quinta-feira, 25 de julho de 2019

Review: ⚡ Comacozer - 'Mydriasis' (2019) ⚡

Os aventurosos astronautas australianos Comacozer preparam-se para nos presentear com o lançamento do seu quarto álbum apelidado de ‘Mydriasis’, promovido sob a forma física de vinil (numa edição ultra-limitada à prensagem de apenas 100 cópias existentes) pela mão da editora discográfica holandesa HeadSpin Records (com a qual a banda natural de Sydney reforça a sua ligação de plena exclusividade editorial). Apesar da sua apresentação oficial ao público em geral estar agendada apenas para o próximo dia 28 de Julho, a banda australiana proporcionara-me a oportunidade de o experienciar na íntegra e em primeira mão. Sendo eu um grande admirador de Comacozer já desde o seu álbum de estreia, apressei-me a saciar esta crescente ansiedade motivada pelo anúncio do quarto e renovado capítulo da sua fantástica odisseia espacial. Ao primeiro vislumbre sonoro de ‘Mydriasis’ escorreguei num acrobático, profundo e hipnótico vórtice que me desterrara da gravidade terrestre para me arremessar pelas mais íntimas, secretas e obscuras zonas de um Cosmos gélido, decrépito e desabitado. Atestado de um deslumbrante, vultoso, sónico e atordoante Heavy Psych temperado e embriagado por um envolvente, místico, morfínico e extasiante Space Rock de idioma alienígena que em harmoniosa coligação se reproduzem em criativas, eloquentes, longas e evolutivas jams de natureza puramente instrumental, este ‘Mydriasis’ pendula entre uma meditativa, intrigante e lenitiva narcose que nos sepulta num inamovível estádio de perfeita inércia, e uma destravada, saturada e fervilhante euforia que em nós se agiganta e amotina sem qualquer moderação. Numa propulsão consciencial somos cortejados e sugados pela dominante gravidade de Comacozer – penetrando pelas frondosas, narcotizantes e poeirentas nebulosas que coloram e alumiam o vasto negrume sideral, e serpenteando e driblando as órbitas de astros moribundos suspensos em solo estelar – deixando para trás um corpo vazio e desmaiado. Percam-se, perfumem-se e eterizem-se pelo sagrado e imersivo misticismo de ‘Mydriasis’ à boleia de uma guitarra endeusada – inebriada e consagrada por um caprichoso, edénico e virtuoso experimentalismo – que se enfatiza em delirados, intoxicantes e inspirados solos de maviosidade a perder de vista, um baixo corpulento de reverberação massiva, fluída, pulsante e altiva, uma cativante bateria de ritmicidade magnetizante, explosiva, fogosa e excitante, e um mágico e alucinante sintetizador capaz de exorcizar toda a infindável alma do Cosmos. De destacar e elogiar ainda o extraordinário artwork – de méritos apontados à artista australiana Sally Patti Gordon – que espelha na perfeição toda psicotrópica demência que governa o génio de ‘Mydriasis’.  Chego ao final dos 46 minutos, que balizam e interligam os três temas existentes, de alma completamente inanimada e pasmada com este orgiástico registo de Comacozer. Deixem-se embevecer na suas arrebatadoras jams executadas e orientadas a uma inesgotável e adorável inovação.

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