sexta-feira, 27 de julho de 2018

Review: ⚡ Khan - 'Vale' (2018) ⚡

Da grande e populosa cidade de Melbourne (na Austrália) chega-nos a apaixonante e inebriante fragância sonora de Khan com a promoção de ‘Vale’, o primeiro trabalho de longa duração deste trio de ainda tenra idade. Lançado no território primaveril do presente ano tanto em formato digital como na forma física de CD através da sua página oficial de Bandcamp, este álbum de estreia é aureolado e climatizado por um delicioso, meditativo, lenitivo e prazeroso Psych Rock de bafagem veraneia e natureza Kraut’eana – dirigido com base num deslumbrante, inventivo, ataráxico e envolvente Prog Rock – que se desenvolve, revolve e incendeia num fervilhante, intenso, sedutor e provocante Desert Rock afogueado pelo intoxicante efeito fuzz. A sua sonoridade tremendamente narrativa e visual – tricotada a esplêndidas composições – conduz a nossa espiritualidade pela ofuscante vertigem de uma paisagem estival emoldurada pela imensa profusão de luzência, aroma e coloração. Há algo de verdadeiramente encantador na atmosfera de ‘Vale’ que nos afaga, enfeitiça e petrifica num perfeito estádio de bem-estar. São cerca de 62 minutos – distribuídos por oito temas – ensolarados, bafejados e irrigados por um sublime misticismo capaz de nos enlevar e carregar aos tão almejados domínios do transe espiritual. Deixem-se absorver e consagrar na desarmante e narcotizante beatitude de Khan à comovente boleia de uma guitarra etérea que se passeia em acordes maviosos, lisérgicos, estéticos e caprichosos, e se encrespa na criação e orientação de solos penetrantes, caóticos, alucinógenos e ecoantes, um baixo hipnótico de linhas dançantes, morfínicas, fluídas e murmurantes, uma bateria relaxante, delicada e tocante, e uma voz espectral, doce, leve e angelical que tempera na perfeição toda esta maravilhosa hipnose. Deixem-se canalizar pela paradisíaca intimidade de ‘Vale’ que vos adornará a alma e adormecerá os sentidos. Este é um álbum praticamente pensado e executado à minha imagem que me embalara e arrebatara do primeiro ao último minuto. Um registo de contornos quiméricos – delineado e colorido a simetria, requinte e magia – que me faz coroá-lo com o estatuto de um dos mais distintos discos hasteados em 2018. Um autêntico talismã de origem australiana que garante emocionar todos os corações que nele se refugiarem.

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