quarta-feira, 6 de junho de 2018

Review: ⚡ Mystic Sons - ‘Mystic Sons’ (2018) ⚡

Da pequena cidade de Martigny (Valais, Suíça) chega-nos o fabuloso álbum de estreia do power-trio Mystic Sons. Lançado no passado dia 1 de Junho nos formatos físicos de CD e vinil (ambos com edições limitadas a poucas cópias existentes) através da sua página oficial de Bandcamp, este disco de designação homónima ostenta um ardente, poderoso, perfumado e atraente Heavy Blues de ares retro – alavancado e lubrificado por um ritmado, musculoso, viçoso e torneado Stoner Rock fervido e fermentado pelo cáustico efeito Fuzz – que nos incendeia e atesta de adrenalina. A sua sonoridade intensamente provocante, dinâmica e contagiante traz-nos uma quente, sedutora e inebriante brisa veraneia que fascina, afaga e extasia o ouvinte do primeiro ao derradeiro tema. Sintam-se planar todo um deserto corado, ressequido e calejado pelo Sol vigilante, e modelado e acariciado por uma tonificante e celestial bafagem suspirada pelos astros. É esta a ambiência visual que a envolvente musicalidade de ‘Mystic Sons’ edifica e sustenta no nosso imaginário. Deixem-se bronzear pela tórrida resplandecência desta formação helvética ao som de uma guitarra vulcânica que se revigora em cativantes, viris, lascivos e vibrantes riffs e se desembaraça em solos alucinantes, ácidos, gritantes e vertiginosos, uma voz escaldante, áspera, enérgica e picante que eclode, se exaspera e inflama, um baixo oscilante e viajante – soberbamente domado e canalizado a linhas volumosas, fluídas, oleadas e umbrosas  - que fortifica e obscurece todas as extravagantes indagações da guitarra, uma bateria animada e acalorada – de ritmicidade ofuscante, hipnótica, erótica e entusiasmante – que compassa e apimenta toda esta adorável digressão de pés enterrados nas sedosas dunas do deserto, cabeça abraçada e embaciada pela poeira estelar, e olhar ancorado no firmamento que se desdobra pela infinidade adentro. De destacar ainda a colorida, forte e rebuscada expressividade do artwork – brilhantemente concebido pela ilustradora suíça Amélie Avril – que reveste na perfeição este extraordinário disco. ‘Mystic Sons’ é um álbum irresistivelmente estético e arrebatador que nos preenche e agita de uma euforia contida. Ingressem nesta edénica e estonteante travessia desértica à emocionante e impactante boleia sonora de um dos registos mais portentosos do ano.

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