É ainda de alma inebriada
pelo perfumado e xamânico encantamento difundido por Holy Mushroom que vos escrevo estas palavras. Este fascinante
projecto recém-formado na cidade espanhola de Oviedo causara em mim um perfeito e resplandecente estado de êxtase
que me envolvera não só ao longo de todo o álbum, mas desaguando também para lá
das suas fronteiras musicais. ‘Holy Mushroom’ é um poderoso
alucinógeno que amplifica a nossa capacidade sensorial e nos desprende o ego
pelas sedosas e revitalizantes planícies da sagrada ataraxia. Baseado num
atraente, paradisíaco e deslumbrante Heavy
Psych de ambiência estelar que nos ancora a um pleno estádio de desmedido
prazer, e atracado a um inventivo, elegante e hipnotizante Prog Rock – emprestado pelos 70’s – capaz de nos respirar e dilatar
as pupilas, este álbum de estreia da jovem banda sediada no norte de Espanha encerra
algo de verdadeiramente mágico que nos narcotiza a lucidez e convida a uma
fantástica odisseia pelas incomensuráveis artérias da espiritualidade. A
inalação psicotrópica comungada no tema introdutório de ‘Holy Mushroom’
representa o prelúdio de uma utópica, admirável e perdurável psicose que nos
afagará e anestesiará do primeiro ao último tema. O nosso rosto lapidifica, as
nossas pálpebras desmaiam, todos os nossos estímulos sensoriais fraquejam e a
nossa alma despe-se de um corpo totalmente inerte para ascender rumo ao tão
ambicionado transe. Sintam a desconexão da realidade ao adorável som de uma
guitarra verdadeiramente aliciante que se envaidece em estarrecedores, formosos
e lenitivos acordes e se espevita em alucinantes, sublimes e entusiásticos
solos de cortar a respiração, um teclado imensamente majestoso e apaixonante
que nos namora e embebeda com os seus bailados carismáticos, sonhadores e
extravagantes, um baixo incrivelmente contagiante e arrebatador que se conduz
numa dança deliciosamente inventiva, pulsante e ritmada, e uma soberba bateria
de orientação jazzística que vivifica e condimenta toda a sonoridade de ‘Holy
Mushroom’ com uma desarmante e magnetizante fusão de requinte, delicadeza
e emoção. Num plano suplementar ergue-se ainda dos escombros de toda esta
mágica nebulosidade uma voz gélida e vazia de sentimento que ecoa pelo extenso
universo de Holy Mushroom e nos
mantém minimamente espertos neste inolvidável sonho lúcido. Este álbum
conquistara-me de uma forma irrepreensível, imediata e irreversível. Deixem-se diluir neste vórtice de visões caleidoscópicas. Uma das
mais espantosas surpresas de 2016 e um dos mais consagrados discos da minha
vida está aqui, na lisérgica alma de ‘Holy Mushroom’.
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