sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Colour Haze @ Toulouse, França (16-05-2018)

🎖 Heavy 73th birthday Roger Glover (Deep Purple)

Review: ⚡ Mt. Mountain - ‘Golden Rise’ (2018) ⚡

Exímios e reincidentes na tão cobiçada e rara arte de só saber produzir belos álbuns, os australianos Mt. Mountain acabam de presentear todos os seus fiéis discípulos com um novo e terceiro trabalho de longa duração denominado de ‘Golden Rise’. Oficialmente lançado hoje mesmo através da editora discográfica inglesa Cardinal Fuzz (responsável pela distribuição em solo europeu) e do selo discográfico norte-americano Little Cloud Records (responsável pelo distribuição em solo americano) sob a forma física de CD-R e vinil, este fabuloso registo vem oxigenado e massajado por um deslumbrante, imersivo, sublime e extasiante Psych Rock de luminância primaveril dissolvido num meditativo, narcotizante, hipnótico e lenitivo Krautrock de aroma devocional que nos arremessa para fora da órbita consciencial e deixa à deriva na profunda e vertiginosa intimidade do Cosmos interior. Estes cinco xamãs oriundos da cidade australiana de Perth têm em ‘Golden Rise’ um venerável álbum de natureza mística e terapêutica, detentor de uma sonoridade edénica, cerimonial e evangélica que nos desobstrói os trilhos da espiritualidade e encaminha para um glorioso estádio de transe. Comunguem este consagrado elixir sonoro e deixem-se absorver e embevecer por uma doce hipnose desenvolvida e conduzida por duas guitarras endeusadas que se cruzam em aveludados, maviosos e enfeitiçados acordes e se descruzam em borbulhantes, venenosos e alucinantes solos, um baixo murmurante de linhas pausadas, magnetizantes e onduladas, uma relaxante bateria locomovida a um compasso demorado e compenetrado, um perfumado sintetizador criador de uma atmosfera onírica, e ainda uma messiânica voz de textura translúcida, espectral, celestial e delicada que nos soterra e amortalha numa siderada narcose. ‘Golden Rise’ é um álbum verdadeiramente paradisíaco que nos remete para um perfeito estádio de claridade, serenidade e contemplação interior. Canonizem a vossa alma no imaculado pacifismo e sintam-se evadir na vertiginosa direcção das estrelas, deixando para trás um corpo caído, despido e inanimado. Este é seguramente um dos registos mais impactantes e apaixonantes de 2018. Um disco maravilhoso, plenamente concebido à minha imagem e ao qual recorrerei repetidas vezes. A minha alma obrigar-me-à a isso. Banhem-se na sua santificada luzência e disfrutem deste autêntico oásis de absorção auditiva. Corações ao alto.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Al Cisneros & Chris Hakius @ OM (2004)

Eric Clapton // Cream '67

Jefferson Airplane // San Francisco '68

Review: ⚡ Kanaan - ‘Windborne’ (2018) ⚡

Da cidade de Oslo (capital da Noruega) chega-nos o maravilhoso álbum de estreia da jovem banda Kanaan. Recentemente carimbada pelo influente selo discográfico dinamarquês El Paraiso Records, este trio escandinavo prepara-se para lançar no próximo dia 7 de Dezembro o seu álbum de estreia designado ‘Windborne’ nos formatos físicos de CD e vinil (este último reduzido a uma prensagem limitada a 300 cópias existentes). Com a irrecusável possibilidade de ouvir na íntegra e em primeira mão esta nova aposta de uma editora que há muito admiro, apressei-me a experienciá-lo e agora verto para a escrita tudo aquilo que ‘Windborne’ provocara em mim. Resultado de um fascinante sortido de sonoridades – de onde se identificam um imaginativo, extravagante, requintado e criativo Jazz Rock, um arrebatador, deslumbrante e sedutor Psych Rock, um contemplativo, etéreo e lenitivo Krautrock e ainda um envolvente, agradável e eloquente Post Rock de estética cinematográfica – este primeiro trabalho dos noruegueses Kanaan traz-nos uma adorável fragância musical tão raras vezes apaladada. O mesmo encerra uma resplandecente beleza tricotada a misticismo que nos namora e ilumina do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 42 minutos aureolados e norteados por uma magnetizante e aliciante atmosfera onírica que nos estimula e aguça todos os sentidos na hora de saborear tal complexidade musical. Deixem-se submergir num profundo oceano de fascínio, deleite e devoção ao conjugado som de uma guitarra caprichosa que tanto se apazigua em suavizantes, sensíveis, lisérgicos e relaxantes acordes, como se supera e transvia na mirabolante condução de vertiginosos, caóticos, frenéticos e assombrosos solos, um baixo meditativo desenhado e movido a linhas oscilantes, fluídas, hipnóticas e murmurantes, e uma bateria soberbamente jazzística que com o seu toque polido, brilhante, habilidoso e provocante tiquetaqueia com desarmante sublimidade toda esta fantasiosa digressão pelo sonho acordado de Kanaan. Este é um álbum detentor de uma sensualidade, destreza, elegância e delicadeza verdadeiramente arrebatadoras que não deixarão ninguém indiferente. Diluam-se na extasiante majestosidade de ‘Windborne’ e vivenciem com total apego e encantamento esta inspirada, aprimorada e muito promissora obra de origem norueguesa. Estamos segura e indubitavelmente na presença de um dos mais sérios candidatos a marcar presença nos primeiros lugares referentes à listagem dos melhores álbuns lançados em 2018.

sábado, 24 de novembro de 2018

🌊 Causa Sui - "Rip Tide" (live)

Sucking the 70's

Review: ⚡ Void Commander - ‘Void Commander’ EP (2018) ⚡

Da história cidade de Karlskrona (localizada na costa sulista da Suécia) chega-nos o majestoso EP do power-trio Void Commander. Lançado já no final do mês de Junho tanto em formato digital como na forma física de CD, este EP de denominação homónima escuda-se num musculado, poderoso, ostentoso e torneado Hard Rock de aparência clássica em erótica coligação com um serpenteante, hipnótico, demoníaco e intrigante Heavy Blues de rotação setentista. A sua sonoridade verdadeiramente encantadora conjuga a dourada melosidade de uns Led Zeppelin com a principesca obscuridade de uns Black Sabbath, mantendo o ouvinte compenetrado num constante fascínio que o climatiza e prazenteia do primeiro ao último tema. São cerca de 35 minutos temperados e afogueados pelo ardente efeito Fuzz que confere a este ‘Void Commander’ toda uma intensa e fogosa sensualidade. Tombem as vossas pálpebras, desenhem um sorriso no rosto e balanceiem a cabeça na instintiva resposta a toda esta adorável resplandecência sonora propagada por uma guitarra messiânica que se envaidece na condução de riffs imponentes, luciféricos, encorpados e magnetizantes, e solos libidinosos, virtuosos, estonteantes e luxuosos, um baixo monolítico carregado a uma bafagem pulsante, tensa, sombria e vibrante, uma agradável bateria compassada a um toque polido, delicado e rutilante, e ainda uma voz harmoniosa de tonalidade afável, macia e sedosa que confere um requinte extra a toda esta venerável atmosfera tingida a revivalismo. Este é um primoroso registo que resgata das lamacentas e pardacentas margens do rio Mississippi o carismático espírito do Blues e com ele nos embebeda de um pleno êxtase impossível de contrariar. Empoeirem-se no espírito vintage transpirado por estes três vikings da era moderna, e comunguem com total entrega e fascinação o fogoso trago de um dos mais impactantes EP’s lançados em 2018.

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🎧 Naujawanan Baidar - 'Volume 1' (2018)

🍄 Psilocibina - "2069" (live)

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

🌙 Desert Dream

Review: ⚡ Frozen Planet 1969 - ‘The Heavy Medicinal Grand Exposition’ (2018) ⚡

O tridente australiano Frozen Planet 1969 está de regresso com ‘The Heavy Medicinal Grand Exposition’, o seu sexto álbum de estúdio. Lançado no início do presente mês de Novembro nos formatos físicos de CD (via Pepper Shaker Records) e vinil (via HeadSpin Records), este novo registo vem dar continuidade à sua envolvente e evolutiva digressão espacial. Baseados em extensíveis jam’s extraplanetárias de onde se apalada um alucinante, hipnótico e viajante Heavy Psych empoeirado por um meditativo, narcotizante e lenitivo Space Rock, estes três astronautas sediados na cidade de Sydney têm a capacidade nos catapultar num vertiginoso mergulho cósmico pela incomensurável vacuidade sideral. A sua sonoridade etérea e espacial – tricotada a misticismo, sublimidade e exotismo – transcende o ouvinte para uma intrigante atmosfera alienígena que o lapidifica e enfeitiça. São 45 minutos de uma feérica aventura pela inexplorada intimidade celestial, onde solitários astros nos gravitam e incandescentes fornalhas estelares nos farolizam e magnetizam pelo denso e nebuloso negrume ultraterrestre. Recostem-se confortavelmente, respirem pausada e profundamente, desmaiem as pálpebras e sintam-se escorregar neste poderoso vórtice à incrível boleia de uma virtuosa guitarra conduzida a experimentalismo que se exterioriza em delirantes, impressionantes e inesgotáveis solos, um baixo modorrento de linhas vagarosas, oscilantes, penetrantes e ociosas que se carrega pesadamente, e uma bateria circense de incursões extravagantes, habilidosas, majestosas e excitantes. É-me ainda obrigatório estender o elogio ao vistoso artwork de traço expressivo, original e criativo pertencente ao artista gráfico John Debono-Cullen. É demasiado fácil deixarmo-nos absorver e enlevar pela inebriante fragância sonora de ‘The Heavy Medicinal Grand Exposition’. Sintam-se escoar pelos labirínticos canais que irrigam toda esta profunda hipnose e desaguar nos aveludados braços do transe espiritual. Um dos álbuns mais agradáveis de 2018 está aqui, na renovada experiência mental copiosamente pensada e executada pelos australianos Frozen Planet 1969. Uma verdadeira terapia via auditiva que massajará toda a alma que nele ingressar.

Hypnos - 'Set Fire to the Sky' (2018)


🐸 Toad Rider

Sucking the 70's

🌑 Uncle Acid and the Deadbeats

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Review: ⚡ Denso Crisol - ‘Volumen 1’ (2018) ⚡

Há muito tempo que me confesso um intratável apaixonado pela generalidade do Blues Rock proveniente da velha Argentina setentista, e que tem como seu incontestável padroeiro o singular Norberto Anibal Napolitano (mais comummente chamado de Pappo, seu apelido artístico). Portanto, é sempre com uma grande expectativa e entusiasmo que vejo jovens bandas locais beber desse carismático legado ancestral e espelhá-lo com vaidade e qualidade no presente. Nesse contexto especial falar-vos-ei de Denso Crisol, e mais concretamente do seu novo registo lançado em solo primaveril e exclusivamente em formato digital. Tal como o nome nos sugere, ‘Volumen 1’ representa o primeiro trabalho de longa duração deste fascinante power-trio enraizado na cidade-capital argentina de Buenos Aires. Este fabuloso álbum de inspiração revivalista sustenta um elegante, poderoso, libidinoso e provocante Blues Rock – condimentado por um místico, luminoso e edénico psicadelismo de propensão astral – que nos incita e excita do primeiro ao derradeiro tema. A sua sonoridade orientada e perfumada a requinte e extravagância causa no ouvinte uma forte sensação de deslumbramento e sedução que o atrela de forma ininterrupta a esta obra inspirada de Denso Crisol. São 35 minutos aureolados por um admirável equilíbrio entre o clássico Blues Rock de indiscreta descendência setentista e um delirante, inventivo e resplandecente Psych Rock de condução experimental. Numa feliz conjugação entre alucinantes galopadas e caramelizadas baladas, ‘Volumen 1’ é brilhantemente liderado por uma guitarra endeusada que se manifesta em estimulantes, agitados e vivificantes riffs e narcotizantes, vertiginosos e serpenteantes solos, um baixo dominante e facilmente sussurrável de linhas possantes, pesadas, oleadas e magnetizantes, uma acrobática bateria locomovida a dinamismo, destreza, ardência e leveza, e ainda um coro vocal – transversal aos três elementos da banda – que se passeia e galanteia livremente por toda a deliciosa atmosfera do disco. É de alma pasmada e enfeitiçada que me encontro na ressaca de ‘Volumen 1’. Este é um álbum tocante – de natureza imensamente promissora e encantadora – que nos deixa a salivar e desesperar pelo seu natural sucessor. Deixem-se embriagar por esta impactante dose de revivalismo maturada por Denso Crisol e entreguem-se na máxima plenitude ao seu majestoso, atraente e engenhoso Blues Rock de inspiração tradicional, fielmente resgatado à melhor década musical: 1970.

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✌🏻 Ozzy Osbourne // Black Sabbath

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

📌 SonicBlast Moledo '19

Review: ⚡ Rattlesnake - ‘Time Is Come’ EP (2018) ⚡

Da mais populosa e influente cidade dos EUA chega-nos o novo EP do jovem power-trio Rattlesnake. Intitulado de ‘Time is Come’ e oficialmente lançado pela mão da modesta editora discográfica In For The Kill Records numa edição especial em CD – ultra-limitada a 100 cópias existentes – que engloba como bónus todos os temas anteriormente produzidos pela banda nova-iorquina, este fascinante registo ostenta um ardente, dinâmico, enérgico e provocante Heavy Rock à boa moda de uns ZZ Top com uma entusiasmante e contagiante atitude Boogie Rock. A sua sonoridade de inspiração e tração setentista prende um erotismo e exotismo capazes de nos envolver, intoxicar e compelir a uma extravagante dança. São cerca de 18 minutos – devidamente repartidos pelos três temas que o habitam – embebidos e fervidos numa intensa e vulcânica efervescência que nos atesta e revolve de adrenalina. Deixem-se absorver por todo este estonteante turbilhão estimulado por uma guitarra movida a riffs libidinosos, elegantes, excitantes e deliciosos que desaguam em solos vertiginosos, alucinantes, serpenteantes e portentosos, um baixo murmurante e reverberante conduzido a linhas encorpadas, pulsantes, magnetizantes e torneadas, uma bateria inventiva e explosiva ritmada a endiabradas e surpreendentes acrobacias, e ainda um coro vocal de natureza melódica e transversal a todos os três elementos que compõem a banda. ‘Time is Come’ é um EP adorável, temperado e governado por uma atmosfera verdadeiramente edénica, risonha e vivificante que embebeda e embala o ouvinte num perfeito e inabalável estádio de bem-estar. Deixem-se contaminar por toda esta desenfreada e emocionante cavalgada esporeada pelos Rattlesnake e experienciem como puderem um dos mais extasiantes, singulares e euforizantes EP’s lançados no presente ano de 2018. Autêntica epinefrina via auditiva que certamente não deixará ninguém indiferente.

📀 Ouzo Bazooka - 'Transporter' (11-01-2019)

😈 Geddy Lee @ Rush

Radio Moscow - "Gypsy Fast Woman" (2014)

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

😎 Earthless @ Jam in the Van

🌠 Al Cisneros // Sleep

📸 Tim Newman

Review: ⚡ Pseudo Mind Hive - ‘From Elsewhere’ (2018) ⚡

A scene australiana direccionada para o lado underground da música Rock está de muito boa saúde e recomenda-se vivamente. Bandas como Ahkmed, Child, King Gizzard And The Lizard Wizard, The Murlocs, ORB, Holy Serpent, Hotel Wrecking City Traders, Buried Feather, Elbrus, Frozen Planet… 1969, Mother Mars, Comacozer, Witchskull, Jack Harlon & The Dead Crows, Drug Cult, Jungle City, Stone Witches, Zong, Khan e Mt. Mountain (para mencionar apenas algumas) são das referências musicais mais imediatas que me ocorrem sempre que penso naquela pequena ilha continental plantada na fronteira que separa os territórios oceânicos do Índico e Pacífico. Todo um extraordinário legado que se estende de uns lendários Buffalo (formados em Sydney no início da década de 1970) até uma das bandas mais recentes: Pseudo Mind Hive. Este jovem quarteto natural da carismática cidade de Melbourne lançara na passada Primavera o seu fabuloso álbum de estreia apelidado de ‘From Elsewhere’ sob o formato físico de vinil (numa primeira edição de autor reduzida à existência de apenas 150 exemplares, entretanto já esgotados). Baseado num atmosférico, electrizante, magnetizante e sidérico Heavy Psych que se enlameia e obscurece num pantanoso, narcotizante, intrigante e poderoso Psych Doom, este primeiro registo de Pseudo Mind Hive causara em mim um forte impacto que me namorara e comovera do primeiro ao derradeiro tema. A sua sonoridade estival, fascinante, provocante e de propensão astral – banhada e bronzeada pelo corrosivo e fervilhante efeito fuzz – provoca no ouvinte constantes erupções de euforia contida que o incendeiam e revoltam ao longo dos seus cerca de 40 minutos de duração. Sintam-se desplantar da gravidade terrestre e levitar rumo ao profundo negrume cósmico nas asas de duas guitarras ritualísticas que se manifestam e ostentam em hipnotizantes, monolíticos e delirantes riffs, e ácidos, sinuosos, venenosos e alucinados solos, um baixo tirânico conduzido a linhas vigorosas, sombrias, maciças e imperiosas, uma emocionante bateria esporeada a um desatado, leve, acrobático e relaxado galope, e ainda uma voz penetrante, lisérgica, distorcida e ecoante que se passeia e ensombra por toda esta embaciada e embriagada nebulosidade exalada por ‘From Elsewhere’. Este é um disco verdadeiramente encantador e catalisador que nos absorve e prende toda a atenção. Recostem-se tranquilamente, tombem as pálpebras, dilatem as narinas para que possam respirar pausada e profundamente, e liguem os propulsores da vossa consciência que a lançará e deixará à deriva na mais profunda intimidade da infindável verticalidade cósmica. Não é fácil regressar deste disco. Percam-se nele.

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