sábado, 24 de março de 2018

Review: ⚡ Cleõphüzz - 'Wizard of Phüzz' EP (2018) ⚡

Da pequena e pacata localidade de Ville-Marie (Québec, Canadá) chega-nos o irresistível EP de estreia da jovem banda Cleõphüzz. Com o seu lançamento oficial agendado para o próximo dia 30 de Março em formato digital via Bandcamp e ainda em formato físico de cassete (numa edição ultra-limitada a apenas 100 cópias existentes) através da parceria local KeepHope Productions / La Grotte Records, este ‘Wizard of Phüzz’ remete o ouvinte para uma envolvente, sagrada e deslumbrante travessia por um deserto ondulado e penteado por imponentes, sedosas e douradas dunas, massajado por uma vagueante, suave e revitalizante brisa soprada pelo Cosmos bocejante, e bronzeado e calejado por um vigilante, intenso e fulgurante Sol perpetuamente debruçado no firmamento. A sonoridade mântrica difundida por este fascinante power-trio canadiano passeia-se por um místico, arrebatador e edénico Psych Rock – de natureza contemplativa e cinematográfica – com indiscretas aproximações a um possante, saturado e fervilhante Desert Rock à boa moda dos 90’s. São cerca de 28 minutos – repartidos pelos quatro temas que o habitam – aureolados por uma sublimidade que nos desarma, namora e conquista com tremenda facilidade. Testemunhem toda esta epifania desértica majestosamente rezada por Cleõphüzz e deixem-se submergir e inebriar pelas mágicas e nirvânicas danças de duas guitarras espirituais que se ostentam em hipnóticos, religiosos, exóticos e formosos riffs e se esperneiam ao longo de solos intoxicantes, alucinógenos e estonteantes, uma bateria ardente movida a ritmicidade, vigor e emotividade, uma voz picante, áspera, enérgica e flamejante, e ainda a carismática presença de um penetrante, requintado e comovente violoncelo que sobrevoa harmoniosamente a atmosfera ritualística de um dos temas deste EP. E se a paradisíaca musicalidade de ‘Wizard of Phüzz’ tem o dom de rejubilar e canonizar a alma de quem nele ancorar a sua atenção, o extraordinário artwork de contornos faraónicos – superiormente ilustrado pela artista francesa Tessa Najjar – promete dilatar e cativar as pupilas de quem o comungar com o olhar. Soterrem os pés nas quentes e aveludadas areias do deserto, agigantem-se e cabeceiem as mais distantes e berrantes fornalhas estelares, e dissolvam-se na terapêutica mansidão deste EP. Estamos mesmo na agradável presença de um verdadeiro oásis sonoro que no final do ano estará certamente perfilado por entre os melhores registos nascidos em 2018.

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