segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Review: ⚡ Aver - ‘Orbis Majora’ (2019) ⚡

Do território australiano – mais concretamente da cidade de Sidney – chega-nos o novo e terceiro álbum de Aver. Denominado ‘Orbis Majora’ e muito recentemente lançado pela prolífica editora discográfica de origem californiana Ripple Music nos formatos físicos de CD e vinil, este novo trabalho do já emblemático quarteto australiano representa uma indiscreta mudança de direcção na música que o norteia desde a sua formação. Reconhecidos pelo seu psicadelismo de propensão astral – tingido e fortalecido por um musculado, quente e torneado Grunge Rock fielmente repescado dos 90’s – os Aver resolvem então reformular a sua receita sonora acrescentando uma envolvente, inventiva e lenitiva veia Prog’ressiva e experimental à boa moda Tool’esca que muito enriquece e envaidece a extravagante e extraplanetária atmosfera de ‘Orbis Majora’. Todos estes sub-géneros da música Rock dialogam entre si, criando um clima de perfeito fascínio que nos seduz e conduz do primeiro ao derradeiro tema. São 49 minutos de uma evolutiva, fabulosa e imaginativa digressão pelas profundezas do solo cósmico, onde ofuscantes fornalhas estelares farolizam a nossa atenção e intrigantes forças gravitacionais combatem entre si pela canalização da nossa consciência. De espiritualidade dissipada pela infinidade espacial, a sonoridade hipnótica, viajante e terapêutica de ‘Orbis Majora’ provoca em nós toda uma forte sensação de deslumbramento que nos dilata e envidraça as pupilas, balanceia a cabeça nublada de ombro a ombro e massaja o cerebelo. Inalem todo o êxtase que oxigena esta nova obra de Aver e propulsionem a vossa alma na vertiginosa direcção dos astros à instigante boleia de duas guitarras alucinógenas que se consolidam em poderosos, obscuros e montanhosos riffs e se desvairam na sónica libertação de venenosos, delirantes e viscosos solos, um baixo possante de pesada bafagem afunilada em serpenteantes, coesas e reverberantes linhas, uma bateria criativa de ritmicidade locomovida a vivacidade, dinamismo e tenacidade, e ainda uma voz delicada, harmoniosa e perfumada – de tonalidade similar à de Maynard James Keenan – que se passeia e galanteia pelos meandros desta bizarra ambiência. De destacar ainda os arrepiantes, sublimes e magnetizantes bailados soberbamente conjugados entre um violino e um violoncelo que com a sua fina e desarmante voluptuosidade nos eterizam e encaminham para uma verdadeira catarse. ‘Orbis Majora’ é um álbum que interliga uma contemplativa placidez capaz de nos anestesiar a uma ardente efervescência qualificada para nos amotinar. E é esta passagem entre dois mundos sensoriais tão contrastados e paralelos que faz deste novo disco de Aver um registo de carácter imensamente surpreendente e tocante. Deixem-se diluir nesta complexa amálgama sonora e vivenciem com total entrega e reverência todo um amplo espectro das mais variadas sensações.

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