Há uns dias revi um dos meus
westerns favoritos. Esta preciosidade “John Fordiana” com mais de 60 anos narra
a evasão de três foras-da-lei depois de se estrearem num assalto a um banco do
Arizona. Na liderança deste bando poeirento, figura John Wayne na sua estreia
como anti-herói. Mas John Wayne nasceu para salvar o cinema dos finais maliciosos,
e até mesmo em “3 Godfathers”
sofreria essa metamorfose ética de uma forma que só John Ford sabe ensinar. O
deserto de Mojave seria, uma vez mais, palco de um western notável. No encalço
destes três pistoleiros, cavalgam caçadores de prémios e um sheriff
inconformado. Mas o pior inimigo destes três fugitivos acabaria por ser o
deserto e as suas areias penosas. Com horizontes a perder de vista e debaixo de
um sol abrasador, estes três cowboys cambalearam durante dias ao longo do deserto de Mojave. De bocas secas, só as miragens de água os impulsionavam a prosseguir
deserto adentro. E assim foi até que encontram uma mulher grávida deixada numa
diligência abandonada. Este seria o ponto de viragem na conduta e ambição deste
trio. Depois de ajudarem no parto, e a mãe falecer enquanto sussurrava pedidos
de salvação para com o seu filho, estes pistoleiros deixavam de ser fugitivos
da outra margem da lei e se convertiam em reis magos com a árdua missão de enfrentar
novamente o deserto e entregar a criança nos braços da salvação. É um western especial
com contornos bíblicos e obrigatório para os amantes do género. Se John Wayne
não é maior que o deserto, é - certamente - do seu tamanho.
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