quarta-feira, 31 de julho de 2019

©️ April Seelbach

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🎙 Ian Gillan // Deep Purple (Austrália, 1971)

Cliff Burton // Metallica

🔌 John Hoyles - 'Night Flight' (27/09/2019 via Bad Omen Records)

🎹 Herbie Hancock - 'Flood' (1975)

🐍 Pharlee - "Ethereal Woman" (Tee Pee Records, 2019)

Review

Review: ⚡ Acid Rooster - 'Acid Rooster' (2019) ⚡

Depois de em 2017 ter vertido para o universo lírico tudo o que o surpreendente 'Live at Desi' (review aqui) provocara em mim, os cosmonautas germânicos Acid Rooster motivam agora nova dissertação elogiosa ao seu primeiro álbum de estúdio. De designação homónima e acabado de ser lançado sob a forma física de vinil (reduzido a uma edição limitada a 300 cópias existentes) através da sua página de Bandcamp, este quimérico ‘Acid Rooster’ vem nutrido de um místico, etéreo, contemplativo e hipnótico Krautrock em harmoniosos, constantes e libidinosos diálogos com um intrigante, desvairado, embriagado e viajante Space Rock de propensão estelar. A sua sonoridade deslumbrante, maviosa, aventurosa e narcotizante tem o dom de nos enfeitiçar, escorregar e mergulhar nas profundezas abissais do nosso Cosmos interior, embarcando numa labiríntica e duradoura hipnose que nos rasga as vestes da lucidez e infesta de uma intensa e febril embriaguez. Progredindo de uma anestésica, plácida e letárgica atmosfera que nos desmaia as pálpebras, tomba o semblante de encontro ao peito e submerge na intimidade da ataraxia, até aos territórios de um delirante, caótico e euforizante experimentalismo sónico que nos liberta e propulsiona na vertiginosa direcção dos astros, as jams extraplanetárias deste tridente natural da cidade de Leipzig causaram em mim todo um catártico estádio de crescente fascinação impossível de extinguir. Suspensos e imortalizados numa dança gravitacional em órbita de um incessante transe espiritual, somos embalados na infindável vertigem de uma admirável odisseia pelos secretos domínios que se distendem para lá lado eclipsado da Lua. Na origem desta sagrada levitação do ego pela infinidade vertical está uma endeusada guitarra canonizada pelas estrelas que se supera na majestosa condução de intoxicantes, ácidos, distorcidos e ecoantes solos, um magnetizante baixo de reverberação pulsante, motorizada, tonificada e flutuante, um enigmático sintetizador que desprende todo um profuso e difuso coro celestial, e uma bateria de galope imutável, relaxante, tribalista e imperturbável que se debate por entre a densa e tóxica nebulosidade de ‘Acid Rooster’. Num plano secundário é-me ainda importante distinguir a efémera presença de um vistoso, exótico e aparatoso saxofone que com os seus aveludados, uivantes e desgovernados bailados intensifica todo um acalorado, orgiástico e sublimado clímax de puro cataclismo instrumental. Este é um álbum de propriedades psicotrópicas que perpetua o ouvinte num paradisíaco atordoamento capaz de o embevecer e embaciar do primeiro ao derradeiro minuto. Não será nada fácil despertar deste verdadeiro sonho acordado.

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domingo, 28 de julho de 2019

💎 Pink Floyd

🔥 Jimi Hendrix // Winterland Balllroom, San Francisco (1968)

🧙‍♂️ Al Cisneros (Sleep // OM)

🔌 High On Fire - 'Bat Salad' EP (2019)

Review: ⚡ The Ivory Elephant - 'Stoneface' (2019) ⚡

Do insuspeito território australiano chega mais um álbum de inegável qualidade. Refiro-me a ‘Stoneface’, o segundo e novo trabalho de longa duração do apaixonante power-trio The Ivory Elephant natural da cidade de Melbourne. Oficialmente lançado no passado dia 26 de Julho pela mão da influente editora discográfica de origem germânica Kozmik Artifactz sob a forma física de CD e vinil, este ‘Stoneface’ presenteia e prazenteia todos os seus ouvintes com uma inspirada dosagem de um empolgante, ferrugento, revivalista e inflamante Garage-Blues que tanto se bronzeia, mistifica e apazigua num relaxante, ensolarado, caleidoscópico e inebriante psicadelismo primaveril de ambiência Western, como se enlameia e incendeia no espesso e pantanoso negrume de um obscuro, montanhoso, fibrótico e ostentoso Heavy Blues de feições Doom’escas. Contando ainda com (in)discretas, mas sempre desejáveis, aproximações ao rústico e carismático Delta-Blues superiormente tricotado nas velhas margens do rio Mississippi, e com a agradável existência de perfumadas, douradas e refrescantes baladas climatizadas por uma anestésica brisa desértica, este segundo álbum de The Ivory Elephant instaurara em mim todo um intenso e fulgurante estádio de transbordante encantamento que me envolvera, estarrecera e ofuscara do primeiro ao derradeiro tema. São 48 minutos saturados de uma apurada sensualidade que prontamente nos corteja e contagia. Desprendam-se de qualquer amarra de timidez e – de olhar selado e sorriso talhado e perpetuado no rosto – serpenteiem detida e apaixonadamente a exótica musicalidade transpirada por todos os poros de ‘Stoneface’. De alma salivante e enfeitiçada somos convidados a embarcar numa descomplexada dança corporal em resposta instintiva a uma guitarra emotiva que se envaidece em sinuosos, arrojados, inflamados e garbosos riffs – temperados e tomados pela efervescente acidez e febril fogosidade do corrosivo efeito Fuzz – de onde se ramificam e frutificam uivantes, tóxicos e atordoantes solos de airosa beleza, uma voz melódica, ecoante, liderante e radiofónica, um baixo diligente que se esperneia em linhas murmurantes, fluídas, oleadas e ondulantes, e ainda uma estimulante, criativa e magnetizante bateria de toque cintilante, polido, cuidado e chamejante que troteia e esporeia com emocionante destreza toda esta fabulosa digressão pelos poeirentos e ruborizados firmamentos do velho oeste. Chego ao final deste admirável álbum completamente dominado por uma ininterrupta sensação de torpor que me afaga e trava os membros e sentidos. Deixem-se inundar na deslumbrante, mélica e extasiante toxicidade vaporada por ‘Stoneface’, e experienciem todo o quimérico esplendor de um dos registos mais atraentes de 2019.

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 Kozmik Artifactz

quinta-feira, 25 de julho de 2019

🍁 Pretty Lightning - "The Wizard" (2012)

🏴 Black Flag (1980) by Spot

⛓ Lemmy Kilmister, '79

Review: ⚡ Comacozer - 'Mydriasis' (2019) ⚡

Os aventurosos astronautas australianos Comacozer preparam-se para nos presentear com o lançamento do seu quarto álbum apelidado de ‘Mydriasis’, promovido sob a forma física de vinil (numa edição ultra-limitada à prensagem de apenas 100 cópias existentes) pela mão da editora discográfica holandesa HeadSpin Records (com a qual a banda natural de Sydney reforça a sua ligação de plena exclusividade editorial). Apesar da sua apresentação oficial ao público em geral estar agendada apenas para o próximo dia 28 de Julho, a banda australiana proporcionara-me a oportunidade de o experienciar na íntegra e em primeira mão. Sendo eu um grande admirador de Comacozer já desde o seu álbum de estreia, apressei-me a saciar esta crescente ansiedade motivada pelo anúncio do quarto e renovado capítulo da sua fantástica odisseia espacial. Ao primeiro vislumbre sonoro de ‘Mydriasis’ escorreguei num acrobático, profundo e hipnótico vórtice que me desterrara da gravidade terrestre para me arremessar pelas mais íntimas, secretas e obscuras zonas de um Cosmos gélido, decrépito e desabitado. Atestado de um deslumbrante, vultoso, sónico e atordoante Heavy Psych temperado e embriagado por um envolvente, místico, morfínico e extasiante Space Rock de idioma alienígena que em harmoniosa coligação se reproduzem em criativas, eloquentes, longas e evolutivas jams de natureza puramente instrumental, este ‘Mydriasis’ pendula entre uma meditativa, intrigante e lenitiva narcose que nos sepulta num inamovível estádio de perfeita inércia, e uma destravada, saturada e fervilhante euforia que em nós se agiganta e amotina sem qualquer moderação. Numa propulsão consciencial somos cortejados e sugados pela dominante gravidade de Comacozer – penetrando pelas frondosas, narcotizantes e poeirentas nebulosas que coloram e alumiam o vasto negrume sideral, e serpenteando e driblando as órbitas de astros moribundos suspensos em solo estelar – deixando para trás um corpo vazio e desmaiado. Percam-se, perfumem-se e eterizem-se pelo sagrado e imersivo misticismo de ‘Mydriasis’ à boleia de uma guitarra endeusada – inebriada e consagrada por um caprichoso, edénico e virtuoso experimentalismo – que se enfatiza em delirados, intoxicantes e inspirados solos de maviosidade a perder de vista, um baixo corpulento de reverberação massiva, fluída, pulsante e altiva, uma cativante bateria de ritmicidade magnetizante, explosiva, fogosa e excitante, e um mágico e alucinante sintetizador capaz de exorcizar toda a infindável alma do Cosmos. De destacar e elogiar ainda o extraordinário artwork – de méritos apontados à artista australiana Sally Patti Gordon – que espelha na perfeição toda psicotrópica demência que governa o génio de ‘Mydriasis’.  Chego ao final dos 46 minutos, que balizam e interligam os três temas existentes, de alma completamente inanimada e pasmada com este orgiástico registo de Comacozer. Deixem-se embevecer na suas arrebatadoras jams executadas e orientadas a uma inesgotável e adorável inovação.

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 HeadSpin Records

domingo, 21 de julho de 2019

✙ WORSHIP AMPS, NOT GODS! ✙

Review: ⚡ Lord Dodongo - 'Creatures' EP (2019) ⚡

Do insuspeito território australiano – mais propriamente da populosa e carismática cidade de Sidney – é identificado e capturado pelo meu radar aquele que se perfila como um dos meus EPs favoritos de 2019. Lançado no início do ano em formato digital (disponível para download gratuito) através da sua página oficial de Bandcamp, este ‘Creatures’ do jovem e fascinante quinteto Lord Dodongo representa a sua admirável estreia discográfica. Fundamentado num arábico, cativante, delirante e carnavalesco Heavy Psych de ofuscante luminosidade e saturada religiosidade – que se deixa massajar num envolvente, edénico e místico Krautrock, e resvalar nas costuras fronteiriças de um exótico, ritmado e bronzeado Surf Rock de aroma oceânico, e de um empolgante, vulcânico e inflamante Garage Rock – este primeiro registo da esplêndida formação australiana ostenta toda uma quente, eloquente e sedutora sonoridade condimentada a um hipnótico etnicismo que nos faz sobrevoar os céus crepusculares da velha Pérsia acima de um tapete mágico. Com uma consagrada aura de natureza xamânica, edénica e obscurantista – a fazer lembrar a musicalidade dos saudosos druidas Blaak Heat Shujaa – este ‘Creatures’ aprisiona-nos numa profunda, sinérgica e duradoura viagem caleidoscópica da qual não sairemos de lucidez intacta. Deixem-se absorver, maravilhar e deleitar na branda e doce efervescência de Lord Dodongo ao sabor de três guitarras messiânicas que se serpenteiam, dialogam e galanteiam em riffs dançantes, inquietantes, dinâmicos e excitantes, e solos borbulhantes, ácidos, lisérgicos e atordoantes, um bafejante baixo de linhas pulsantes, torneadas, densas e ondulantes, uma voz liderante de tez fresca, melodiosa, sedosa e jovial,  e uma ritmada bateria de galope tribalista e ritualista que – com emocionante tecnicidade, sentimento e agilidade – tiquetaqueia e incendeia toda esta majestosa caravana desértica de destino apontado ao transe religioso. ‘Creatures’ é um EP atestado de um ensolarado misticismo que prontamente nos converte em seus devotos discípulos. Um registo soberbamente paradisíaco que apenas peca pela sua curta duração. Banhem-se e bronzeiem-se neste verdadeiro oásis espiritual, e experienciem detidamente todo o divino e enigmático fulgor desta imaculada estreia de Lord Dodongo. Impossível ouvi-lo uma só vez. Ou duas, ou três.

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⚰️ Sleepwulf - "Lucifer's Light" (2019)

🔥 The Stooges - 'Funhouse' (1970)

🔌 Earthless - 'Live in Guadalest' (Silver Current Records, 2013)

🌴 Cardiel [Live]

sexta-feira, 19 de julho de 2019

©️ Harley and J

Review: ⚡ Sublunar Express - 'Sublunar Express' (2019) ⚡

Da cidade de Montreal (Québec, Canadá) chega-nos o vistoso álbum de estreia do power-trio Sublunar Express. De designação homónima e oficialmente lançado no início do passado mês de Junho sob a forma física de CD, este primeiro trabalho de longa duração da jovem formação constituída em 2017 encerra um rico sortido sonoro de onde facilmente se apalada um empolgante, ritmado, bizarro e dançante Post-Punk, um atmosférico, sublimado e sidérico Space Rock, um contemplativo, hipnótico e lenitivo Krautrock, e ainda um mágico, ébrio, prazeroso e utópico Shoegaze de ambiência sonhadora. De inspiração apontada a Joy Division, Farflung e Kraftwerk, a musicalidade deste tridente canadiano desenterra-nos da gravidade terrestre e arremessa-nos na vertiginosa direcção das mais lampejantes e extravagantes constelações que farolizam e vivificam o negro solo cósmico. Ostentando ainda pequenos e discretos laivos de um psicadelismo obscuro em intimista diálogo com um imaginativo Post-Rock, este complexo ‘Sublunar Express’ enverga uma elegância muito característica que nos mantém de atenção atrelada e estimulada ao longo dos cinco temas que o povoam. São 37 minutos de um aparatoso cabaret que se esperneia e ostenta com grande expressividade e altivez. Deixem-se intrigar e enfeitiçar por esta manifestação burlesca à boleia de uma enigmática e sorumbática guitarra que se enfatiza em aristocráticos, lúgubres e cabalísticos riffs de onde desabrocham uivantes, ácidos, gélidos e delirantes solos, um baixo sombreado de linhas desenhadas a robustez, consistência e rigidez, uma bateria magnetizante de galope pontapeado a uma firmeza cativante, um deslumbrante sintetizador borrifador de uma abrangente e aliciante ambiência alienígena, e uma voz inexpressiva, liderante, ecoante e altiva – a fazer recordar o nostálgico Jim Morrison – que comanda toda esta nau de âncora recolhida e velas içadas pelo vasto oceano cor de noite. De reverenciar ainda a adorável presença de um virtuoso, excêntrico, edénico e garboso saxofone que se envaidece e endoidece nas sinuosas estradas do penúltimo tema deste disco. O opulento artwork – soberbamente desenhado, sombreado e detalhado a grafite – que embeleza o rosto deste álbum pertence ao artista espanhol Joan Llopis Doménech. Este é um álbum verdadeiramente convincente que nos seduz pela sua variedade e venustidade atmosférica. Um registo detentor de um tímido e discreto secretismo que só com o acumular das audições se vai afastando da sombra e dando a reconhecer.

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quarta-feira, 17 de julho de 2019

💥 SonicBlast Moledo '19

Chelsea Wolfe - "American Darkness" (2019)

©️ Ana Miralles

🍂 Pink Floyd

Review: ⚡ Elder - 'The Gold & Silver Sessions' EP (2019) ⚡

Deixando para trás o titânico e pujante Psych / Prog Doom que tão bem caracteriza o seu passado discográfico, os norte-americanos Elder acabam de reajustar a bússola e içar as velas ao sabor do místico, lenitivo, devocional e hipnótico Krautrock que – ensolarado e afagado pelas quentes e enternecedoras vibrações de um envolvente, quente, sedutor e eloquente Psych Rock de bailados Prog’ressivos – nos faz sobrevoar extensas planícies de tonalidade primaveril que se adensam na vertiginosa direcção de um firmamento farolizado pelo endeusado Sol poente. ‘The Gold & Silver Sessions’ – oficialmente lançado pela mão da Blues Funeral Recordings sob a forma física de CD e vinil – representa essa radical mudança sonora que surpreendera todos os crescentes seguidores desta influente banda natural da grande e populosa cidade de Boston (capital do estado norte-americano de Massachusetts). E se este novo EP de Elder dividira opiniões – recolhendo rejeições e aprovações pela sua falange de discípulos – em mim tivera um efeito profunda e plenamente terapêutico, relaxando e extasiando todos os meus sentidos. A sua sonoridade fresca, perfumada, ternurenta e ensolarada tem o dom de banhar e consagrar o ouvinte com uma deslumbrante radiação que o faz tombar as pálpebras, desenhar um sorriso no rosto e pendular a cabeça de ombro a ombro. Toda uma sublimada exalação musical – de aroma marinho – que me esbatera a lucidez e enfraquecera num súbito desmaio de prazer. Detidamente entregues a uma erótica dança corporal somos conduzidos e absorvidos pelas inventivas, quiméricas e evolutivas jams de orientação instrumental e experimental deste fabuloso ‘The Gold & Silver Sessions’, desaguando e ancorando nas sedosas areias de um perfeito estádio de transe espiritual. Deixem-se magnetizar, amolecer e entrelaçar nos refinados, labirínticos e inspirados acordes de uma guitarra dotada de um forte sentido de delicadeza e destreza que se empoeira por entre a mágica e sidérica bruma de um sintetizador bafejado pelas estrelas, e balanceiem o vosso corpo maravilhado e embriagado à apaixonante boleia de um baixo sombreado, dinâmico e revigorado – movido e nutrido a uma fluída reverberação de textura ondulante – que se empola às costas de uma atraente bateria movida a combustível Krauty de toque deliciosamente leve, delicado e subtil. De estender ainda a apologia ao primoroso artwork pensado e ilustrado pelo artista germânico Max Löffler que de forma tão genuína vertera para o universo visual tudo o que a alquimia sonora de ‘The Gold & Silver Sessions’ em si encerra. Este é um EP verdadeiramente divinal que nos galanteia e prazenteia ao longo dos seus ataráxicos 34 minutos de duração, fechando com um final verdadeiramente apoteótico que exterioriza em nós toda uma euforia até aí contida e amordaçada. Recostem-se confortavelmente, respirem pausada e profundamente, e deixem-se transcender de encontro ao paraíso edificado e decorado por estes renovados Elder. Estamos mesmo na presença de um dos mais fortes candidatos a EP do ano.

domingo, 14 de julho de 2019

Review: ⚡ The Heavy Minds - 'Second Mind' (2019) ⚡

Quatro anos depois do lançamento do seu adorável álbum de estreia ‘Treasure Coast’ (review aqui), o talentoso power-trio austríaco The Heavy Minds presenteia-nos agora com o seu segundo trabalho de longa duração apelidado de ‘Second Mind’ e devidamente promovido pelo selo discográfico local StoneFree Records sob a forma física de CD e vinil (ambos os formatos reduzidos à prensagem de poucas centenas de cópias existentes). E se no seu primeiro álbum a banda primava por um majestoso Heavy Psych N’ Blues de desarmante e apaixonante requinte revivalista, em ‘Second Mind’ não só vigora essa mesma receita sonora já posta em prática no passado, como todo o disco é ainda climatizado e bronzeado por um ardente, ritmado e irreverente Garage Rock de influência apontada para a cena australiana de onde sobressaem referências como King Gizzard & The Lizard Wizard, The Murlocs ou ORB. A sua sonoridade efervescente, oleosa, fogosa e eloquente causara em mim uma prazerosa comoção que me atiçara e empolara os sentidos do primeiro ao derradeiro tema. São 43 minutos varridos por uma cáustica, fervilhante e ácida avalanche de Fuzz que nos ofusca e deslumbra com tremenda facilidade e ávida intensidade. De olhar semi-cerrado, sorriso perpetuado no rosto e corpo serpenteante, obedeçam aos deliciosos, quentes, saturados e voluptuosos riffs baforados por uma guitarra erótica, fibrosa e vulcânica que de forma assídua se extravia e desvaria em alucinógenos solos temperados a alta toxicidade, de cabeça pesada, nublada e bamboleante persigam as vigorosas, torneadas, onduladas e ostentosas linhas de um baixo corpulento e vincado, de coração destravado sintam-se esporeados por uma empolgante bateria de ritmicidade descomplicada, dinâmica e desembaraçada, de lucidez distorcida e desmaiada absorvam-se na exótica alquimia sulfatada por um mágico sintetizador que perscruta e transmite os domínios alienígenas, e de alma empoeirada por uma espessa e narcotizante bruma sideral intriguem-se com os vocais corrosivos, diabrinos e joviais que apimentam e inflamam toda a boémia ambiência que envolve e revolve este dominante ‘Second Mind’. Admito que – dada a minha desmoderada veneração e fascinação pelo ‘Treasure Coast’ – este se tratava de um dos álbuns por mim mais ansiados do ano, e o mesmo acabou por me surpreender e conquistar pela sua vibe portentosa, arrojada e calorosa. Este é um álbum cuja sua temperatura catapulta o mercúrio, cabeceando os píncaros da escala que o regula. Um registo detentor de uma sensualidade rebelde que instantaneamente nos magnetiza, extasia e alcooliza. Deixem-se arrebatar, incendiar e atiçar pela entusiasmante vibração transpirada de ‘Second Mind’, e deleitem-se sem qualquer moderação com o tão aguardado regresso de The Heavy Minds. Uma fumegante, exótica e picante iguaria de origem austríaca que se perfila como forte candidata aos mais elevados lugares referentes à listagem dos melhores álbuns nascidos no presente ano de 2019.

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 StoneFree Records

🐻 Rosalie Cunningham - "Ride On My Bike" (2019)

quinta-feira, 11 de julho de 2019

((( 💣 )))

🌌 F*ck yeah, Earthless!

🎖 Kyuss - '...And the Circus Leaves Town' (11/07/1995)

(The) Groundhogs - 'Live at Leeds' (1971)

🎙 Roger Waters // Pink Floyd (Pompeii, 1972)

Eric Clapton (via Hit Parader magazine, 1968)

© Florian Bertmer - Howling Wolf

Stevie Ray Vaughan - "Texas Flood" (Live, 1991)