Já toda a sala do CAAA (em
Guimarães) transpirava expectativa e impaciência, quando The Entrance Band
subiu ao palco. O que se passou de seguida foi um perfeito ritual ataráxico de
que a minha memória não esquecerá com a erosão da idade e vivências a ela
inerentes. Poder assistir ao vivo a uma artista como a Paz Lenchantin, é algo
que merece ser publicitado para que outros não percam essa mesma oportunidade. A
baixista argentina estarreceu toda uma sala em perfeita harmonia e combustão
etérea. Com a sua hipnótica, contagiante e sensual dança, Paz Lenchantin brindou toda uma
plateia nas asas de um baixo corpulento, mirabolante e energicamente groovesco. Foi fácil imitá-la. A sala
contorcia-se de prazer e suspirava harmonia e bem-estar. Um ambiente woodstockeano que se abateu em nós e não
mais se desancorou dos mares da nossa alma. O guitarrista, Guy Blakeslee,
partiu para uma performance arrebatadora que nos pôs em crescente delírio e deslumbramento.
A sua guitarra vomitava gritos siderais que se abatiam em nós e -
consequentemente - nos conduziam para o lado mais transcendente do Homem. Toda
a plateia respondia de olhos
cerrados e convulsões prazerosas e lisérgicas a toda esta lufada psicotrópica e sensorial. Uma orgia levitante que ninguém recusou. Foi
um dos concertos da minha vida. Um dos mais viajantes e conquistadores. Um
verdadeiro carnaval emotivo onde todos comungaram.
Depois dos amplificadores
desligados e instrumentos dados ao merecido descanso, pairava a doce ressaca de
quem acabara de assistir a um concerto verdadeiramente assombroso. Quanto a
mim, ainda sinto o perfume californiano deste trio impregnado nas roupas.
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