Apesar das variadas metamorfoses
que a formação de Solar Corona
sofrera ao longo dos últimos anos, o seu prestígio enquanto uma das bandas mais
talentosas da margem underground da
música Rock portuguesa tem permanecido
imutável. Formados na cidade minhota de Barcelos
(distrito de Braga) em 2013 como power-trio, e seguidamente reformulados
em 2016 para quarteto (de onde dos membros fundadores só o guitarrista Rodrigo Carvalho subsiste) estes
músicos já maturados conferem hoje uma estabilidade e solidez nunca antes
vivenciadas em Solar Corona. E prova
disso é ‘Lightning One’, o seu primeiro trabalho de longa duração,
lançado hoje mesmo pelo selo discográfico Lovers
& Lollypops em formato físico de vinil e futuramente também em formato de cassete pela mão da Ya Ya Yeah, devolvendo – assim – a banda
à ribalta. Não esquecendo o passado de Solar
Corona, a sonoridade do quarteto é hoje muito influenciada pelos novos
membros que dela fazem parte, conferindo um cunho ecléctico e pessoal que muito enriquece a
experiência auditiva. Esta épica jornada inicia-se com base num místico,
contemplativo, envolvente e lenitivo Psych
Rock de propensão astral e espiritual que – lado a lado com um terapêutico,
pastoril, celestial e hipnótico Krautrock
– embala num crescendo que desagua nos domínios de um galopante, frenético e
entusiasmante Heavy Psych locomovido
e esporeado a alta rotação. De olhar semi-cerrado, corpo serpenteante e cabeça
rodopiante somos viajados ao volante de uma guitarra criativa que se envolve e
revolve por entre extasiantes, distorcidos, ácidos e delirantes solos, um massivo
baixo de reverberação pulsante que se carrega e balanceia pelas linhas pujantes,
coesas, sinuosas e magnetizantes, uma habilidosa bateria lavrada a duas
velocidades, que alterna entre a relaxante lisergia e a rutilante euforia, e ainda
um exótico saxofone de luxuriantes, berrantes e despistados bailados que – em
parceria com um intrigante sintetizador de mágica e profética exalação – maquilham
este ‘Lightning
One’ com um gracioso Prog Rock
de tração revivalista e essência quase orquestral. De elogiar ainda o artwork de textura caleidoscópica e ondulação alucinógena criado pelo artista lusitano Serafim Mendes, que com precisão vertera para o universo visual tudo o que a
sonoridade de Solar Corona edifica no
íntimo do ouvinte. ‘Lightning One’ é um álbum verdadeiramente epopeico que encerra
uma fascinante complexidade musical capaz de libertar em nós todo um colorido carnaval
de natureza sensorial. Chego aos primeiros momentos de silêncio – posteriores ao
derradeiro tema que o povoa – de lucidez embriagada e a alma integralmente
atordoada pela profunda hipnose que canaliza toda esta quimérica odisseia. Um
disco de beleza sublimada e consumada que seguramente conquistará todo aquele que
nele se deixar enfeitiçar.
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