terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Review: ⚡ Minami Deutsch - 'Minami Deutsch' (2015/2017) ⚡

A Sulatron Records acaba de recuperar uma das mais relevantes e apaixonantes preciosidades do Krautrock contemporâneo. O álbum de estreia do power-trio nipónico Minami Deutsch – anteriormente lançado pelo selo japonês Guruguru Brain em formato de cassete e vinil e de seguida pelo selo britânico Cardinal Fuzz Records no formato de vinil – receberá no próximo dia 17 de Fevereiro um merecido impulso levado a cabo pelo carismático selo germânico com o seu relançamento em CD (numa edição limitada a 500 cópias físicas) que conta com o acréscimo de duas faixas-bónus nunca antes apresentadas. Herdeira directa dos históricos e incontornáveis Can e Neu!, esta jovem banda sediada em Tóquio tem no seu álbum de estreia uma verdadeira ode ao lado mais envolvente e hipnótico do Krautrock em deslumbrante consonância com o lado mais meditativo e espacial do Psych Rock. A sua sonoridade imensamente mística tem a capacidade de cativar, paralisar e extasiar quem nela se refugie, provocando no ouvinte uma ininterrupta sensação ataráxica que lhe massajará o cerebelo do primeiro ao último tema. Banhem-se nesta morfínica, intensa e doce hipnose brilhantemente promovida e desenvolvida por uma guitarra tremendamente fascinante que se estimula e envaidece em delirantes, lisérgicos e dançantes acordes que desaguam e se entrelaçam em prazerosos, sumptuosos e alucinantes solos, uma narcotizante bateria fielmente entregue a um galope constante, uma voz límpida, aveludada e sideral que nos inebria e namora, e um baixo robusto, murmurante, ritmado e pulsante que se passeia firme e detidamente pela anestésica ondulação de ‘Minami Deutsch’. Este é um álbum de natureza sagrada e sublime capaz de nos desenraizar da mais crua lucidez e transcender a um perfeito estádio de encantamento.

Sucking the 70's

© SoloMacello

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Centralstodet / The Myrrors - 'Ljudkamrater' (2017)

domingo, 29 de janeiro de 2017

Holy Serpent | RidingEasy Records

Review: ⚡ Heavy Temple - 'Chassit' EP (2017) ⚡

Da grande e populosa cidade de Filadélfia (Pensilvânia, EUA) chega-nos o místico, sombrio e etéreo Psych Doom do power-trio Heavy Temple. Lançado oficialmente no passado dia 27 de Janeiro nos formatos físicos de CD, vinil e cassete pelos selos Ván Records e Tridroid Records, ‘Chassit’ vem dotado de uma sonoridade verdadeiramente portentosa que combina na perfeição o peso e a leveza, a cáustica e euforizante sublevação e a anestésica e meditativa quietude, o dinamismo rítmico que tanto nos inflama e desgoverna como nos serena e entorpece. Este novo EP tem o dom de nos lapidificar numa soberana e perdurável hipnose que nos intriga e seduz ao longo dos quatro temas que corporizam este disco. Existe algo de imensamente sagrado na alma de ‘Chassit’ que nos obriga a comungá-la, segui-la e venerá-la com sublimação. Um envolvente e transcendente ritual xamânico que nos desobstrói todas as artérias da espiritualidade e conduz a nossa consciência a um pleno e imaculado estádio de transe. Obedeçam à impiedosa soberania de uma guitarra deificada que se manifesta em reverberantes, corrosivos, inquisidores e monolíticos riffs – oleados e bronzeados pelo efeito fuzz – e em excitantes, viscerais e intrigantes solos que nos golpeiam e endoidecem. Serpenteiem as robustas, dançantes e torneadas linhas de um baixo errante, pensativo e tenebroso que se envaidece destacadamente nesta atmosfera sonífera e brumosa. Agarrem firmemente as rédeas de uma bateria acrobática e galopante que se excede e nos corta a respiração com a sua ritmicidade locomovida a entusiasmo e destreza, e deslumbrem-se com os vocais enigmáticos, límpidos e melódicos que lideram toda esta messiânica excursão pela desarmante e sublime misticidade de Heavy Temple. Convertam-se em seus devotos peregrinos e deixem-se canonizar pela santificada resplandecência exsudada de ‘Chassit’. Certamente um dos mais elevados registos de 2017.

🐺 John Garcia - "Gardenia" (2017)

Siena Root - 'A New Day Dawning' (2004)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Review: ⚡ Buried Feather - 'Mind of the Swarm' (2017) ⚡

A cidade australiana de Melbourne é actualmente uma das mais carismáticas dentro do admirável universo do Psych-Rock. Bandas como Ahkmed, Child, Holy Serpent, Hotel Wrecking City Traders, Buried Feather e Elbrus representam algumas das mais respeitadas e elogiadas bandas locais e a sua sonoridade exótica propaga-se por todas as extremidades do planeta, conquistando um número cada vez mais crescente de seguidores. No próximo dia 10 de Fevereiro essa imaculada reputação será nutrida com o lançamento oficial do novo e segundo álbum do quarteto Buried Feather apelidado de ‘Mind of the Swarm’ que sairá em formato de vinil pelas mãos dos selos discográficos Kozmik Artifactz (em território europeu) e Cobra Snake Necktie Records (em território australiano). Muito recentemente foi-me dada – pela própria banda – a irrecusável oportunidade de comungar em primeira mão este seu novo trabalho, e devo antecipar que se trata de um álbum verdadeiramente soberbo que prontamente me encantara, anestesiara e embaciara a lucidez. Embebido num delirante, hipnótico e sonhador Psych Rock – de ares lisérgicos e veraneios – e em erótica consonância com a estimulante ritmicidade da música Drone, este ‘Mind of the Swarm’ convida-nos a vivenciá-lo numa intensa, pesada e nebulosa narcose que nos mumifica do primeiro ao último tema do disco. A sua sonoridade imensamente relaxante massaja o nosso cerebelo e em nós instaura uma perpétua e radiosa sensação de bem-estar que nos mantém espertos neste fascinante sonho lúcido. Deixem-se contagiar pela mágica resplandecência destilada por uma sublime guitarra entregue a riffs dançantes, reverberantes e magnetizantes que nos deslumbram e inquietam, e a solos gritantes, viscerais e serpenteantes que nos circundam e inflamam. Sintam as vossas pupilas dilatar e a vossa alma distender-se aos mais longínquos territórios do Cosmos ao intrigante e alienígena som de um sintetizador que fala o idioma das estrelas. Pendulem os vossos corpos na resposta à bailante ondulação de um baixo denso, robusto e dinâmico que tonifica toda esta paradisíaca digressão onírica. Agitem-se às ordens de uma bateria retumbante e empolgante de distinto galope, e embriaguem-se nos vocais etéreos, translúcidos e lenitivos que se passeiam elegantemente pela perfumada, distorcida e nublada atmosfera de ‘Mind of the Swarm’. Os créditos do fantástico artwork que confere rosto a este opiáceo via auditiva pertencem ao artista sueco Robin Gnista. Este é um álbum saturado de um psicadelismo fulgente e exuberante que nos afunila num penetrante vórtice de constante alucinação. Recostem-se confortavelmente, respirem profundamente e experienciem toda esta extasiante e inolvidável digressão Huxley’eana.

💥 Under the Spell of JOY!

Go Go Godzilla!

Laura Palmer | Twin Peaks

1000mods | European Tour 2017

🌵 Desertfest London 2017

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domingo, 22 de janeiro de 2017

Ritual Haze - 'Machine Sun' (2017)

Review: ⚡ Fungus Hill - 'Creatures' EP (2017) ⚡

Da Escandinávia chega-nos a mélica, revitalizante e perfumada brisa sonora de Fungus Hill com o lançamento do seu EP de estreia apelidado de ‘Creatures’. Este quinteto sueco natural da cidade nortenha de Umeå desenvolve um elegante, requintado e sensual Psych Rock com indiscretos chamamentos ao cáustico e lisérgico Acid Rock florescido nos 60’s e ainda com uma evidente aproximação ao lascivo, vibrante e instigante Heavy Blues. Estes três ingredientes fundem-se entre si, dando origem a uma sonoridade imensamente envolvente, voluptuosa e agradável que nos acaricia e perpetua num estádio de plena exultação. É simplesmente instintivo deixarmo-nos envolver e contagiar pela erótica exuberância de ‘Creatures’ e vivenciarmos todo este EP numa extasiante, hipnótica e comprometida dança corporal de olhar selado e sorriso golpeado no rosto. Deixem-se enfeitiçar pela narcotizante beleza de duas guitarras endeusadas que se galanteiam com os seus sublimes, frondosos e requintados acordes, aliados a encantadores, berrantes e vertiginosos solos que nos namoram e eterizam. Sintam-se esporear pelas admiráveis e excitantes investidas de uma bateria acrobática que tiquetaqueia com perícia e emoção toda esta fascinante e prazerosa digressão musical. Deslumbrem-se com os vocais melodiosos, aveludados e adoráveis que se passeiam de forma alegre e vistosa pelos paradisíacos jardins de ‘Creatures’, e balanceiem os vossos corpos bronzeados e anestesiados pela xamânica radiação transpirada de Fungus Hill à boleia de um baixo robusto, orgânico e pulsante que se lança numa murmurante e reverberante dança. Este é um EP verdadeiramente sumptuoso e aliciante que não deixará ninguém indiferente. Banhem-se de redentora satisfação neste verdadeiro oásis sonoro e entreguem-se à desarmante sensualidade dos suecos Fungus Hill. A alma agradece.

Elder - 'Elder' (2008)

Orchid - "No One Makes a Sound" (2009)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Black Sabbath: The CVLT Nation Sessions (2017)


Oyler House In Lone Pine (1959)

© Richard Neutra

'Slide Your Brains Out' (1997-2012) - Thomas Campbell

Oaxaca, Mexico (1988)

© Ferdinando Scianna

Review: ⚡ Kamala - 'Kamala' EP (2017) ⚡

Da cidade alemã de Leipzig chega-nos o EP de estreia do jovem quinteto Kamala. Lançado no passado dia 9 de Janeiro em formato digital, este simpatiquíssimo registo homónimo é detentor de um agradável, deslumbrante e bem-disposto Psych Rock – fielmente resgatado dos dourados anos 70 – que harmoniosamente se funde num empolgante e dançante Funk. A sua sonoridade radiosa e primaveril causa em nós uma envolvente e etérea sensação de bem-estar que nos adorna do primeiro ao derradeiro tema de ‘Kamala’. Existe algo de verdadeiramente mágico, hipnótico e resplandecente neste EP que nos tranquiliza, enternece e obriga a experienciá-lo de cabeça entregue a um constante movimento pendular de ombro a ombro e sorriso imortalizado no rosto. As duas guitarras encantadoras entrelaçam-se numa requintada, mélica e apaixonante dança de onde transpiram sublimes e fascinantes solos, e deleitáveis e ataráxicos acordes de inenarrável beleza. O baixo de linhas imensamente groove’scas manifesta-se em bailantes, voluptuosos e pulsantes murmúrios que nos cortejam e deliciam, a voz mélica, suave e desmesuradamente aliciante empresta a ‘Kamala’ uma elegância e erotismo desarmantes, enquanto que a bateria jazzística – locomovida a delicadeza, sentimento e tecnicidade em prazerosa consonância– apimenta toda esta admirável e envaidecida caravana que nos embebeda e estonteia de êxtase. ‘Kamala’ é um esmerado, magnetizante e adorável trabalho que fará os vossos ouvidos salivar de jubilação. Um caso de amor à primeira audição que provocara em mim uma das mais inolvidáveis ressacas promovidas pela música. Banhem-se neste quente, alegre e luminoso psicadelismo que massajará e bronzeará a vossa alma sedenta de algo assim.

Vannin'

Led Zeppelin

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

🤘 Keep It Low Festival (2017)

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The Flying Eyes | AquaMaria Festival (2016)

Review: ⚡ Dopelord - 'Children of the Haze' (2017) ⚡

Da capital polaca chega-nos o terceiro álbum de Dopelord batizado de ‘Children of the Haze’. Lançado hoje mesmo nos formatos de CD e digital, este novo álbum do quarteto fielmente dedicado ao lado psicotrópico do Doom Metal, presenteia-nos com uma pesada, monolítica e arrastada cavalgada que nos atropela, absorve e eteriza. A sua sonoridade inquisidora, fumarenta e intoxicante – de corpo denso e tonalidade esverdeada – tem a capacidade de nos intrigar e instigar a vivenciá-la numa detida e redentora resposta corporal. A majestosa soberania dos riffs que governam este disco instaura em nós uma sensação de torpor que nos reveste do primeiro ao derradeiro tema. De olhar selado, narinas dilatadas e cabeça baloiçante, comungamos todo um envolvente, fascinante e luciférico ritual liderado por duas guitarras tirânicas que nos assombram com os seus riffs poderosos, imponentes, compactos e frondosos, e ainda com alucinantes, excitantes e sumptuosos solos que nos perturbam e endoidecem, um baixo musculado e torneado de reverberação imperiosa e dançante que nos circunda e intimida, uma cavernosa e colérica voz que se agiganta destacadamente na medula de toda esta brumosa e prepotente atmosfera, e ainda uma bateria explosiva – conduzida a entusiasmo e adrenalina – que galopa e chefia toda esta indomável e furiosa avalanche que nos ataca e arrasa a lucidez. É-me importante ainda destacar e elogiar a desarmante e magnetizante beleza do artwork superiormente criado pelo artista Pig Hands. ‘Children of the Haze’ é um disco de paragem obrigatória a todos os devotos peregrinos do mais requintado Psych Doom. Inalem a morfínica exalação de Dopelord e testemunhem uma perfeita e duradoura narcose que estacionará a vossa alma na ténue linha entre a inércia e a exaltação.

Elbrus | Kozmik Artifactz

Review

sábado, 14 de janeiro de 2017

Scott Reeder (Kyuss / Sun and Sail Club)

Rory Gallagher

Review: ⚡ Red Void - 'Red Void' EP (2017) ⚡

Depois de ter elogiado o novo álbum dos australianos Frozen Planet 1969 (review aqui), o EP de estreia do power-trio Red Void obriga-me a prolongar a estadia em território australiano. Este seu trabalho homónimo, lançado oficialmente no passado dia 12 de Janeiro, vem saturado de um hipnótico, sublime e euforizante Heavy Psych regado e temperado pelo efeito fuzz – e ainda com discretas aproximações aos meditativos e siderais domínios do Space Rock – que me entusiasmara e conquistara logo à primeira audição. Natural da cidade de Hobart (Tasmania, Austrália), esta banda distende a sua sonoridade das mais cálidas e bronzeadas paisagens de um deserto vigiado e calejado por um perpétuo sol que nunca se põe, a todo um majestoso vislumbre cósmico onde abundantes fornalhas estelares farolizam as solitárias almas que por ali naufragam. A sua sonoridade quente, vibrante e arrebatadora embebeda-nos numa envolvente e delirante jam de 32 minutos – distribuída em cinco temas – à qual nem a mais crua e resistente lucidez consegue sobreviver. A guitarra alucinógena manifesta-se numa sedutora, exaltante e alucinante dança de onde são desprendidos extravagantes, desvairados e estimulantes solos capazes de nos fazer transcender ao mais absoluto êxtase. O baixo de linhas robustas, sólidas e ondulantes entrega-se detidamente a uma fascinante hipnose rítmica que nos massaja e magnetiza, enquanto que a bateria galopeia com vigor e firmeza toda esta desgovernada detonação sonora. Agitem-se prazerosamente ao excitante som de Red Void e vivenciem toda a sumptuosidade e exuberância transpirada pelo primeiro grande EP do ano.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

🎧 White Shape - 'The White Shape' EP (2016)

Kadavar "All Our Thoughts" @ Hellfest (2016)

Review: ⚡ Frozen Planet 1969 - 'Electric Smokehouse' (2017) ⚡

Da bela e populosa cidade australiana de Sydney chega-nos ‘Electric Smokehouse’: o primeiro álbum de 2017 a ter em mim um impacto singular. Lançado oficialmente hoje mesmo pela mão do selo independente Pepper Shaker Records e do selo holandês HeadSpin Records nos formatos físicos de CD e vinil, este novo e quarto álbum do power-trio Frozen Planet 1969 prende um delirante, fascinante e envolvente Heavy Psych de instrumentos apontados aos lugares mais longínquos e recônditos do Espaço sideral. É à boleia desta emocionante, redentora e narcotizante jam que a nossa alma é mumificada por uma soberana e firme sensação de bem-estar e arremessada tão para lá dos domínios gravitacionais da consciência terrena. A sua sonoridade imensamente hipnótica, arrebatadora e contemplativa embacia a nossa lucidez, instaura em nós o sagrado êxtase e massaja-nos o cerebelo. ‘Electric Smokehouse’ é uma prazerosa, sumptuosa e penetrante odisseia pela gélida e anestésica obscuridade do Cosmos temulento. Uma sagrada evasão pela infinidade espiritual experienciada de narinas dilatadas a absorver as poeiras estelares e olhar petrificado e ancorado no firmamento que se desdobra e reinventa. Icem as velas da vossa alma e velejem os mais sedosos e tranquilizantes mares ao orgástico som de uma guitarra astral que se transcende em admiráveis, estarrecedoras e lisérgicas divagações, um baixo palpitante e murmurante – de linhas serpenteantes, eróticas e imensamente contagiantes – que nos obriga a vivenciá-lo numa detida dança de dinâmica pendular, e uma bateria excitante de ritmicidade sedutora e emocionante que vivifica e enfatiza toda esta encantadora atmosfera de ‘Electric Smokehouse’. É relevante ainda enaltecer o fantástico artwork de traço brilhantemente conduzido pelo artista londrino Matt Wilkins que confere rosto a esta verdadeira preciosidade. Existe algo de verdadeiramente sublime e deslumbrante neste novo álbum dos australianos Frozen Planet 1969 que me faz reverenciá-lo. Mergulhem nesta etérea nebulosidade de ‘Electric Smokehouse’ e sintam-se adornados pela morfínica leviandade suspirada pelas estrelas.