quarta-feira, 13 de junho de 2012

Spiderland, a ilha do conforto.

Há dias em que é um prazer oferecer resistência ao instintivo desejo de dormir, e alimentar este estado ébrio nas asas de uma leviandade etérea. Hoje foi um desses dias. Pertenceu ao “Spiderland” dos Slint esta honrosa missão. Esta magnifica obra que permaneceu na sombra da reputação durante muitos e longos anos, é um dos raros exemplos de metamorfose musical. Ouvi o “Spiderland” pela primeira vez quando tinha uns 16, 17 anos e, desde logo, fiquei petrificado com a sonoridade austera do quarteto americano. Recordo-me de sair de casa em dias de bruma outonal ao som deste álbum, e sem destino predefinido. Datado de 1991, “Spiderland” aprisiona uma essência musical nunca antes conhecida. É um disco perturbador que deve ser ouvido na penumbra do entardecer ou no âmago da noite. É um disco para ser tocado num ambiente soturno. É também lá que habita o meu tema favorito de sempre (e para sempre), “Good Morning, Captain”. Muito possivelmente foi o disco que mais mudou a minha vida, e continua a transfigurá-la sempre que o ouço. É um disco repleto de uma contundência emotiva personificada pela sombria narração de Brian McMahan. Depois de tantos anos e consequentes audições, “Spiderland” continua a conquistar-me e a permanecer invicto no pelotão da minha estrada musical.            

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