sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Review: ⚡ Bag of Nails - 'The Wolf Inside Me' (2019) ⚡

Da ancestral cidade-capital de Atenas (na Grécia) chega-nos o elegante e impactante álbum de estreia do tridente Bag of Nails. Denominado de ‘The Wolf Inside Me’ e oficialmente lançado no passado dia 11 de Dezembro pela mão do já carismático selo discográfico germânico Nasoni Records em formato físico de vinil, este primeiro registo da formação helénica ostenta a charmosa fragância de um atraente, requintado e eloquente Blues-Rock de ecos conjugados no pretérito e que homenageia e enobrece os consagrados ícones do género. Contando ainda com algumas aproximações a um clássico, adorável e carismático Delta-Blues de inspiração e sedução revivalista, e a um ardente, agitado e irreverente Garage-Blues que nos faz pautá-lo estalando os dedos e batendo com os pés, a sua sonoridade balanceia-se livre e graciosamente por entre uma postura aristocrática e disciplinada e outra completamente contrastada de manifestação rebelde e endiabrada. Toda uma alternância de atmosferas que nos viaja de um anacrónico saloon situado no ensolarado e poeirento velho oeste onde pistoleiros despreocupados lubrificam as suas gargantas secas com whiskey, até um glamoroso e exuberante cabaret das ruas de Chicago onde desfilam vistosas e libidinosas pernas desnudas e os aristocratas revestidos a fraque procuram satisfazer os seus mais ousados desejos de requinte. ‘The Wolf Inside Me’ é um álbum tecido e conduzido a transbordante fineza, destreza e simetria que me enfeitiçara e cativara do primeiro ao derradeiro tema. São 47 minutos integralmente empoderados de uma intensa sedução – de onde facilmente se apaladam inspirações trazidas de Eric Clapton, Rory Gallagher, Howlin' Wolf, ZZ Top e até de Jimi Hendrix – e que prazenteia o ouvinte com um espirituoso, vasto e apetitoso sortido sonoro. Na composição desta envelhecida e alcoolizada bebida de ingestão auditiva está uma guitarra de alma vendida aos velhos fantasmas do Blues, tonalidade quente e distorção ferrugenta que se hasteia e envaidece em acordes provocantes, fogosos, ostentosos e dançantes, e se endoidece em uivantes e alucinantes solos Hendrix’eanos que descarrilam e ziguezagueiam sem travões à vista, um murmurante baixo de linha empoladas, roliças, ondeantes e fibradas que persegue, robustece e sombreia todas as incursões da guitarra, uma instigante, irrequieta e galopante bateria de rédeas firmemente empunhadas e esporas aguçadas que tiquetaqueia com fogosa ritmicidade toda esta debandada instrumental, e ainda uma liderante e fabulosa voz de tez harmoniosa, formosa, radiofónica e urticante – por vezes escoltada e abraçada por um melodioso e talentoso coro vocal estilo Soul – que se situa numa encruzilhada entre Eric Clapton, Howlin’ Wolf e Johnny Cash. De alma expurgada e semblante pasmado, alcanço o final de ‘The Wolf Inside Me’. Um álbum de natureza peculiar que me deslumbrara e conquistara pela sua autenticidade. Deixem-se envolver, contagiar e embriagar pela inacreditável estreia de Bag of Nails, e vivenciem sem qualquer inibição ou moderação um dos registos mais criativos do ano.

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