quarta-feira, 31 de outubro de 2018

👁 Ritchie Blackmore | Rainbow

Review: ⚡ BelzebonG - ‘Light the Dankness’ (2018) ⚡

Os polacos BelzebonG acabam de brindar e surpreender todos os seus adoradores com a banda sonora perfeita para o presente dia de Halloween. Refiro-me a ‘Light the Dankness’, o tão aguardado sucessor de ‘Greenferno’ (review aqui) e que chega a nós não só sob a forma digital, mas igualmente nos formatos físicos de CD e vinil (este último repartido em três edições distintas e cada uma delas limitada à existência de apenas 200 exemplares disponíveis). Lançado hoje mesmo numa edição autoral e através das suas páginas oficiais de Bandcamp e Youtube, este novo álbum do quarteto há muito dedicado ao lado mais psicotrópico e luciférico do Doom Metal vem enlameado e sobrecarregado por uma sonoridade pantanosa, fumarenta, morfínica e tenebrosa que provoca no ouvinte efeitos em tudo semelhantes aos da absorção do Tetraidrocanabinol (THC). Uma espessa, nebulosa e esverdeada exalação – de elogio e veneração às substâncias psicoativas – que se adensa e agiganta numa monolítica avalanche e que consequentemente nos envolve, sombreia e revolve sem qualquer piedade ou inibição. Profundamente baseado em pesados, vigorosos, poderosos e embriagados riffs – manobrados e modulados por duas guitarras corrosivas, robustecidos e bafejados por um baixo intensamente musculado, e esporeados por uma bateria incisiva e explosiva – que desaguam em alucinantes, ácidos e atordoantes solos, ‘Light the Dankness’ conta ainda com a intrigante presença de samples cirurgicamente amputados a Cult Horror Films que emprestam a este registo toda uma dose extra de fascínio. São cerca de 35 minutos – distribuídos pelos quatro temas que o corporizam – sumamente administrados por uma tóxica, enigmática e demoníaca vaporização que nos amortalha e soterra numa brumosa narcose capaz de asfixiar, turvar e embaciar a nossa lucidez. Este é um álbum de efeitos medicinais e espirituais. Inalem toda a sua lisérgica bafagem vaporada pelo próprio Diabo, e sintam-se relaxar, sedar e estacionar numa imperturbável sensação de bem-estar.

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🎃 Windhand - "Winter Sun" (2012)

terça-feira, 30 de outubro de 2018

☥ Liz Buckingham // Electric Wizard

ॐ Mike Scheidt // Yob @ Hard Club, Porto

📸 Jorge Silva

🦅 Aeroblus - "Nada Estoy Sabiendo" (1977)

Review: ⚡ The Wizards - ‘Rise of the Serpent’ (2018) ⚡

Da vizinha Espanha – mais concretamente da cidade portuária de Bilbau – chega-nos o terceiro e novo álbum do quinteto basco The Wizards denominado de ‘Rise of the Serpent’ e lançado no passado dia 26 de Outubro pela mão do selo discográfico germânico High Roller Records sob a forma física de CD e vinil (este último reduzido a uma prensagem ultra-limitada de apenas 200 cópias existentes). Descendentes directos de uns Judas Priest e uns Thin Lizzy, estes The Wizards hasteiam um ostentoso, imponente, principesco e poderoso Proto-Metal de feições setentistas, profundamente influenciado pela tão emblemática New Wave of British Heavy Metal (N.W.O.B.H.M.) talhada e patenteada no final dos anos setenta e inícios dos oitenta. A sua sonoridade galopante, majestosa, vistosa e pujante balanceia-se por entre a robustez, a harmonia e a rapidez num admirável equilíbrio de forças que nos mantém a ela firmemente fascinados e de atenção ancorada. São cerca de 48 minutos atestados de uma enérgica e desenfreada cavalgada, brilhantemente esporeada por duas guitarras gémeas que se serpenteiam na ascensão de imponentes, homéricos e marcantes riffs e na frenética condução de luxuosos, altivos e portentosos solos, um potente baixo de bafagem pesada, tensa e torneada, uma bateria estrondosa, rápida e impetuosa, e uma voz volumosa, melódica, temperada e vaidosa que – apoiada e adornada por um secundário coro vocal – se engrandece, esclarece e glorifica na ardente atmosfera de ‘Rise of the Serpent’. Este é um disco de contornos épicos, detentor de uma fragância graciosamente revivalista que me embriagara e namorara do primeiro ao último tema. Deixem-se absorver, enfurecer e comover pela veemência tirânica que este novo álbum de The Wizards transpira, e vivenciem – de olhar carregado e punhos cerrados – toda a sua desarmante, nobre e apaixonante grandiosidade. Um verdadeiro rolo compressor que atropelará todo aquele que o enfrentar. ‘Rise of the Serpent’ é indubitavelmente um dos grandes e incontornáveis discos do ano, de audição obrigatória a todos os apóstolos do género.

🕯 Florian Bertmer - "Order of the Seven Serpents"

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sábado, 27 de outubro de 2018

☄️ Asteroid // Høstsabbat '18

Review: ⚡ Mohama Saz - ‘Viva el Rey’ (2018) ⚡

A mística formação madrilena Mohama Saz está de regresso com o lançamento do seu terceiro álbum apelidado de ‘Viva el Rey’ pela mão do selo discográfico independente Humo nos formatos físicos de CD e vinil. Um ano depois de promovido (e por mim devidamente difundido e elogiado aqui) o seu segundo registo de longa duração ‘Negro es el Poder’, sinto-me agora novamente impelido a reforçar toda a minha crescente veneração apontada a esta recém-transmutada banda espanhola (que se desenvolvera de quarteto para quinteto). Profundamente sustentados num singular psicadelismo de raízes arábicas que os norteia desde a sua criação, estes madrilenos trabalham também um hipnótico, espiritual e messiânico Krautrock de inspiração religiosa em perfeita e admirável simbiose com uma ostensiva, envolvente e criativa veia jazzística, e ainda com indiscretas influências da música Flamenco e da música erudita de proveniência turca. Todo este exótico sortido sonoro resulta numa sagrada e deslumbrada peregrinação pelas onduladas, quentes, sedosas e bronzeadas areias de um deserto vigiado e bafejado pelo intenso Sol. Toda uma epifania desértica que nos é ministrada pela esplendorosa e inspirada música de Mohama Saz, e que nos mantém num firme e imutável estádio de perfeito bem-estar. De olhar semi-cerrado, sorriso esboçado e detidamente entregues a uma dança serpenteante – como que uma serpente Naja enfeitiçada pela flauta indiana – somos inundados por um contagiante misticismo que nos irradia e fervilha de resplandecência e prazer. Banhem a vossa alma neste edénico oásis adornado por uma guitarra endeusada que se envaidece em exuberantes, sumptuosos, opulentos e magnetizantes acordes, uma voz dominante, ritualística e liderante, um baixo ondulante, fluído, ritmado e tonificante devota e fixamente dado a uma redentora exalação reverberante, um luxuriante saxofone que se manifesta em excêntricos, aveludados, caóticos e delirantes bailados, e ainda uma primorosa bateria aliada a uma percussão soberbamente tribalista que – com um toque polido, subtil, imaginativo e apurado – tiquetaqueiam e incendeiam toda esta santificada e reverenciada peregrinação de tendência oriental. ‘Viva el Rey’ é um álbum tremendamente magnífico, convidativo a uma encantadora e meditativa caravana que se passeia pelos longos desfiladeiros que canalizam a alma. Uma verdadeira ode ao tão almejado transe espiritual que nos atesta e canoniza de uma radiância devocional. Não há como contornar mais esta inspirada obra-prima concebida por Mohama Saz. Seguramente um dos mais grandiosos e copiosos álbuns lançados este ano que promete guerrear de forma afincada pelos mais altos lugares do pódio. Convertam-se em seus crentes seguidores, comunguem todo o seu esplendor e sintam-se ascender aos imaculados domínios de Mohama Saz. Que disco!

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🐸 Earthless [poster]

The Jimi Hendrix Experience

via Muziek Expres '68

Hear Here Presents: Kikagaku Moyo / 幾何学模様

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Review: ⚡ Hoja Madre - ‘Hoja Madre’ EP (2018) ⚡

De Lima (cidade-capital do Peru) chega-nos o EP de estreia do recém-formado trio Hoja Madre que acaba de disponibilizá-lo para escuta integral e download gratuito na sua página oficial de Bandcamp. Este registo de designação homónima irradia um quente, perfumado e deslumbrante Psych Rock de natureza tropical que – conjugado com um envolvente, alucinógeno e extasiante Acid Rock de raíz sessentista – nos petrifica, relaxa e intoxica. Essencialmente baseado em hipnotizantes, progressivas e fascinantes jams instrumentais que nos descolam da gravidade consciencial para soterrar a alma nas profundezas do negro solo do espaço sideral, este exótico ‘Hoja Madre’ representa o primeiro capítulo de uma promissora odisseia pelas fabulosas paisagens do psicadelismo orientado a revivalismo. Mergulhem e embalem nesta vertiginosa e prazerosa hipnose concebida e conduzida pela agradável simbiose entre uma guitarra messiânica que se perde e encontra por entre solos exuberantes, labirínticos e serpenteantes, um baixo murmurante de linhas ondulantes, hipnóticas, compenetradas e dançantes, e uma bateria detidamente entregue a um invariável galope que se limita a pautar o ritmo base de cada tema. De salientar ainda a homenagem desta jovem formação sul-americana prestada a duas das mais incontornáveis referências do género como os norte-americanos Grand Funk Railroad e os ingleses Cream, que decidira finalizar este seu primeiro registo com um surpreendente e bem executado medley onde combina os carismáticos temas “Into the Sun” e “I’m so Glad” pertencentes aos dois emblemáticos grupos já supracitados. São cerca de 31 minutos completamente embebidos numa atmosfera docemente encantadora que obriga o ouvinte a recostar-se confortavelmente, cerrar o olhar, desenhar um sorriso no rosto e deixar que a adorável sonoridade de Hoja Madre’ instaure em si mesmo toda uma paradisíaca narcose capaz de o envolver, remexer e transcender do primeiro ao derradeiro tema. Dissolvam-se no radioso, maravilhoso e delirante psicadelismo deste auspicioso power-trio de origem peruana, e testemunhem com devoção todo um esplendor onírico florescer e se distender pela infinidade da vossa espiritualidade.

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🔥 Jimi Hendrix [poster]

📀 Bongzilla - 'Thank You... Marijuana' (15-11-2018)

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Review: ⚡ Wayfarer - ‘World's Blood’ (2018) ⚡

Começo por admitir que não é nada habitual trazer a negra e cavernosa esfera do Black Metal para o universo El Coyote, mas muito ocasionalmente sou surpreendido, varrido e consequentemente conquistado por um determinado registo cujo impacto me obriga não só a vivenciá-lo com total apego e fascínio, mas a transcrevê-lo para o domínio lírico. E foi isto que sucedera depois de comungado e venerado o terceiro e novo álbum dos norte-americanos Wayfarer. Lançado em território primaveril do presente ano pelo selo discográfico independente e de proveniência canadiana Profound Lore Records na forma física de CD e vinil, ‘World’s Blood’ sustenta todo um obscuro, melancólico, misantrópico e aflitivo Black Metal soberbamente atmosférico e narrativo, que se perde num romanesco, mitológico e principesco Folk Metal de essência medieval. A sua sonoridade de inspiração Western remete-nos para um letárgico, esquecido e descorado deserto – onde tenebrosas, opressivas e massivas nuvens vigiam e enlutam os céus, e uma paisagem árida, inóspita e estéril, há muito órfã de esperança, adormece e empalidece num imperturbável estádio de dissecação – que nos passeia num depressivo, solitário e pensativo galope sem destino conhecido. Estes quatro cavaleiros ancestrais de heresia hasteada e instrumentos empunhados perseguem-nos, respiram-nos e atemorizam-nos do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 44 minutos inteiramente saturados e governados por uma intensa soturnidade que nos mumifica e soterra num profundo estado de prostração. Tombem as pálpebras, cerrem os maxilares, sacudam a cabeça e inalem toda a nebulosidade tumular de ‘World’s Blood’ exalada por duas guitarras lacrimosas que tanto se enfurecem em riffs corrosivos, intrigantes, tocantes e altivos, como se tranquilizam em refinados e contemplativos acordes, um imponente e reverberante baixo de linhas tingidas a impetuosidade, volume e expressividade, uma incansável e retumbante bateria locomovida e esporeada a uma ritmicidade cavalgante, enlouquecedora e ofegante, e ainda uma voz fervorosa, escarpada, irada e poderosa que ecoa pelos longos desfiladeiros que canalizam toda a obscuridade que este álbum carrega e ostenta. De salientar ainda a capa enigmática que com inteira precisão traduzira e espelhara para o universo visual tudo o que a lamentosa alma de ‘World’s Blood’ nos segreda. Este é um álbum intensamente marcante que nos envolve e anoitece. Um registo de natureza tirânica e intrusiva que certamente tomará de assalto as rédeas de quem nele se abrigar.

⚜️ Eric Clapton // Cream '67

domingo, 21 de outubro de 2018

Review: ⚡ Bourbon Train - ‘First Stop’ (2018) ⚡

Da grande e populosa cidade de Columbus (capital do estado norte-americano do Ohio) chega-nos ‘First Stop’, o instigante primeiro álbum de estúdio de Bourbon Train. De instrumentos apontados a um ardente, ritmado e fascinante Heavy Blues de descendência revivalista, oleado e tonificado por um pujante, encorpado e galopante Hard Rock de tração setentista que muitas vezes resvala num motorizado Stoner Rock à boa moda dos 90's, este quinteto fundado em 2012 tem em ‘First Stop’ um entusiasmante registo locomovido a potência, dinamismo e veemência. Lançado muito recentemente em formato digital (via Bandcamp) e em formato físico de CD (via Facebook), este portentoso trabalho colidira em mim de forma impactante, provocando-me toda uma crescente comoção de bem-estar e excitação que me inflamara do primeiro ao derradeiro tema. São cerca de 26 minutos saturados de uma atmosfera vulcânica que nos pontapeia e incendeia de euforia. Deixem-se atropelar por toda esta intensa avalanche decibélica promovida e conduzida ao volante de duas guitarras selváticas que se obscurecem e engrandecem em imponentes, poderosos, ostentosos e intrigantes riffs, e se transcendem em gritantes, espalhafatosos, vertiginosos e alucinantes solos, um baixo diligente e vociferante de linhas tonificadas, densas, tensas e sombreadas, uma bateria incisiva, explosiva e carburada a um galope desenfreado e electrizante, e ainda uma voz aveludada, cuidada e melodiosa que se distende e enfatiza ao longo desta furiosa, febril e impetuosa cavalgada. Este é um disco marcante – de alma turbulenta e provocante – que nos induz uma pesada dosagem de adrenalina e revolve os nossos membros e sentidos. Não é nada fácil segurar com firmeza e audácia as rédeas de ‘First Stop’ que nos esporeia e afogueia do primeiro ao último minuto. Sintam o vosso coração rufar, a temperatura do corpo aumentar e vivenciem com total entrega e paixão uma das boleias sonoras mais emocionantes do ano. Um álbum de paragem obrigatória.

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Sucking the 70's

The Doors

Los Natas

🌊 Fu Manchu

sábado, 20 de outubro de 2018

😈 Acid King // Keep It Low (2018)

1965 Ford Mustang Fastback

© mecum

Colour Haze // Keep It Low (2018)

Review: ⚡ Mockingbird Express - ‘Take Off’ (2018) ⚡

Os ainda pouco conhecidos Blues Rockers Mockingbird Express – trio formado em 2014 na cidade de San Antonio (Texas, EUA) acabam de lançar o seu álbum de estreia ‘Take Off’ unicamente em formato digital através da sua página de Bandcamp oficial. Profundamente influenciado pelo clássico, elegante e carismático Blues Rock dedilhado nos dourados 60’s & 70’s e pelo vibrante, colorido e extravagante Psychedelic Rock de natureza sessentista à boa moda de Cream e Jimi Hendrix, este tão esperado primeiro trabalho de longa duração ostenta uma arcaica sonoridade de textura revivalista que me envolvera e namorara logo no decorrer da primeira audição que lhe dedicara. A sua atmosfera Woodstock’eana tem a rara capacidade de nos conduzir para o efervescente, exótico e vivificante distrito de Haight-Ashbury (San Francisco, EUA) em plena época da afirmação e emancipação hippie, e passear pelos emblemáticos e ruidosos clubs e pubs onde essa consagrada contracultura prosperava com intensa e fulgurante vitalidade. Uma inebriante e extasiante fragância via auditiva que nos mantém de olhar narcotizado e semi-cerrado, sorriso esculpido e imortalizado no rosto, e corpo detida e prazerosamente entregue a movimentos serpenteantes. Deixem-se prender e deslumbrar pela atraente vistosidade de uma guitarra endeusada que se envaidece em reluzentes, animados e contagiantes acordes e se endoidece em delirantes, alucinógenos e borbulhantes solos, um baixo vigilante de linhas dinâmicas, robustas e pulsantes que diligencia e sublinha todas as exóticas exteriorizações da guitarra, uma bateria jazzística de aprimorado, criativo e ornamentado galope rítmico, e uma radiofónica voz de tonalidade destemperada, aguda e enferrujada que intensifica toda esta esfera do velho, rústico e saudoso Blues ao qual ‘Take Off’ presta uma dignificante e apaixonante homenagem. Sendo eu um intratável aficionado das empoeiradas raízes do Blues Rock não poderia contornar este belo registo executado de forma exemplar. Esta fascinante formação texana Mockingbird Express merece ser ouvida e difundida por todos aqueles amantes do revivalismo sonoro, rubricado e representado por lendas como Howlin' Wolf, John Lee Hooker, Jimi Hendrix e Eric Clapton. Que esta – ainda que tímida – tendência de jovens bandas abraçarem e manifestarem velhas influências se mantenha bem viva. Os meus ouvidos salivam e a minha alma regozija-se com isso.

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quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Lemmy Kilmister // Motörhead

👊 Iron Claw // 70's Heavy Rock

Review: ⚡ Kungens Män - ‘Fuzz på svenska’ (2018) ⚡

O colectivo sueco Kungens Män continua a demonstrar inesgotáveis e surpreendentes recursos criativos e acaba de avançar para o lançamento do seu 19º trabalho de longa duração em apenas cinco anos de actividade. Designado de ‘Fuzz på svenska’ e promovido pelo selo discográfico germânico Adansonia Records nos formatos físicos de CD (limitado a 500 cópias existentes) e vinil (este último repartido em duas edições diferenciadas e ultra-limitadas), este álbum duplo do sexteto nórdico comporta um envolvente, anestésico e suavizante Krautrock de propensão astral em coligação com uma mística e exótica veia experimental de onde sobressai uma hipnótica e exuberante vibe jazzística. Perfumados e compenetrados pela sua deslumbrante e magnetizante sonoridade, somos levados à mais profunda intimidade do espaço sideral onde as mais idosas estrelas se deixam soterrar pelo negrume que repleta a vacuidade cósmica. ‘Fuzz på svenska’ simboliza uma extraordinária odisseia que nos resvala pelas costuras do universo e desagrega a alma pela imensidão espacial. Deixem-se dormitar à relaxante boleia de duas guitarras contemplativas, um baixo murmurante, uma bateria criativa e um sintetizador deambulante, e agitem-se de olhar selado e sorriso talhado na instintiva resposta aos vivificantes, bizarros e berrantes bailados de um saxofone carnavalesco que absorve grande parte do protagonismo. Esta nova digressão espiritual levada a cabo pelos astronautas Kungens Män pendula entre paisagens sonoras tricotadas a meditação, misticismo e mansidão que nos massajam, insensibilizam e narcotizam, e fervilhantes passagens saturadas pelo inflamante efeito fuzz e uma bizarra e alienígena atmosfera noisy que nos revolvem e incendeiam. São cerca de 82 minutos de uma admirável e aliciante expedição aos confins da nossa espiritualidade. Mergulhem no vosso Cosmos interior atrelados a este fabuloso ‘Fuzz på svenska’ e embalem numa doce e penetrante narcose que vos afagará e canalizará aos braços do transe. Não será nada fácil regressar das funduras deste sonho acordado e recuperar a lucidez que nos fora subtraída ao longo de todo o álbum. Um dos registos mais transcendentes de 2018 está aqui, na expansiva, magnetizante e lenitiva essência do renovado capítulo – de âncora recolhida e velas hasteadas – pelos lisérgicos e edénicos oceanos de Kungens Män.

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🔪 Uncle Acid and the deadbeats - 'Wasteland' (2018)