companhia discográfica romana Subsound Records. Norteado por um relaxante, aromático, magnético e extasiante Psychedelic Rock com um fresco e salgado sabor a mar, um meditativo, libertador, revelador e lenitivo Space Rock com vista desabrigada para a eterna noite cósmica, e um atmosférico, deslumbrante, apaixonante e cinematográfico Post Rock que nos faz lacrimejar, ‘In Between’ inspira-se n’O Livro Tibetano dos Mortos. Uma ponte entre a vida e o renascimento, intervalada pela morte e electrificada pela imortal energia consciencial, onde se vislumbram divindades e percepciona a irradiante clara luz primordial. Combinando influências de bandas como 35007, Ahkmed, Leech, My Brother the Wind, Interkosmos e Rotor, a sua mística, ritualística e celestial sonoridade leva o ouvinte a testemunhar uma milagrosa experiência transcendental que lhe desancora a consciência da gravidade terrestre e, deixando para trás o seu respectivo corpo caído, vazio e inanimado, ascende aos mais distantes astros do espaço alienígena incensado a aroma oriental. De olhar envidraçado, sorriso desabrochado e espírito embriagado embarcamos numa transformadora, regeneradora e fantástica odisseia onde o anoitecer da vida se mistura com a amanhecer da morte. Uma verdadeira revolução espiritual que nos metamorfoseia as lentes da percepção e estimula a emancipação mental pela vertigem das autoestradas siderais. Ataráxico, anestésico, sublime e mágico, ‘In Between’ é um álbum verdadeiramente maravilhoso, de propriedades terapêuticas, que parece musicar, endeusar e eternizar as mais belas memórias da nossa vida. Com comoventes passagens que nos acordam a nostalgia, abrandam a respiração, amolecem o coração e agitam a ondulação das águas que se escondem por detrás dos nossos olhos, esta inspiradora obra de Da Captain Trips vive na luz e na sombra, na esperança e na descrença, colocando-nos num estado de total permeabilidade emocional. Na génese deste fármaco capaz de curar a alma e de a preparar para a derradeira partida gravitam entre si uma admirável guitarra de acordes conduzidos a atraente sagacidade e edificados a lapidar fragilidade, um baixo vagabundo de linhas elásticas, hipnóticas e ondulantes, uma bateria lustrosa de ritmicidade airosa e estimulante, e toda uma imersiva profusão de teclados enfeitiçantes que entoam veludosas e tocantes melodias Angelo Badalamenti’anas. Este é um álbum imensamente sedutor, detentor de uma consumada beleza crepuscular, que nos adormece, enternece e conforta. Um registo emocionante, revestido por um manto estelar, atestado de uma sensibilidade que nos desarma e atira aos braços da vulnerabilidade. De espírito anoitecido, ébrio e comovido, percorremos, sonâmbulos, os velhos corredores da doce melancolia que nos aprisionam num utópico mundo de fantasia. Percam-se e encontrem-se na intimidade do universo onírico de Da Captain Trips sem a mais pequena vontade de despertar. São 38 minutos de irresistível sedução. No final deste miraculoso ‘In Between’ só nos resta pestanejar, secar as lágrimas e demoradamente suspirar: “Que álbum tão lindo!”.

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Review: 🍹 Goblyns - 'Three Sisters' (2025, Crazysane Records) 🍹

★★★★

Depois de no passado ano ter sido bronzeado e contaminado pelas boas vibrações exaladas pelos poros do sublime álbum de estreia de Goblyns – intitulado ‘Hunki Bobo’ e aqui trazido e traduzido em decorosas e elogiosas palavras –, sou agora novamente subjugado à maravilhosa resplandecência deste exótico tridente domiciliado na cidade-capital alemã de Berlin que acaba de lançar o seu segundo trabalho de longa duração apelidado ‘Three Sisters’ e editado sob as formas de LP, CD e digital com o carimbo editorial da germânica Crazysane Records. Este frutado, açucarado, multicolorido e delicioso cocktail musical – de textura polposa e sabor tropical – tem como seus ingredientes reinantes um magnetizante, matizado, arenoso, ensolarado e provocante Psychedelic Rock de um forte pulso Funk que nos faz saltitar os ombros, um imersivo ritmo Krautrock que nos rodopia a cabeça, um incessante galope Zamrock que nos viaja num empolgante safari de boas sensações, uma fresca brisa Soul que nos eteriza e seduz, e toda uma cinematográfica atmosfera que se desdobra na infinidade do nosso imaginário e nos conduz aos Ennio Morricone’scos desertos do Spaghetti Western. A sua sonoridade distendida, quente, sorridente e fluída banha-se nas paradisíacas praias de bandas como Kikagaku Moyo, Khruangbin, Futuropaco, Here Lies Man, The Budos Band, The Meters, Glass Beams, W.I.T.C.H. e CAN, prendendo, maravilhando e deleitando o ouvinte do primeiro ao derradeiro tema. Fascinados, levemente embriagados e levados pelo esponjoso, irresistível e apetitoso groove de Goblyns, somos contagiados pela boa disposição de ‘Three Sisters’ que nos conserva de olhar semi-cerrado e sorriso desenhado no rosto. Uma enfeitiçante, incansável e purificante dança tribal onde nos perdemos e encontramos por entre gargalhadas ecoantes, visões caleidoscópicas e um atordoamento sensorial. Numa dança gravitacional, a delirante guitarra de serpenteantes, sensuais, gulosos e viciantes Riffs – ocasionalmente electrificados e inflamados pelo urticante efeito Fuzz – e solos derretidos, borbulhantes e desmaiados, o baixo elástico de linhas pulsantes, carnudas, ondeantes e hipnóticas, a tribalista bateria de ritmicidade absorvente, desembaraçada, compenetrada e excitante, e os vocais leves, sussurrados, delicados e espectrais coabitam num inquebrável abraço orbital. São 35 minutos de estadia num autêntico oásis sensorial. ‘Three Sisters’ é um álbum de fácil digestão e imediata atracção que nos leva à rendição e conquista. Um disco triunfante, de luz vibrante e coloração estonteante, que nos obriga a bailá-lo com voracidade e sofreguidão até que a fadiga nos derrube. A banda-sonora perfeita para o Verão.

Links:
 Facebook
 Instagram
 Bandcamp
 Crazysane Records

🖤 Support EL COYOTE

quarta-feira, 25 de junho de 2025

🎁 Frank Zappa - 'One Size Fits All' (25/06/1975)

⚓ Seals & Crofts - "Summer Breeze" (1972)

🧘 My Sleeping Karma @ Freak Valley Festival (2025)

🏌️‍♀️ Caravan - "Golf Girl" (1971)

🧙‍♀️ Margarita Witch Cult - "Witches' Candle" (2025, Heavy Psych Sounds)

💘 Canterbury Scene

🍄 Jimi Hendrix

👿 Tony Iommi ✟ Black Sabbath

🦇 Mapledurham Watermill, UK