quarta-feira, 27 de novembro de 2019

🎖 Proggy 49th Birthday 'Gentle Giant' (1970, Vertigo)

🌸 Jimi Hendrix (27/11/1942 🎗 18/09/1970)

Review: ⚡ Zone Six - 'Kozmik Koon' (2019) ⚡

Com mais de duas décadas de produtiva existência, o emblemático tridente germânico Zone Six prepara-se agora para dar seguimento à sua inesgotável capacidade de exploração musical, acrescentando mais um título à sua já populosa discografia. Com o seu lançamento oficial agendado para o próximo dia 6 de dezembro na forma física de CD e vinil através da insuspeita editora discográfica alemã Sulatron Records, este novo álbum de estúdio designado de ‘Kozmik Koon’ vem oxigenado por uma misteriosa mas fascinante atmosfera alienígena de onde facilmente se reconhece um viajante, meditativo e purificante Space Rock e um envolvente, enigmático e eloquente Krautrock tingidos e ungidos por um desarmante psicadelismo de propensão astral. De corpo relaxado, olhar eclipsado e alma embriagada é-nos desatada a consciência e içada até aos mais recônditos e longínquos territórios de um Cosmos bocejante. Uma evolutiva, fabulosa e criativa odisseia espacial que nos permite alcançar e mapear novas zonas do negrume sideral que subsistem e envelhecem no solitário anonimato. Embalados e canonizados pela mística profecia estelar de ‘Kozmik Koon’, somos visitados por uma perdurável e imperturbável sensação de bem-estar que nos mitiga os sentidos do primeiro ao último minuto. São cerca de 45 minutos aureolados por uma purificante ambiência trazida do lado sombreado da Lua. Um misterioso ritual liderado e perpetuado pelos astros, que prontamente nos seduz e conduz através de uma profunda hipnose. De pés enraizados no solo terrestre e cabeça soterrada na vertigem cósmica, somos enfeitiçados, colhidos e extasiados por uma guitarra sublimada que se transcende e multiplica em solos ecoantes, lisérgicos, gélidos e deslumbrantes, um morfínico baixo que se agiganta, adensa e serpenteia em linhas pulsantes, hipnóticas e bafejantes, uma bateria tribalista e cintilante de cadência repetitiva e embalante, um messiânico sintetizador de hálito intoxicante e catalisador, e ainda toda uma mágica profusão de berrantes, insanos e gritantes efeitos especiais que sondam e amplificam os siderais gritos das estrelas. ‘Kozmik Koon’ é um álbum verdadeiramente atraente que nos deixa à deriva – absortos e impressionados pelo seu intenso exotismo – numa realidade estrangeira à conhecida e vivida. Deixem-se capturar, consagrar e permeabilizar pelo etéreo psicadelismo de Zone Six e vivenciem com firme comprometimento e arrebatamento uma das obras mais inspiradas da sua história.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

🤩 Atomic Rooster - "Sleeping for Years" (live, 1970)

🐍 All Them Witches - "1X1" (2019)

🔌 The Dues - 'Ghosts of the Past' (2019)

▶️ Ambassador (live, 2019)

🎖 Proggy 48th Birthday YES - 'Fragile' (1971, Atlantic)

©️ One Horse Town Illustration

📀 Grin - 'Translucent Blades' (17/01/2020 via Crazysane Records)

🧨 Lemmy Kilmister // Motörhead

🚀 Kaleidobolt - "Big Sky Land" @ SonicBlast Moledo '19

domingo, 24 de novembro de 2019

🌋 Monolord - "Empress Rising" @ SonicBlast Moledo '19

🏄‍♂️ Sacri Monti - "Over the Hill" @ SonicBlast Moledo '19

Review: ⚡ Satorinaut - 'A Micro Trip from the Studio to Outer Spaces and Beyond' (2019) ⚡

Da grande e populosa cidade-capital de Budapeste (Hungria) chegam-nos as intoxicantes, intergalácticas e atordoantes jam’s do recém-formado tridente cosmonauta Satorinaut com o seu empolgante álbum de estreia apelidado de ‘A Micro Trip from the Studio to Outer Spaces and Beyond’. Lançado e promovido no final de Setembro exclusivamente em formato digital e com a possibilidade de download gratuito através da sua página de Bandcamp oficial, este registo de longa duração – tal como o nome sugere – convida o ouvinte a um vertiginoso mergulho na vastidão cósmica, driblando-o pelo abraço gravitacional dos astros, dissolvendo-o nas aparatosas, poeirentas e coloridas nebulosas, e catapultando-o até às costuras fronteiriças de um solitário espaço astral vendado pela obscuridade. De olhar selado, cabeça tombada sobre o peito, sentidos sedados e consciência exorcizada e esvaída pelo solo alienígena, somos hipnotizados e deslumbrados pelas espaçosas, temulentas, imersivas e aventurosas jam’s instrumentais – maquilhadas e centrifugadas por um electrizante, ácido e contagiante Heavy Psych a fazer lembrar os texanos Tia Carrera ou os parisienses Domadora – que se hasteiam, esperneiam e desdobram ao longo dos 62 minutos que balizam este álbum. Soterrados numa profunda e febril narcose, é-nos instintivo oscilar os membros à boleia rítmica da psicotrópica ondulação promovida por uma encantadora guitarra que se ultrapassa na alucinante e ziguezagueante condução de solos extravagantes, labirínticos, ciclónicos e estonteantes, um baixo de murmurante, pesada e narcotizante reverberação afunilada através de linhas sombreadas, densas e onduladas, e uma entusiástica bateria locomovida a um toque cintilante, explosivo, incisivo e flamejante. Admito que já sentia saudades de um álbum integralmente lavrado ao criativo e exploratório improviso dos três instrumentos-reis, e – portanto – esta emocionante estreia de Satorinaut causara em mim um efeito catártico como que chuva no deserto. Este é um álbum saturado de uma adrenalina contida que nos mantém fascinados e extasiados do primeiro ao derradeiro minuto. Deixem-se sublimar, mumificar e inquietar pelo delirante exotismo irradiado pelo ‘A Micro Trip from the Studio to Outer Spaces and Beyond’ e embarquem numa fabulosa odisseia espiritual que vos banhará e embriagará de uma nirvânica ataraxia. Exponham-se à tóxica radiação de Satorinaut e vivenciem sem qualquer amarra ou inibição um dos álbuns mais arrebatadores do ano.

Links:
 Bandcamp

©️ Fred Fields '88

⭕️ Queens of the Stone Age - 'Rated R' (2000)

©️ Zoe Stanley

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Review: ⚡ Hazemaze - 'Hymns of the Damned' (2019) ⚡

Da cidade-capital de Estocolmo (Suécia) chegam-nos os renovados ecos Black Sabbath’icos do tridente nórdico Hazemaze. Depois de no passado ano de 2018 se terem estreado com o seu ovacionado álbum homónimo (aqui devidamente desconstruído e reverenciado), esta jovem formação escandinava ressurge agora com a tão esperada promoção do seu segundo trabalho de longa duração designado de ‘Hymns of the Damned’. Oficialmente lançado hoje mesmo em formato digital e sob a forma física de vinil (através da editora discográfica dinamarquesa Cursed Tongue Records) e CD (através do selo discográfico norte-americano Ripple Music), este novo álbum de Hazemaze vem assombrado e dominado por um enigmático, lutuoso, poderoso e litúrgico Proto-Doom de adoração ocultista e inspiração setentista que se mistura por entre a vistosa locomoção de um ostentoso, sobranceiro, carismático e imperioso Hard Rock de roupagem combativa e paladar revivalista. Fundamentado numa sonoridade verdadeiramente intrigante, demoníaca, esfíngica e apavorante, ‘Hymns of the Damned’ obscurece, entristece e profana a alma do ouvinte, convertendo-a e enclausurando-a nas masmorras da misantropia. De semblante horrorizado, corpo sedado e pupilas dilatadas somos persuadidos a participar num místico e luciférico ritual de sacrifícios destinados ao lado eclipsado da religiosidade. São 42 minutos capitaneados por uma guitarra imperativa de narcotizantes, monolíticos, sombreados e magnetizantes Riffs corroídos e inflamados pelo urticante efeito Fuzz e golpeados por lampejantes, ácidos, incisivos e atordoantes solos, um baixo fibrótico de reverberação pulsante, torneada, carregada e pujante que escurece e robustece o Riff-base, uma bateria fogosa, impetuosa e rutilante de galope demorado, rumoroso, poderoso e encorpado que tiquetaqueia e esporeia toda esta cavalaria pesada às ordens das trevas, e ainda uma voz dilacerante, azedada, distorcida e enfeitiçante que com a sua forte radiância nos alvorece e faroliza pelos amaldiçoados e intimidantes desígnios de ‘Hymns of the Damned’. De engrandecer ainda o fabuloso artwork de créditos apontados ao talentoso ilustrador australiano NickPotts que confere rosto a este bizarro e tentador ritual de natureza pagã. ‘Hymns of the Damned’ é um álbum de beleza esotérica que colocará à prova a firmeza da nossa devoção religiosa. Deixem-se cair em tentação.

David Gilmour // Pink Floyd (Hyde Park, 1970)

🔮 Grace Slick // Jefferson Airplane '68

😈 Tony Iommi // Black Sabbath '72

🔌 James Gang - 'Straight Shooter' (1972, ABC Records)

⚔️ Hällas - "Tear of a Traitor" (single, 2020)

▶️ The Doors @ Isle of Wight Festival, 1970

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

💣 Geddy Lee // RUSH

🦇 Kadavar

👁 Lowrider

📀 Meteor Vortex - 'Spiraled Beyond the Reach' (06-12-2019 via Kozmik Artifactz)

Review: ⚡ Cholo Visceral - ‘Live at Woodstaco’ (2019) ⚡

Gravado ao vivo na passada edição de 2018 do afamado festival chileno Woodstaco, o registo ‘Live at Woodstaco’ produzido e conduzido pelos peruanos Cholo Visceral conhece agora a luz do dia com o seu lançamento oficial tanto em formato digital através da plataforma Bandcamp como também na forma física de vinil (este reduzido a uma prensagem ultra-limitada de apenas 200 cópias existentes) pela mão do produtivo selo discográfico Necio Records. Levando a palco todos os temas pertencentes ao seu homónimo álbum de estreia (lançado em 2013), este adorável colectivo sediado na cidade-capital de Lima aguçara o apetite de todos os presentes com o seu serpenteante, arábico, erótico e extravagante Progressive Rock de inspiração Jethro Tull’esca aliado a um fascinante, místico, edénico e viajante Psychedelic Rock de encanto mântrico que de forma ousada e fluída se aproxima de um refrescante, dançante e tropical Funk. A sua sonoridade revivalista, romanesca, ritualista e epopeica – rendilhada e aromatizada a uma ambiência verdadeiramente enfeitiçante – tem o dom de nos maravilhar, embevecer e sobrevoar pelos purpúreos céus da velha Pérsia. Emoldurado pelo vibrante e vivificante entusiasmo transpirado pelo público presente, ‘Live at Woodstaco’ simboliza toda uma faustosa, endeusada e gloriosa digressão pelos aveludados, contemplativos e bronzeados desertos sauditas. São 36 minutos – que balizam os quatro temas desdobrados em palco – integralmente condimentados, fervidos e climatizados por uma magnetizante, sublimada e embriagante aura que nos faz desejar ter estado de corpo presente no festival Woodstaco e sentidos hasteados, convertidos e levados ao sabor de Cholo Visceral. Diluam-se nas profundezas desta ofuscante simbiose instrumental à boleia de uma guitarra xamânica que se manifesta em acordes sumptuosos e virtuosos solos, um baixo orgânico e diligente de bafagem densa, ondulada e ardente, uma estimulante bateria de sensibilidade, perícia e vaidade jazzísticas, um mágico sintetizador de misteriosos e glamorosos efeitos espaciais, e ainda uma sensual flauta transversal de extravagantes, luxuosos, aparatosos e provocantes bailados que prontamente nos remetem ao icónico Ian Anderson (líder dos históricos Jethro Tull). É-me ainda essencial distender o elogio ao portentoso artwork – superiormente ilustrado pelo artista latino Rodrigo Mori Franco – que confere toda uma ambiência simultaneamente tribal e astral a este apaixonante registo ao vivo. ‘Live at Woodstaco’ prende e ostenta na perfeição toda a imersiva sedução doutrinada por estes druidas nativos do Perú. Empoderem-se nele.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

🍒 Joan Jett // The Runaways

✌🏻 Sharon Tate

🚍 Cliff Burton // Metallica ('Master Of Puppets' tour, 1986)

Review: ⚡ Dhidalah - ‘Threshold 発端’ (2019) ⚡

Depois de em 2017 ter experienciado e aqui largamente elogiado o adorável EP de estreia ‘No Water’ – premiando-o mesmo como um dos melhores EP’s desse ano (listagem completa aqui) – sinto-me agora impelido a renovar esta incontida apologia ao tridente nipónico Dhidalah, que acabara de disponibilizar para escuta integral o seu muito esperado primeiro trabalho de longa duração. Apesar do seu lançamento oficial estar agendado apenas para o próximo dia 30 do presente mês de Novembro pela mão do influente selo discográfico Guruguru Brain em formato físico de vinil, 'Threshold’ estreara hoje o seu formato digital através da página de Bandcamp e eu prontifiquei-me a digeri-lo sem demoras. Natural da cidade-capital de Tóquio, esta jovem e muito auspiciosa banda japonesa desenvolvera uma fascinante alquimia sonora que conjuga a bizarra excentricidade da carismática formação germânica Ash Ra Tempel com a arrojada incandescência dos contemporâneos californianos Earthless. Tendo como base um cativante, hipnótico, enigmático e dançante Krautrock de clara propensão estelar que nos tomba as pálpebras, balanceia o corpo e massaja o cerebelo, a musicalidade de ‘Threshold’ desenvolve-se indiscreta e progressivamente para os chamejantes domínios de um efervescente, místico, esquizofrénico e alucinante Heavy Psych temperado a um intenso e berrante experimentalismo de idioma alienígena que nos desenraíza a consciência e a arremessa violentamente na vertiginosa direcção da intimidade cósmica. Uma profunda e enlouquecedora narcose na qual embarcamos e não mais regressamos. Empoeirem-se nas brumosas e coloridas nebulosas de ‘Threshold’ e embalem nesta vertigem sensorial à boleia de um baixo deliciosamente Krauty que se conduz e seduz por linhas pulsantes, sinuosas, densas e magnetizantes, uma empolgada e turbulenta bateria de galope atiçado, veemente e desenfreado, um enfeitiçante sintetizador de encantadores coros celestiais, e uma guitarra exploratória que se serpenteia em portentosos, obscuros, arábicos e poderosos Riffs de onde se libertam descontrolados, ácidos, rutilantes e excitados solos de toxicidade a perder de vista. Num plano de destaque secundário e presença limitada a apenas um dos temas, está uma atormentada voz enclausurada, distorcida e soterrada na densa radiação noisy que vigia e governa toda a atmosfera do álbum. ‘Threshold’ é um registo varrido por múltiplos ciclones tecidos a endorfina. Um disco de consumo impróprio para cardíacos que deixará todos os seus ouvintes de pupilas dilatadas, corpos transpirados e respiração ofegante. Deixem-se dissolver na psicotrópica demência de Dhidalah e contagiar pelo sónico exotismo destilado pelo seu impactante álbum de estreia.

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 Guruguru Brain

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

☀️ Duna Jam (2013)

🌊 Crosby, Stills, Nash & Young (1974)

📸 Joel Bernstein

Review: ⚡ Love Your Witch - ‘If You Love Your Witch Kill Her’ (2019) ⚡

Da inesperada cidade mediterrânica de Tel Aviv chega-nos o impetuoso e auspicioso álbum de estreia do jovem e irreverente power-trio israelita Love Your Witch. Lançado exclusivamente em formato digital no já distante solo primaveril pela mão do influente selo discográfico local Reality Rehab Records, este ‘If You Love Your Witch Kill Her’ vem pontapeado, enegrecido e demonizado por uma explosiva combinação entre um poderoso, obscuro, denso e tenebroso Stoner Doom de fumarenta e esverdeada bafagem Electric Wizard'eana e um desenfreado, abrasivo, viril e acicatado Thrash Metal de rugidos a fazer lembrar os saudosos Pantera. A sua sonoridade de vocação ritualística e enigmática – tanto acelerada como desacelerada – tem o dom de nos agredir e detonar numa incontida e saturada euforia, como de nos amordaçar e sepultar num morfínico estádio de profunda e amaldiçoada lassidão. E é essa bem-sucedida conjugação de ânimos tão contrastados que faz de ‘If You Love Your Witch Kill Her’ um álbum detentor de uma natureza extraordinariamente imersiva que nos prende e fascina do primeiro ao derradeiro tema. São 50 minutos submergidos e fervidos num vulcânico e borbulhante caldeirão, apimentados a uma intensa e desarmante ferocidade, e apaladados por uma hipnótica e intrigante essência de aparência demoníaca. De coração destravado, pulmões ofegantes, maxilares firmemente cerrados e cabeça detidamente entregue a um violento e incessante movimento rodopiante, somos varridos pela luciférica e ciclónica ressonância de Love Your Witch à alucinante boleia de uma guitarra profana que se agiganta em imponentes, tirânicos, obscurecidos e angustiantes Riffs à boa moda de Dimebag Darrell (Pantera) e se acidifica em solos viandantes, desvairados, gélidos e delirantes, um baixo volumoso de fibrótica, despótica e pesada reverberação, uma bombástica bateria de ritmicidade esfaimada, e uma voz felina, escarpada e enfurecida que – com os seus incandescentes clamores – se desintegra da veemência e efervescência instrumental. De destacar ainda pela positiva o fabuloso artwork de créditos apontados ao inconfundível e inimitável David Paul Seymour que transpusera para o universo visual tudo aquilo que a sonoridade de Love Your Witch encerra e ostenta. Alcanço o final de ‘If You Love Your Witch Kill Her’ de alma completamente crivada e esgotada pela sua fúria. Vivenciem com empolado entusiasmo esta notável estreia dos israelitas Love Your Witch e deixem-se cair na sua influente e demoníaca tentação.