sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Review: ⚡ R.I.P. - 'In the Wind' (2016) ⚡

Tudo em mim me força a antecipar: ‘In the Wind’ é mesmo o meu álbum favorito de 2016. Lançado pela primeira vez no já distante mês de Março nos formatos de digital e vinil pela mão do selo francês Totem Cat Records, esta preciosidade do lado eclipsado da música acaba de ver fortalecida a sua notoriedade com o relançamento levado a cabo pela já carismática RidingEasy Records (nos formatos físicos de vinil e CD). Baseado num despótico, frenético e contagiante Proto-Metal de feições demoníacas e comportamento anárquico, ‘In the Wind’ entusiasmara-me de uma forma irreversivelmente avassaladora. Este quarteto natural da cidade de Portland (Oregon, EUA) desprende uma toda sonoridade de natureza assombrosa, corpulenta, inflamante e tumultuosa que depressa nos assalta e ceifa a lucidez. A ritmicidade de ‘In the Wind’ é verdadeiramente entusiasmante e epidémica, deixando-nos entregues a um frenético estádio de adrenalina que nos sacode violenta e extravagantemente do primeiro ao derradeiro tema. Endoideçam ao supremo e intrigante som de uma guitarra pagã que se manifesta em riffs cáusticos, reverberantes, monolíticos e escarpados e em desvairados, intensos e alucinantes solos. Baloicem os vossos corpos domesticados pelos luciféricos domínios de R.I.P. na instintiva resposta a um baixo inquisidor de linhas robustas, massivas, carregadas e bafejantes que se conduz destacadamente pela atmosfera brumosa e tenebrosa de ‘In the Wind’. Soltem as cabeças numa redentora e delirante dança à boleia de uma emocionante e estimulante bateria que galopa e governa com excêntrica efusividade e explosividade todas as nefastas incursões da guitarra. Sintam-se hipnotizados e atemorizados pelos vocais translúcidos, melódicos, gélidos e messiânicos que sobrevoam o instrumental com elegância e altivez. Este é um disco pelo qual nutro um sentimento de total entrega e veneração. Um disco elevado ao estatuto de religiosidade ao qual recorro com bastante frequência, e que tem sempre em mim um efeito tremendamente euforizante e libertador. Entreguem-se detidamente à vibrante obscuridade de R.I.P. e sintam-se transcender numa gloriosa detonação de prazer e exaltação.

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