terça-feira, 9 de novembro de 2010

Exegese

Ambos procuraram sentir-se confortáveis com o silêncio que passeava por entre os seus olhares. Não ousaram dizer uma única palavra. Ela baixou o rosto e suspirou… Num gesto nada natural abriu a sua mala e procurou algo no interior. A sua mão apalpava calmamente os objectos numa dança repetitiva. A mala era demasiado pequena para justificar todo aquele tempo de procura. Foi então que ele se sentiu forçado a dizer algo (mas o quê?). O epicentro da sua atenção era somente a face dela. Tentou olhar em redor mas o seu olhar era empurrado para ela. O seu coração estava em êxtase, as suas mãos estremeciam e a sua cabeça movimentava-se nervosamente…

“Está um belo dia de sol, não está?”

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