Do território australiano –
mais concretamente da cidade de Sidney
– chega-nos o novo e terceiro álbum de Aver.
Denominado ‘Orbis Majora’ e muito recentemente lançado pela prolífica
editora discográfica de origem californiana Ripple Music nos formatos físicos de CD e vinil, este novo trabalho
do já emblemático quarteto australiano representa uma indiscreta mudança de
direcção na música que o norteia desde a sua formação. Reconhecidos pelo seu psicadelismo
de propensão astral – tingido e fortalecido por um musculado, quente e torneado
Grunge Rock fielmente repescado dos 90’s – os Aver resolvem então reformular a sua
receita sonora acrescentando uma envolvente, inventiva e lenitiva veia Prog’ressiva e experimental à boa moda Tool’esca que muito enriquece e envaidece a extravagante e extraplanetária atmosfera de ‘Orbis Majora’. Todos estes sub-géneros da música Rock dialogam entre si, criando um
clima de perfeito fascínio que nos seduz e conduz do primeiro ao derradeiro
tema. São 49 minutos de uma evolutiva, fabulosa e imaginativa digressão pelas
profundezas do solo cósmico, onde ofuscantes fornalhas estelares farolizam a
nossa atenção e intrigantes forças gravitacionais combatem entre si pela
canalização da nossa consciência. De espiritualidade dissipada pela infinidade
espacial, a sonoridade hipnótica, viajante e terapêutica de ‘Orbis
Majora’ provoca em nós toda uma forte sensação de deslumbramento que
nos dilata e envidraça as pupilas, balanceia a cabeça nublada de ombro a ombro
e massaja o cerebelo. Inalem todo o êxtase que oxigena esta nova obra de Aver e propulsionem a vossa alma na
vertiginosa direcção dos astros à instigante boleia de duas guitarras
alucinógenas que se consolidam em poderosos, obscuros e montanhosos riffs e se desvairam na sónica
libertação de venenosos, delirantes e viscosos solos, um baixo possante de
pesada bafagem afunilada em serpenteantes, coesas e reverberantes linhas, uma
bateria criativa de ritmicidade locomovida a vivacidade, dinamismo e tenacidade,
e ainda uma voz delicada, harmoniosa e perfumada – de tonalidade similar à de Maynard James Keenan – que se passeia e
galanteia pelos meandros desta bizarra ambiência. De destacar ainda os arrepiantes,
sublimes e magnetizantes bailados soberbamente conjugados entre um violino e um
violoncelo que com a sua fina e desarmante voluptuosidade nos eterizam e encaminham
para uma verdadeira catarse. ‘Orbis Majora’ é um álbum que
interliga uma contemplativa placidez capaz de nos anestesiar a uma ardente
efervescência qualificada para nos amotinar. E é esta passagem entre dois
mundos sensoriais tão contrastados e paralelos que faz deste novo disco de Aver um registo de carácter imensamente
surpreendente e tocante. Deixem-se diluir nesta complexa amálgama sonora e
vivenciem com total entrega e reverência todo um amplo espectro das mais
variadas sensações.
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