Da ancestral cidade-capital de Atenas
(na Grécia) chega-nos o elegante e impactante álbum de estreia do
tridente Bag of Nails. Denominado de ‘The Wolf Inside Me’
e oficialmente lançado no passado dia 11 de Dezembro pela mão do já carismático
selo discográfico germânico Nasoni Records em formato físico de vinil,
este primeiro registo da formação helénica ostenta a charmosa fragância de um atraente,
requintado e eloquente Blues-Rock de ecos conjugados no pretérito e que
homenageia e enobrece os consagrados ícones do género. Contando ainda com
algumas aproximações a um clássico, adorável e carismático Delta-Blues de
inspiração e sedução revivalista, e a um ardente, agitado e irreverente Garage-Blues
que nos faz pautá-lo estalando os dedos e batendo com os pés, a sua sonoridade
balanceia-se livre e graciosamente por entre uma postura aristocrática e
disciplinada e outra completamente contrastada de manifestação rebelde e endiabrada.
Toda uma alternância de atmosferas que nos viaja de um anacrónico saloon
situado no ensolarado e poeirento velho oeste onde pistoleiros despreocupados lubrificam
as suas gargantas secas com whiskey, até um glamoroso e exuberante cabaret
das ruas de Chicago onde desfilam vistosas e libidinosas pernas desnudas e os aristocratas
revestidos a fraque procuram satisfazer os seus mais ousados desejos de
requinte. ‘The Wolf Inside Me’ é um álbum tecido e conduzido a transbordante
fineza, destreza e simetria que me enfeitiçara e cativara do primeiro ao
derradeiro tema. São 47 minutos integralmente empoderados de uma intensa
sedução – de onde facilmente se apaladam inspirações trazidas de Eric
Clapton, Rory Gallagher, Howlin' Wolf, ZZ Top e até de
Jimi Hendrix – e que prazenteia o ouvinte com um espirituoso, vasto e apetitoso
sortido sonoro. Na composição desta envelhecida e alcoolizada bebida de ingestão
auditiva está uma guitarra de alma vendida aos velhos fantasmas do Blues,
tonalidade quente e distorção ferrugenta que se hasteia e envaidece em acordes provocantes,
fogosos, ostentosos e dançantes, e se endoidece em uivantes e alucinantes solos
Hendrix’eanos que descarrilam e ziguezagueiam sem travões
à vista, um murmurante baixo de linha empoladas, roliças, ondeantes e fibradas
que persegue, robustece e sombreia todas as incursões da guitarra, uma instigante,
irrequieta e galopante bateria de rédeas firmemente empunhadas e esporas
aguçadas que tiquetaqueia com fogosa ritmicidade toda esta debandada
instrumental, e ainda uma liderante e fabulosa voz de tez harmoniosa, formosa, radiofónica
e urticante – por vezes escoltada e abraçada por um melodioso e talentoso coro
vocal estilo Soul – que se situa numa encruzilhada entre Eric
Clapton, Howlin’ Wolf e Johnny Cash. De alma expurgada e semblante
pasmado, alcanço o final de ‘The Wolf Inside Me’. Um álbum de
natureza peculiar que me deslumbrara e conquistara pela sua autenticidade.
Deixem-se envolver, contagiar e embriagar pela inacreditável estreia de Bag of
Nails, e vivenciem sem qualquer inibição ou moderação um dos registos mais
criativos do ano.
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