Imaginem-se no meio de um deserto
onde os saguaros se espreguiçam em direcção aos céus, onde o sol se debruça sobre
imponentes monólitos e boceja brilhantes clarões que esmorecem ao embater nas
fervorosas areias que banham este deserto. Imaginem o vosso olhar ser levado
pelo vento em direcção ao infindável horizonte enquanto os vossos corpos
levitam pela mais inebriada atmosfera que a alma conhecera. Imaginem-se num perfeito estado
de apaziguamento onde as vibrações solares beijam o vosso rosto e uma brisa estimulante serpenteia
os vossos cabelos. Esse sitio tem nome (Nahuatl) e proprietário (Felipe Arcazas). Este guitarrista brasileiro deixa
que a suave e lisérgica aragem que percorre os mais áridos desertos do planeta
dedilhem verdadeiros fragmentos de beleza na sua guitarra. Os seus
acordes penteiam as areias dos desertos e abraçam o sol vigilante que nunca se
põe. Este disco é uma verdadeira ode à ataraxia. É um interminável crepúsculo que irradia harmonia. Com apenas 20 minutos de
duração, “Nahuatl” tem a estranha capacidade de abrandar o tempo e se perpetuar
nos braços da eternidade. Felipe Arcazas tem-se caracterizado pela sua sonoridade
cadenciada, criando autênticas paisagens sonoras respiradas pelo sol e erigidas
pelo vento. “Nahuatl” é uma perfeita combustão de anestesia e alucinação que
nos consome lentamente e entrega aos pesados véus da leviandade.
Empoeirem as vossas almas
com este disco.
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