segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Intrínseco


Em esforço, expulso as botas dos meus pés…Empurro-me para os frios lençóis, e contemplo a serenidade que, diariamente, me visita.Lá fora a cidade está inquieta. A luz solar toca-me, e submeto-me a um novo esforço para fechar as persianas. Não quero escutar a respiração de Lisboa… Escuto um Disco. Evito fechar os olhos, pois caso se encontrem recolhidos, paralisados, jamais obedecerão às súplicas da minha razão. Sem motivos plausíveis para combater as fraquezas do, invicto, instinto, deixo-me ceder. Encontro-me deitado sobre memórias passadas, e aspirações presentes… Não há céu… Um, negro, espelho demarca o limite. Não existe o ascendente. O injusto Planeta dos Pássaros, ao quais lhes foram negadas as asas. Em frente á janela permanece a velha cadeira de madeira, na qual já ninguém repousa há mais de um século… Em tempos, serviu a fome voraz de olhares incisivos e peculiares que atacavam as raízes emergentes do, defunto, solo. A velha árvore, que durante vários anos prostituiu os seus longos e fortes braços para suportar a instável infância/crescimento das crianças, está a redigir as últimas pretensões no seu velho testamento. O cão, que em tempos acompanhou os malditos, hoje está a ser devorado por larvas. O velho retrato de família, que em tempos protegeu o bom apelido dos seus protagonistas, hoje está no chão, e a sua dourada moldura está divorciada. Com o Inverno, não chegou apenas o Frio, … mas a Libertação. As pálpebras ameaçam rasgar… é o incessante clarão da insónia da vida que me alerta. Tempo… consegui acompanhar-te paralelamente, pelos meus próprios pés, pelo meu próprio sentido de orientação.
Wake Up Young Man, It's Time To Wake Up!

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