sábado, 28 de abril de 2018

Review: ⚡ Dylan Carlson - ‘Conquistador’ (2018) ⚡

O já mitológico Dylan Carlson (membro fundador, guitarrista e actual líder da histórica banda Earth) acaba de apresentar o seu novo álbum designado de ‘Conquistador’. Oficialmente lançado pelo selo discográfico californiano Sargent House nos formatos físicos de CD e vinil, este renovado capítulo da sua admirável e evolutiva carreira a solo vem obscurecido e dominado por um intrigante Drone de feições sombrias, esmorecidas e melancólicas que nos envolve, enluta e imortaliza a alma num inamovível estádio de intensa misantropia. Hospedado na chuvosa e pardacenta cidade de Seattle (Washington, EUA), de guitarra empunhada, semblante caído, olhar semi-cerrado, e corpo prostrado à penumbra que o abraça e enegrece, Dylan Carlson dedilha pesarosos, imperiosos, fúnebres e ostentosos acordes numa atmosfera arruinada, turva e carregada onde a radiosa esperança não ousa entrar. E é neste clima tenebroso, opressivo e doloroso – contador de envolventes, tristes e angustiantes narrativas – que somos hipnotizados e remetidos para um solitário deserto pintado e eclipsado pelo cair da noite, onde os últimos raios solares se dissipam e esvanecem no crescente e absorvente negrume que reveste e toma de assalto os silenciosos céus. Sintam-se cambalear – tomados e embriagados de doce inércia – pelo solo calejado e arenoso do vazio, e encorar o vosso olhar sedado e empedernecido no horizonte desértico que se desdobra e renova pela infinidade adentro. ‘Conquistador’ é um álbum tristemente belo que nos respira e narcotiza. Um registo detentor de uma alma denegrida que nos ofusca e estabiliza num profundo estado de introspecção. Este é – sem qualquer dúvida – um dos meus discos favoritos de um ano já brindado pela quantidade e qualidade. Um dos trabalhos mais singulares de Dylan Carlson e decididamente o meu favorito da sua solitária digressão pelos grisalhos e lamacentos prados da música Drone. Deixem-se sombrear e anestesiar pela hermética misticidade de ‘Conquistador’ e testemunhem de forma detida toda a sua irrepreensível majestosidade fluir, esculpir e ecoar pelos longos e serpenteantes desfiladeiros que ramificam a vossa alma.

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