É justo começar por dizer
que não fosse o facto de “SKIBI” ter sido lançado no
derradeiro suspiro de 2015 (tendo escapado em tempo útil ao meu radar) e
certamente faria parte dos 40 contemplados que elegera para representar o que
de melhor acontecera no passado ano musical. Oriundo da capital polaca (Varsóvia) este quarteto denominado Kapitan Bongo aponta os seus
instrumentos para o Stoner Rock
revigorante e encorpado, com indiscretos chamamentos ao Psych Doom denso e arrastado e ao Space Rock viandante e sonolento (no sentido elogioso da palavra). “SKIBI”
representa uma autêntica odisseia que se distende do mais ardente e radioso
deserto ao mais gélido, distante e tenebroso lugar no Cosmos. São 57 minutos de
consciência ancorada a um constante e profundo estado de sedação e lisergia que
nos massaja o cérebro e nos veleja pelos negros, densos e enrugados lençóis
cósmicos. Eclodam rumo ao lado eclipsado do Sol à boleia de uma guitarra
infinitamente estimulante de solos paralisantes e riffs inquisidores, um baixo OM’esco
de murmúrios contemplativos, baloiçantes e hipnóticos, e uma bateria fascinante
que tiquetaqueia com entusiasmo todos os momentos do disco. Num papel complementar
estão ainda um djambé tribalístico, um sintetizador de ondulações magnéticas e
uma voz de sonâncias contrastadas (tanto áspera e gutural quanto macia e
nebulosa). “SKIBI” é uma complexa e enigmática ambulação explorada com uma
estarrecedora sensibilidade que nos deixa de cabeça empoeirada num intenso viveiro
estelar. A sua narrativa musical leva-nos a vivenciar verdadeiros estádios de
pura tranquilidade e ataraxia que nos extasiam, assim como fases de fervilhante
comoção que nos agitam e detonam. Este álbum provocara em mim uma das mais
deslumbrantes transcendências que me recordo de experienciar. Deixem-se seduzir
e conduzir pelos Kapitan Bongo nesta
jornada astral de firmamentos desdobráveis.
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