domingo, 18 de julho de 2010

O último dia de Inverno

Os veementes sirenes da polícia despertaram-me naquela fria noite de inverno. Aproximei-me da janela e olhei a rua. Alguém havia sido assassinado. Sustive a respiração e olhei o teu vestido vermelho que havias deixado no chão do quarto há longos dias atrás. O inverno gela as ternas ramificações do amor e aquece os frios princípios da suspeição. Nos lençóis ainda habita o teu cheiro e as cicatrizes esculpidas pelos teus movimentos inconscientes. Ficarei acordado até que este desassossego me liberte… ou mate.

Este é o último dia de Inverno.

The Professional (1994), Luc Besson


5/5

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Om (Madrid)


Sábado, 5 de Junho de 2010. Ainda o sol conquistava timidamente os céus, quando apanhei um autocarro e me fiz á estrada em direcção a Vila Real. Lá entrou o Bruno e seguimos viagem rumo ao Porto (mais precisamente ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro). Estávamos mesmo a caminho de Madrid para ver Om. Ainda era uma realidade madrugadora, mas que com o tempo ganhou lucidez. Depois de 1001 voltas pelo aeroporto, um lanche “barato” e umas olhadelas para o que nos era alheio, lá entrámos no avião da Ryanair: cintos de segurança apertados, ipod’s desligados, pastilhas na boca, corações aos saltos, olhar refugiado no horizonte e… cá vamos nós! Uns belos 45min de voo e Madrid: cá estão os carrazedenses do Stoner Rock em mais uma peregrinação musical! Depois de mais uns devaneios no aeroporto de Barajas em Madrid lá demos com a saída daquilo. O David apareceu e corremos até um restaurante de emigrantes portugueses (transmontanos) para comer uma bela Francesinha (e que Francesinha) e beber umas cervejas bem geladas. Aproximava-se a hora do concerto. Só algumas caixas multibanco atrasaram a nossa chegada á Sala Caracol. Marcámos posição em frente ao palco e vimos entrar os Reznik: um duo composto por uma fêmea na guitarra e um macho na bateria. Temas curtos, velozes e pesados (bem ao estilo Sludge e Doom) caracterizaram a noite de Reznik. Um fraco aplauso para este duo ainda muito verde e siga para Akauzazte: uma banda de extraterrestres que nos fizeram viajar ao som de bons e largos minutos de envolvência psicadélica (muito graças ao sintetizador). De realçar o estado “sóbrio” dos elementos da banda. Tempo para mais um brinde a três e… Om no altar! Al Cisneros colocou o baixo no seu lombo (“Oh Cisneros tas gordo!”), Emil Amos cerrou os punhos nas baquetas e começou o tão aguardado ritual. “Meditation is the Practice of”, “Rays Of The Sun / To The Shrinebuilder” e “At Giza” fizeram-me delirar por completo! Fechei os olhos e deixei que o baixo do Cisneros, o ride e a tarola (fora todos os restantes floreados) do Amos conduzissem o meu corpo e mente pelas tortuosas estradas do inconsciente. Depois de um concerto tão completo (pena só a ausência de temas do Variations on a Theme), esperávamos um aperto de mão do Cisneros, mas em vez disso recebemos um exuberante cumprimento do Emil Amos “Uhhhh”.
Foi uma noite COLOSSAL! E a ressaca da mesma ainda hoje perdura…