Depois de no passado ano ter
desconstruído e reverenciado o fabuloso EP ‘Mud Room #13’ dos
californianos Aunt Cynthia’s Cabin (review aqui) –
considerando-o e premiando-o mesmo como um dos melhores EP’s florescidos
em 2019 (listagem completa aqui) – foi atestado e acalorado de um transbordante
entusiasmo que recebera em primeira mão o muito aguardado primeiro trabalho de
longa duração deste adorável power-trio residente na cidade costeira de San
Diego. Intitulado de ‘Misty Woman’, gravado em Austin
(Texas), e tendo o seu lançamento oficial agendado para o próximo dia 7
do presente mês pela mão do carismático selo discográfico germânico Nasoni
Records sob a forma física de vinil (reduzido a uma prensagem
ultra-limitada de apenas 300 cópias disponíveis), este purificante álbum de
estreia de Aunt Cynthia’s Cabin traz-nos a salgada, espirituosa e
aromatizada fragância oceânica da costa californiana beijada pelo Pacífico. Apimentada
e bronzeada por um refrescante, ácido, alcoolizado e dançante Neo-Psych de
vocação sessentista, um inflamante, ruborizado, ritmado e contagiante Garage
Rock de produção lo-fi, e ainda um lisérgico, meditativo, mélico e
imersivo Surf Rock de aragem Western, a alucinógena sonoridade de
‘Misty Woman’ passeia e esperneia o ouvinte da inefável frescura bafejada pelas tisnadas, diamantinas
e ensolaradas praias californianas ao edénico e consagrado misticismo de um empoeirado
deserto vigiado e afagado de perto pelo intenso Sol de luminância vespertina. De olhar
semi-cerrado, pálpebras pesadas, sorriso talhado no rosto, cabeça baloiçante e
alma sedada e mergulhada num profundo estado de êxtase, somos embaciados, deslumbrados
e narcotizados pela feérica e caleidoscópica sublimidade de Aunt Cynthias
Cabin. Um verdadeiro e irretocável oásis sensorial – emolduradao e
climatizado pela radiância e fragância veraneia – onde nos banhamos, estarrecemos e apaziguamos do primeiro ao
derradeiro tema. São 38 minutos saturados de uma ofuscante e angelical ataraxia chamejada
por uma deslumbrante guitarra de acordes provocantes e solos delirantes, um
baixo murmurante de linhas ondulantes, uma relaxada bateria de cadência magnetizante,
e ainda uns vocais joviais que com a sua aura sonhadora eterizam e nebulizam toda
esta nirvânica beatitude. Este é um álbum tocado pela maviosidade que me
deixara de espírito enlevado, membros desmaiados e ouvidos salivantes. Deixem-se
perfumar, maravilhar e embriagar pela afrodisíaca harmonia transpirada por
todos os poros de ‘Misty Woman’ e namorem de forma detida, fascinada e
apaixonada este irresistível álbum de beleza estonteante. Seguramente um dos grandes discos do ano.
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