Bendita seja a madrugada em que
me cruzei com o Steven R. Smith no mais recôndito canto da internet. A minha
alma ficou mais rica e compreendida depois desta descoberta musical. Mergulhei
nas profundezas dos melancólicos acordes deste guitarrista e não mais regressei
à superfície da consistência. Seria injusto escolher qual o meu álbum favorito
de uma discografia, toda ela, de sonoridade semelhante. Steven R. Smith é um pregador
de narrativas outonais, onde só as folhas secas dos plátanos caiem e o
anoitecer subsiste. Este guitarrista merece ser contemplado sem qualquer reserva. A sua sonoridade prima pela sombra e a penumbra, onde as luzes da
cidade não persistem. Toda a sua extensa discografia é uma flor que esmorece em
cima de um jazigo esquecido, é todo um soluçar de cabisbaixo onde a esperança
já não habita e um bocejar das mais isoladas e solitárias montanhas do mundo. Os seus dedos
dedilham extensos caminhos cavernosos debaixo de árvores centenárias. A solidão domina todos os horizontes. E apesar
de não haver previsões de céu limpo no reino deste eremita, a sua sonoridade
presenteia-nos com o mais resplandecente sol em tons de sépia. Steven R. Smith tem tudo para
ser o meu melhor amigo nas frias noites que se avizinham.
Sem comentários:
Enviar um comentário