terça-feira, 17 de outubro de 2017

Review: ⚡ Vice Versa - 'Vice Versa' (2017) ⚡

Se no final de 2015 havia manifestado toda a minha enorme adoração pelo álbum ‘Oxygen Sessions’ (review aqui) da autoria dos russos Vice Versa, hoje – motivado pela criação do seu novo trabalho – sinto-me forçado não só a reforçar o elogio a esta formação do leste europeu como a exagerá-lo. Este fantástico power-trio enraizado na grande e populosa cidade de Moscovo acaba de lançar ‘Vice Versa’, um portentoso registo de longa duração onde se enfatiza, desenvolve e enleva um empolgante, prazeroso, nebuloso e desarmante Heavy Psych de tração setentista. A sua sonoridade bastante heterogénea passeia-se por entre envolventes, morfínicas, plácidas e contemplativas jams que nos circundam, amortalham e diluem a lucidez, e ardentes, intensos, inflamantes e galopantes momentos de redentora ferocidade que violentamente nos sacodem e euforizam. Neste seu novo álbum há ainda espaço para a inclusão de duas serenas, brumosas e inebriantes baladas que nos mergulham e eterizam num profundo e ataráxico oceano de inércia, e um outro tema inteiramente tecido e conduzido por uma enigmática, exótica e intrigante veia experimental. Dispam-se de qualquer timidez e agitem-se ao contagiante som de uma guitarra extravagante que se revigora em riffs majestosos, fibróticos, sombrios e hipnóticos, e se dilata e reduz em alucinógenos, estonteantes, delirantes e ciclónicos solos. Um baixo diligente, dinâmico e reverberante de magnetizante orientação rítmica que se carrega e acentua em linhas oscilantes, vigorosas e dançantes, uma bateria aparatosa locomovida a tecnicidade, leveza e sensibilidade que coroa toda a sua admirável performance com um exuberante, impactante e acrobático solo, e ainda uma voz lisérgica, gélida e enevoada que penetra toda esta densa e fumarenta narcose vaporizada e climatizada pelo instrumental para se destacar e ecoar na sublime atmosfera de ‘Vice Versa’. Chego ao final deste álbum completamente arrebatado, temulento e conquistado. É um verdadeiro sacrilégio que esta formação russa continue recolhida no lado eclipsado da notoriedade. Deixem-se absorver nos 66 minutos que conferem corpo temporal a ‘Vice Versa’ e vivenciem na máxima plenitude um dos mais marcantes e entusiásticos álbuns de 2017.

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