quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Blown Out - Jet Black Hallucinations (2015)


É ainda órfão de grande parte das minhas faculdades sensitivas e de coração a rufar que vos escrevo sobre o novo disco de Blown Out. Este trio inglês dá assim continuidade à perdurável ressaca deixada pelo hipnótico antecessor “Drifting way out between Suns” de 2014 (review aqui). Ainda que estando a cerca de um mês do seu lançamento oficial, foi-me dada a inolvidável e gratificante possibilidade de escutar “Jet Black Hallucinations” na íntegra. E devo começar por confessar que não será nada fácil recompor-me depois de todo este exorcismo a que me submeti quando iniciei a audição do disco. Muito dificilmente não será o disco do ano (com as devidas reservas e expectativas para com o “Planetry Engineering” – outro disco de Blown Out ainda em período de gestação e que será lançado pouco tempo depois deste). 

No que a jam diz respeito, “Jet Black Hallucinations” é oficialmente o disco que mais mexe comigo (os Earthless que me perdoem). Ele causara em mim uma verdadeira expansão de euforia à qual não consigo dedicar os mais justos adjectivos. Ao longo dos seus salivantes 38 minutos de duração, testemunhei a emancipada radiação cósmica trespassar o litoral da minha consciência e enfeitiçar-me sem qualquer reserva. E foi assim - em paralisia - que assisti a esta perfeita detonação de prazer. Testemunha privada de um ritual capaz de abalar a ordem do Universo e da percepção humana. O guitarrista Mike Vest catapultou a sua imagem para os mais elevados céus da minha consideração. Ao volante da sua indomesticável guitarra, Mike Vest induz-nos a um vivido estado de hipnose. Uma vertiginosa odisseia pela profundidade do Espaço. Delirem com os seus solos orgásmicos que se espreguiçam Universo adentro, um vómito de euforia tantalizante que nos agita e projecta para os braços do Cosmos narcotizado. O baixo denso, modorrento e de cadência rítmica verdadeiramente sedutora e extasiante passeia-se numa estonteante espiral que nos engole e domina, e a bateria tiquetaqueia com enorme sentido rítmico toda esta perpétua convulsão de prazer dedilhado. “Jet Black Hallucinations” é uma perfeita injecção de adrenalina. O agradável e estimulante desmaio da consciência e o irrecusável convite à transcendência da alma rumo a firmamentos celestiais. Desprendam as amarras gravitacionais que vos mantém escravos da realidade terrena e sintam-se ecoar pelas fronteiras do infinito cosmológico ao som de Blown Out. Este disco colidira em mim de forma irreversivelmente conquistadora. A ele devo a eterna devoção.



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