É aqui, em “NGC 1976”, que o
deserto e o cosmos se tocam e provocam em nós uma atónica e memorável
experiência. Natural de Le Mans, França, este power-trio chamado Stone
From The Sky dedica o seu primeiro álbum à sonoridade viajante e celestial
do Psych Rock e às exóticas e
cálidas brisas do Desert Rock numa
junção que muito me agrada e estimula. Esta jovem banda de instrumentos
empoeirados pelo deserto e abençoados pelo bafo das estrelas pode muito bem
orgulhar-se de “NGC 1976”. São 40 minutos de constante hipnose que nos induz,
seduz e conduz a uma inebriante odisseia pelas arenosas autoestradas do
universo bocejante. É um disco de ambiência tremendamente fascinante que tanto
nos tranquiliza com os seus solos de efeito sedativo, como nos empolga e euforiza
com os seus riffs enérgicos e
explosivos. É este contraste entre a densidade e a leviandade que nos impele a
recolher a âncora da lucidez e divagar à velocidade de cruzeiro pelo
morfínico oceano cósmico. Testemunhem esta verdadeira libertação de endorfina
causada pelas prazerosas e extasiantes divagações de uma guitarra narcotizada e
em constante delírio, descomponham-se perante as compactas e vistosas linhas de
um baixo de efeitos analgésicos, e agitem-se ao som de uma bateria
resplandecente que tempera na perfeição todos os momentos de “NGC 1976”.
Sintam-se agigantar pela obscuridade do cosmos e despertar na admirável Nebulosa de Órion (responsável principal pelo nome deste disco). Uma
das surpresas do ano está aqui. Relaxem, respirem fundo, rodem este “NGC 1976”
e sintam a vossa consciência transviar por caminhos nunca antes explorados.
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