sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Review: ⚡ Banquet - "Jupiter Rose" (2016) ⚡

Na segunda metade da década de 60 o Psychedelic Rock era semeado e estabelecido na então boémia cidade de San Francisco, Califórnia (EUA). Bandas como Grateful Dead, Jefferson Airplane, Big Brother & the Holding Company (com a Janis Joplin de microfone empunhado), Quicksilver Messenger Service e Santana representavam alguns dos principais colonizadores do chamado San Francisco Sound que levaria toda a juventude contestatária local (hippies) a vivenciar nos parques bem como nos clubes nocturnos da cidade um sublime estado de êxtase nunca antes testemunhado. San Francisco perpetuava, assim, o honroso desígnio de cidade-ventre do Psychedelic Rock (rivalizando com o Psicadelismo Pink Floyd’eano sediado em Londres), variante da música Rock que viria a conhecer novas ramificações como o Heavy Psych Rock natural de uns Blue Cheer ou Shiver (bandas oriundas da cidade de San Francisco). Com o espreguiçar do tempo, o Psych Rock foi escoando até ao sul do estado californiano, empobrecendo musicalmente a cidade de San Francisco, e tem, nos dias de hoje, uma forte, especial e destacada presença na cidade de San Diego (cidade que considero ser a actual Meca do Heavy Psych) onde bandas como Earthless, Joy, Harsh Toke, Monarch e Sacri Monti transpiram saúde e qualidade. Ainda assim San Francisco parece ter preservado uma especial atmosfera sonora que hoje climatiza bandas como Om, Acid King, Sleepy Sun, Assemble Head in Sunburst Sound, The Mermen e os recém-nascidos Banquet (dos quais falarei de seguida).

Com o lançamento oficial agendado para o dia de hoje (26 de Fevereiro) pelo – cada vez mais influente – selo romano Heavy Psych Sounds, este “Jupiter Rose” trata-se de uma elegante e arrebatadora obra-prima do Heavy Psych californiano que tem tudo para marcar presença no pelotão final dos melhores discos de 2016. A sua sonoridade intensamente explosiva, eufórica e alucinante é libertada sem qualquer moderação, fazendo deste “Jupiter Rose” uma verdadeira injecção de adrenalina que nos endoidece do primeiro ao último tema. O seu estonteante e excitante Heavy Psych banhado pelo erosivo efeito fuzz provoca em nós múltiplos e descontrolados espasmos de prazer elevando-nos ao puro êxtase. Tentem deter as duas guitarras endiabradas que à velocidade da luz se transcendem em solos tremendamente entusiásticos, desvairados e vertiginosos, criadores de uma hipnótica e deslumbrante espiral que nos consome e estarrece, e se envaidece com admiráveis riffs de natureza sedutora. Atentem as velozes, possantes e deliciosamente ritmadas linhas de um baixo dançante que, firmemente agarrado ao véu das duas guitarras, se ostenta destacadamente neste caótico e delirante carrossel. Soltem as cabeças na resposta a uma fogosa e incitante bateria de balanceamento ofensivo que se supera numa performance verdadeiramente redentora. E como se tudo isto já não bastasse para nos sacudir violentamente ao longo dos sete temas que dão corpo a “Jupiter Rose”, ainda somos surpreendidos por uma voz jovial, radiosa e berrante que espevita desmedidamente o instrumental. Este é, para mim e até ao momento, o que de melhor saiu em 2016 e a ressaca do mesmo promete perdurar durante muito, muito tempo em mim. Testemunhem esta maciça detonação de prazer que vos obrigará a despir os corpos e transcender pela envolvente e infinita vastidão cósmica. 

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