Em 2009 comprava o meloso “Smokerings” dos dinamarqueses Fuzz Manta, persuadido pela requintada musicalidade com forte influência no Blues e no hard Rock setentista, mas também pelo ressurgimento vocal de Janis Joplin nas goelas de Lene. E se estava convencido com o disco de estreia, o 2º (“Opus II”) deixou em mim um sabor agridoce. E foi neste âmago da dualidade gustativa, que surgiu o mais recente disco da banda “Vortex Memplex” para me deixar de músculos faciais completamente anestesiados e de alma a divagar bem longe da minha presença corporal. É um disco soberbo com passagens verdadeiramente viajantes. O instrumental da banda está mais delirante que nunca, brindando-nos com verdadeiras odisseias pela ataraxia dos sentidos. A voz de Lene está mais aveludada que nunca, criando uma orgia com a guitarra, o baixo e a bateria. Depois de ouvir este disco, tenho a certeza de que somos seres espirituais a viver uma experiência humana e não seres humanos a viver uma experiência espiritual. É uma verdadeira terapia ventosa que serpenteia a alma e nos converte em peregrinos. Quanto a vocês não sei, mas quanto a mim: é o disco do ano (até ao presente). Uma prolongada vénia a Fuzz Manta. Nunca a Dinamarca foi tão quente.
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